Abstenção de Portugal na UNESCO 'surpreendeu' Palestina

Angola

Abstenção de Portugal na UNESCO 'surpreendeu' Palestina


1 de Novembro, 2011


O
embaixador palestiniano nas Nações Unidas afirmou hoje que a abstenção
de Portugal na votação da admissão da Palestina como membro da UNESCO
foi «surpreendente», tendo em conta o voto a favor de França ou Espanha.Em
entrevista à Lusa em Nova Iorque, Riyad Mansour afirmou que, apesar da
falta de apoio na votação em Paris na segunda-feira, a Palestina conta
com o apoio de Portugal, este mês a presidir ao Conselho de Segurança,
no processo de admissão como membro de pleno direito da ONU.
«Fiquei
surpreendido com voto de Portugal. É um país que se encaixa no ambiente
onde Espanha, França, Irlanda, Luxemburgo e outros que votaram a
favor», disse à Lusa o diplomata, observador permanente da Autoridade
Palestiniana junto da ONU.
«Foi de alguma maneira inesperado ver
Portugal a não alinhar com os 11 de Europa que votaram a favor. Ainda
assim, Portugal é amigo da Palestina e esperamos que conduzam de maneira
diferente no Conselho de Segurança», adiantou.
Na votação na
UNESCO, o bloco europeu registou alguns votos contra a admissão
palestiniana, dividindo-se a maioria entre votos a favor e abstenções.
O
ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, afirmou à Lusa em
Caracas que Portugal optou pelo «voto europeu», pois a Alta
Representante da União Europeia (UE), Catherine Ashton «pediu a
abstenção dos países europeus».
À Lusa, Mansour afirmou que vai
encontrar-se nos próximos dias com o embaixador português na ONU, o seu
«bom amigo» Moraes Cabral, para uma «longa conversa».
O objectivo é
«felicitá-lo» pela presidência do Conselho de Segurança e discutir
assuntos relacionados a candidatura palestiniana à ONU, além de «outros
assuntos, como o racional para não alinhar com os países que votaram a
favor da admissão na UNESCO».
A candidatura palestiniana à ONU
vai ser discutida pelos embaixadores dos países-membros do Conselho de
Segurança na quinta-feira, e novamente no dia 11.
«Esperamos que
Portugal nos ajude a receber uma recomendação positiva do Conselho para
admissão no sistema ONU», adiantou o diplomata.
Para o diplomata
palestiniano em Nova Iorque, Portugal continua a ser «um amigo muito
próximo do povo palestiniano e da Palestina» e «é natural que vote a
favor da admissão palestiniana ao sistema ONU».
Apesar da
abstenção, o diplomata afirma-se satisfeito com o apoio de Portugal, em
«13 das últimas 16 resoluções políticas a favor da Palestina», e
salienta em particular o voto a favor na resolução condenando a
construção de colonatos israelitas, vetada pelos Estados Unidos.
«Se
discordamos ou divergimos [de Portugal] em determinados assuntos, como
no caso da UNESCO, falamos como amigos falam um com o outro para
clarificar assuntos e rectificar o que precisa de ser rectificado», diz
Mansour.
A Autoridade Palestiniana integra os grupos árabes, dos
países não alinhados e o G77, cujo apoio é considerado pela generalidade
dos analistas como essencial na eleição para o Conselho de Segurança,
caso de Portugal em 2010.
Lusa/SOL