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"Fundamentalismo religioso: o que temos a aprender do islamismo"

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Mensagem por Vitor mango Sáb Jun 04, 2011 11:22 pm


"Fundamentalismo religioso: o que temos a aprender do islamismo"
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Publicado em 04/06/2011 pelo(a) Wiki Repórter Didymo Borges, Recife - PE
A beligerância atualmente em andamento no Oriente Médio, com o levante de povos árabes contra ditaduras, tem no fundamentalismo islâmico um caldo de cultura em que viceja o inconformismo contra a repressão ditatorial. O perigo é o que pode resultar deste inconformismo com regimes ditatoriais, vez que não se pode excluir a possibilidade de aparecimento de regimes teocráticos fundamentalistas como o iraniano. - Foto: Dremstime Photos
A realidade árabe tem muito a nos ensinar no Brasil. Lá, como aqui, temos a tendência de confundir secularização ou laicidade com ateísmo e falta de religião. Em termos culturais, dir-se-ia que os conceitos de secularização e laicidade são rejeitadas como a negação da religiosidade e do clericalismo.

Ainda para piorar o equívoco há manifesta tendência de conceber a secularização com regimes despóticos como os que vigoravam no Egito e na Tunísia até recentemente e que exerceram ação repressora contra movimentos islâmicos intolerantes. Aqui, grupos católicos mais radicais se mostram intolerantes com a ascensão das comunidades evangélicas que conquistaram público principalmente em meio das camadas sociais mais carentes às quais a Igreja Católica historicamente não conseguiu capitalizar na sua ação de evangelização .

O principal ensinamento que deriva da irresignação dos povos árabes aos regimes despóticos que há décadas têm submetido nações do Oriente Médio à repressão política irrefreada, é que a religião não foi motivo de desestímulo de manifestações públicas de protesto que vêm sendo reprimidas severamente. A religiosidade islâmica, inclusive o fundamentalismo islâmico, pelo contrário, parece ser o caldo de cultura em que viceja o ardor anti-despotismo.

A realidade do mundo árabe, atualmente, deve nos deixar alertas quanto ao perigo do fundamentalismo religioso, independentemente da religião que propicia a exacerbação de ortodoxia. O perigo do fundamentalismo está presente quando não se respeita a laicidade do Estado, ou seja, quando a secularização das atividades estatais é desrespeitada. É o caso, por exemplo, da outorga, pelo governo, de concessões de freqüência de rádio e televisão para fins religiosos. Numa república laica, a pregação religiosa deve ficar restrita aos templos e à intimidade das famílias. No mundo islâmico a religião se constitui na regra , no meio , no modo e no fim da vida das pessoas que não podem se manifestar sob pena de serem severamente punidas por blasfêmia punível, inclusive, com a perda da vida. Pode ocorrer tamanha desgraça se não for refreada a cultura corrupto-teo-idissincrática que pode açambarcar e submeter toda uma nação, todo um povo.

A realidade atual do mundo árabe não pode passar despercebida dos brasileiros.

Didymo Borges

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Folha de S.Paulo – 03/06/2011

SECULARIMSO NO RESGATE DA PRIMAVERA ÁRABE

FADI HAKURA
Os governos locais não devem privilegiar uma religião em relação a outras, nem derivar seus planos de ação política de fonte religiosa em particular

A primavera chegou cedo este ano no mundo árabe. A mudança climática despertou o Oriente Médio, antes comatoso, do torpor de lideranças singulares. Uma nova aurora de democracia e liberdade está surgindo, do Marrocos a Omã. Ou, pelo menos, é isso que nos é dito.
Fazer previsões meteorológicas é um negócio arriscado. Projeções futuras podem ser tremendamente imprecisas. A despeito dos modelos sofisticados e das imagens obtidas por satélites, o deciframento de padrões meteorológicos é uma ciência inexata. Adivinhar o futuro no Oriente Médio é uma miragem não menos ilusória no calor sufocante do deserto arábico.

O pluralismo democrático nunca é uma conclusão dada de antemão.

Contestações da velha ordem não podem garantir resultados lineares. Embora Mubarak tenha virado passado no Egito, o mesmo certamente não se deu com o aparato de Estado que ele construiu. O tribalismo iemenita e líbio não vai desaparecer com uma mudança de regime.

O sectarismo sunita-xiita continuará a ser uma característica que define o Bahrein, o Iraque e o Líbano. Minorias religiosas continuarão a se ressentir da governança de partidos islâmicos, moderados ou não.

O facciosismo vai continuar a dividir a unidade palestina.
A história nos ensina que eleições livres e justas não vão, por si sós, curar as divisões acirradas presentes nas sociedades árabes. Na realidade, é provável que as exacerbem. Destituídos de sentimentos de solidariedade nacional, os interesses sectários estreitos poderão ditar padrões de voto. Está faltando uma peça crucial do quebra-cabeça.

Sem ela, os países árabes possuirão a estrutura externa da democracia, mas não instituições representativas genuínas. Essa peça crucial que falta é o secularismo, um princípio que cinge as democracias mais vibrantes -a crença na ideia de que o Estado deve existir separadamente da religião ou das crenças religiosas.
Os governos não devem privilegiar uma religião em relação a outras, nem derivar seus planos de ação política de nenhuma fonte religiosa em particular. Devem ser equidistantes de todas as religiões -ou seja, concretamente, devem ignorar as persuasões religiosas das pessoas.

Os árabes confundem secularismo com ateísmo e o interpretam como ausência de religião, em vez de liberdade religiosa. Mais danosa ainda é a vinculação do secularismo com regimes passados no Egito e na Tunísia, conhecidos por terem refreado movimentos islâmicos.

No momento em que estuda uma nova Constituição, o Egito está debatendo o papel da religião na sociedade. O artigo 2º da Constituição atual, de 1980, define o islã como a religião nacional e "fonte principal" das leis. Enquanto os cristãos coptas pedem que seja revogado, a opinião muçulmana, maioria avassaladora, é favorável a sua manutenção. Os coptas veem esse artigo como excludente e divisório.

O Centro Pew de Pesquisas oferece evidências fartas dos benefícios da separação entre religião e Estado. Em pesquisa de 2009, mostrou que as democracias seculares liberais exibem as menores restrições governamentais e hostilidade pública contra religiões minoritárias.

Quer o secularismo seja flexível, quer não, alimentá-lo no mundo árabe é um desafio difícil. A democracia secular requer transformação de culturas e mentalidades.

Não será fácil, nem mesmo nos melhores dos tempos. Mas é o único ideal que pode impedir a chegada de um inverno árabe inclemente.

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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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Vitor mango
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