A valsa dos mentirosos
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A valsa dos mentirosos
A valsa dos mentirosos
Nos últimos anos, tudo que o PSD fez, enquanto oposição, foi mentir. E mentir. E depois mentir ainda mais. Mentiram tanto, e tão descaradamente, que isso se tornou um modo de vida, uma maneira de estar. Qualquer assunto, qualquer acontecimento, qualquer desenvolvimento é já processado, automaticamente, segundo a melhor maneira de mentir sobre ele. E aconteceu uma coisa curiosa, entretanto: de tanto o fazer, tantas vezes e tão naturalmente, sem serem confrontados, começaram a acreditar nas próprias mentiras. A fronteira com a realidade começou a esbater-se, tal como acontece com os comunistas, e criaram a sua própria. Isto é o que eles são neste momento: uma máquina bem oleada de spin. Ou seja, de mentira.
É por isso que me espanta a ingenuidade de quem pergunta, perante o inevitável confronto com a realidade que a governação acarreta, se entretanto “já viram a luz”, se já “perceberam a crise internacional”, se “já dão razão a Sócrates”. Espanta-me que se pense que quem vive a mentira de uma maneira tão natural e profunda possa subitamente mudar quando é governo, como se achassem que antes estavam apenas equivocados ou, no máximo. de má-fé. Não estavam, eles sabiam perfeitamente qual era a situação, as suas causas, e as soluções possíveis para sair dela. Há reputados economistas, gestores e académicos no PSD, que estavam fartos de saber o que se passava. Há lá gente inteligente. E todos eles, após cuidada análise das causas, consequências, e evolução da crise, mentiram. Processaram essa realidade para a realidade alternativa, aquela que sai cá para fora através dos média que controlam totalmente, e dos outros que se deixam controlar. Não houve melhor exemplo do que a de Miguel Frasquilho, que escrevia uma coisa nos seus relatórios profissionais, sérios e ponderados, enquanto dizia o oposto em público com a cara mais natural do mundo. E quando confrontado, deixava a entender que, no fundo, só o escrevia porque a tal era obrigado. “Enganar o bifes”, estão a ver? É só isso, o Sócrates está a mandar isto para o abismo com as suas políticas erradas, isso é que têm de acreditar, não é no meu “relatório”.
E é este tipo de comportamento que vai continuar a acontecer agora que, no governo, têm a responsabilidade. No primeiro grande teste do embate com a realidade, o downgrade da Moody’s, vimos um exemplo do futuro. Pegar na realidade – o país, com a trajectória que segue, está condenado como a Grécia - e transformá-la noutra coisa, um “ataque” de uma força malévola com más intenções, uma “conspiração americana” contra o Euro. Vimos quase todos os comentadores, em tom histérico, a defender esta teoria ridícula como antes celebravam e se se atiravam a Sócrates quando o rating descia. Mentir, novamente, com tal ferocidade e de maneira tão avassaladora que todo o país foi atrás. Estava criado o bode expiatório, a mentira que ocultava a situação para onde nos empurraram. O mesmo se vê agora, com o “desvio colossal” e os novos impostos. Porque eles sabem, perfeitamente, que a meta do défice é quase impossível de cumprir, que as medidas no acordo com a Troika são muito difíceis de implementar (Fusão de autarquias? Com este governo? Está certo…), que não terão força suficiente, nem competência, nem a vontade férrea para os cortes necessários, e que mesmo que tivessem o efeito recessivo é de tal maneira que as receitas são afectadas. A pescadinha de rabo na boca que ditou o falhanço das medidas na Grécia, que condenou a Irlanda, e que vai ter o mesmo efeito por cá, porque o que interessa não é cortar, é crescer. O défice, no final do ano, vai estar acima do acordado, e todos sabem isso. Todos eles. Por isso, tem de se arranjar desde já mais um bode expiatório: um “desvio” nas contas do governo anterior que escapou a toda a gente: governo, FMI, União Europeia, todos os que certificaram as contas antes do empréstimo. É importante dar a entender, para os cidadãos, que há “algo” que não se pode falar nem medir, que se sussurra à porta fechada e que é “veementemente” negado em público, mas está lá. Para no final do ano, a “folga” resultante do novo imposto servir para encobrir a incompetência (e para ser justo a impossibilidade) em reduzir os gastos. Mais uma vez, mentir, desta vez por antecipação. É apenas a isto – mais uma mentira – que se resume o folhetim do “desvio colossal”. É tão óbvio que dói. Chegará a altura em que a anterior governação deixará de ser desculpa? Podem esperar sentados, e ter a certeza que outro bode expiatório virá. Enriquecimento ilícito, alguém? Substima-se esta gente sob própria conta e risco.
Por isso, enquanto não se convencerem do tipo de pessoas com que estão a lidar e ajustarem a estratégia de acordo com essa realidade, a imagem que o PS e o seu provável novo líder querem passar para o eleitorado vai ser, curiosamente, a mesma o PSD lhes quer colar: o partido responsável. Nessa dança de salão, eu sei quem irá conduzir, e quem se deixará guiar.
Vega9000
Nos últimos anos, tudo que o PSD fez, enquanto oposição, foi mentir. E mentir. E depois mentir ainda mais. Mentiram tanto, e tão descaradamente, que isso se tornou um modo de vida, uma maneira de estar. Qualquer assunto, qualquer acontecimento, qualquer desenvolvimento é já processado, automaticamente, segundo a melhor maneira de mentir sobre ele. E aconteceu uma coisa curiosa, entretanto: de tanto o fazer, tantas vezes e tão naturalmente, sem serem confrontados, começaram a acreditar nas próprias mentiras. A fronteira com a realidade começou a esbater-se, tal como acontece com os comunistas, e criaram a sua própria. Isto é o que eles são neste momento: uma máquina bem oleada de spin. Ou seja, de mentira.
É por isso que me espanta a ingenuidade de quem pergunta, perante o inevitável confronto com a realidade que a governação acarreta, se entretanto “já viram a luz”, se já “perceberam a crise internacional”, se “já dão razão a Sócrates”. Espanta-me que se pense que quem vive a mentira de uma maneira tão natural e profunda possa subitamente mudar quando é governo, como se achassem que antes estavam apenas equivocados ou, no máximo. de má-fé. Não estavam, eles sabiam perfeitamente qual era a situação, as suas causas, e as soluções possíveis para sair dela. Há reputados economistas, gestores e académicos no PSD, que estavam fartos de saber o que se passava. Há lá gente inteligente. E todos eles, após cuidada análise das causas, consequências, e evolução da crise, mentiram. Processaram essa realidade para a realidade alternativa, aquela que sai cá para fora através dos média que controlam totalmente, e dos outros que se deixam controlar. Não houve melhor exemplo do que a de Miguel Frasquilho, que escrevia uma coisa nos seus relatórios profissionais, sérios e ponderados, enquanto dizia o oposto em público com a cara mais natural do mundo. E quando confrontado, deixava a entender que, no fundo, só o escrevia porque a tal era obrigado. “Enganar o bifes”, estão a ver? É só isso, o Sócrates está a mandar isto para o abismo com as suas políticas erradas, isso é que têm de acreditar, não é no meu “relatório”.
E é este tipo de comportamento que vai continuar a acontecer agora que, no governo, têm a responsabilidade. No primeiro grande teste do embate com a realidade, o downgrade da Moody’s, vimos um exemplo do futuro. Pegar na realidade – o país, com a trajectória que segue, está condenado como a Grécia - e transformá-la noutra coisa, um “ataque” de uma força malévola com más intenções, uma “conspiração americana” contra o Euro. Vimos quase todos os comentadores, em tom histérico, a defender esta teoria ridícula como antes celebravam e se se atiravam a Sócrates quando o rating descia. Mentir, novamente, com tal ferocidade e de maneira tão avassaladora que todo o país foi atrás. Estava criado o bode expiatório, a mentira que ocultava a situação para onde nos empurraram. O mesmo se vê agora, com o “desvio colossal” e os novos impostos. Porque eles sabem, perfeitamente, que a meta do défice é quase impossível de cumprir, que as medidas no acordo com a Troika são muito difíceis de implementar (Fusão de autarquias? Com este governo? Está certo…), que não terão força suficiente, nem competência, nem a vontade férrea para os cortes necessários, e que mesmo que tivessem o efeito recessivo é de tal maneira que as receitas são afectadas. A pescadinha de rabo na boca que ditou o falhanço das medidas na Grécia, que condenou a Irlanda, e que vai ter o mesmo efeito por cá, porque o que interessa não é cortar, é crescer. O défice, no final do ano, vai estar acima do acordado, e todos sabem isso. Todos eles. Por isso, tem de se arranjar desde já mais um bode expiatório: um “desvio” nas contas do governo anterior que escapou a toda a gente: governo, FMI, União Europeia, todos os que certificaram as contas antes do empréstimo. É importante dar a entender, para os cidadãos, que há “algo” que não se pode falar nem medir, que se sussurra à porta fechada e que é “veementemente” negado em público, mas está lá. Para no final do ano, a “folga” resultante do novo imposto servir para encobrir a incompetência (e para ser justo a impossibilidade) em reduzir os gastos. Mais uma vez, mentir, desta vez por antecipação. É apenas a isto – mais uma mentira – que se resume o folhetim do “desvio colossal”. É tão óbvio que dói. Chegará a altura em que a anterior governação deixará de ser desculpa? Podem esperar sentados, e ter a certeza que outro bode expiatório virá. Enriquecimento ilícito, alguém? Substima-se esta gente sob própria conta e risco.
Por isso, enquanto não se convencerem do tipo de pessoas com que estão a lidar e ajustarem a estratégia de acordo com essa realidade, a imagem que o PS e o seu provável novo líder querem passar para o eleitorado vai ser, curiosamente, a mesma o PSD lhes quer colar: o partido responsável. Nessa dança de salão, eu sei quem irá conduzir, e quem se deixará guiar.
Vega9000
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