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Corrida aos dólares agita fantasmas na Argentina

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Corrida aos dólares agita fantasmas na Argentina Empty Corrida aos dólares agita fantasmas na Argentina

Mensagem por Vitor mango Sáb Nov 05, 2011 7:42 am

Corrida aos dólares agita fantasmas na Argentina
Quase 10 anos depois do famoso corralito (restrições a saques bancários), o Governo argentino impõe restrições à compra de dólares para deter uma maciça fuga de capitais.
Márcio Resende, correspondente em Buenos Aires (www.expresso.pt)
19:39 Sexta feira, 4 de novembro de 2011

O problema da Presidente Cristina Kirchner é que a metade do país que não votou nela nas recentes eleições na Argentina é a metade dona do dinheiro e teme uma radicalização do modelo de intervenção do Governo na economia
O problema da Presidente Cristina Kirchner é que a metade do país que não votou nela nas recentes eleições na Argentina é a metade dona do dinheiro e teme uma radicalização do modelo de intervenção do Governo na economia
Dylan Martinez/Reuters
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A primeira semana de restrições na Argentina concluiu com a população sem conseguir comprar dólares, num clima de confusão e de medo e com a retirada de depósitos em dólares. O processo para se conseguir a aprovação para compra de dólares mostrou-se burocrático, inoperante e aleatório.

Mais de 80% das transações foram rejeitadas em sintonia com a estratégia do Governo: quanto maior a complicação menos dólares são comprados e menos dinheiro sai do sistema. Foi tanta a dificuldade que várias entidades financeiras decidiram suspender as atividades cambiais.

Em teoria, quem quiser comprar dólares no país precisa, depois de adquirir um código fiscal específico, de informar para que quer os dólares e aguardar que a AFIP (Finanças argentinas) autorize a compra, de acordo com um cruzamento de informações financeiras como a declaração de imposto de renda, património pessoal e até uso de cartão de crédito, movimentos bancários, pagamento de condomínio ou mensalidades escolares.
Tão difícil como ganhar o Euromilhões

"Inclusive, sabemos quantas vezes uma pessoa viaja e até qual classe do avião usou", disse, orgulhoso, o administrador federal da AFIP Ricardo Echegaray, que colocou 4400 dos seus inspetores em agências bancárias e casas de câmbio.
Ninguém consegue decifrar o critério aplicado pelas Finanças argentinas. Conseguir o sinal de operação válida tem sido quase tão difícil como ganhar o Euromilhões e, mesmo nesse caso, o felizardo fica ainda refém de quanto poderá adquirir em moeda estrangeira.

Até mesmo operações plenamente justificadas de pessoas de comprovados rendimentos têm ficado na costumeira classificação de "inconsistente".
Um deles foi o economista e professor da Universidade Nacional de Buenos Aires Eduardo Levy Yeyati, que tentou - e não conseguiu - comprar apenas um dólar.
"O principal risco dessas medidas é provocar temor e arrastar o país para uma crise que não existia", conclui Levy Yeyati, que há 10 anos, no auge da crise argentina, trabalhava no Banco Central.

Também Susana Gimenez, apresentadora de um famosíssimo programa televisivo e um dos salários mais elevados da TV argentina, teve a situação fiscal considerada "inconsistente".
Intimidação oficial

A Argentina transformou-se num Big Brother coletivo. Em todos os casos, rejeitados ou aprovados, a pessoa passa a estar sob a lupa das Finanças, orgão que tem sido usado pelo Governo para perseguir e intimidar empresários, jornalistas ou qualquer voz crítica ao Governo.

"Perante o problema de fuga de capitais, existiam até agora duas opções: a ortodoxia económica usada por países como Brasil, que consiste em desvalorizar a moeda, ou a heterodoxia usada por países como a Venezuela, que impõe o controlo de câmbios e o mercado paralelo", ensina o analista Rosendo Fraga, diretor do Centro de Estudos Nova Maioria.

"A Argentina acaba de inventar uma terceira variante: a coerção fática, a intimidação por fora das regras", completa Fraga.

Mas como tudo o que é proibido vira objeto de desejo, o tiro do Governo da Argentina pode sair pela culatra: quem nem tinha a intenção de comprar dólares entrou na psicose coletiva da desconfiança pelo que possa acontecer. E por isso muitos argentinos dirigiram-se aos bancos para retirarem os depósitos em dólares que ali tinham sob guarda.
Desconfiança dos bancos

O volume de levantamentos ainda não significa uma verdadeira corrida bancária, mas pode marcar uma perigosa tendência num país onde as pessoas desconfiam dos bancos devido a duas ações de confiscação anteriores: uma em 1989 e a segunda em 2002. Em ambos os casos, o dinheiro congelado virou título público a pagar em 10 anos.

As poupanças dos argentinos mantêm no sistema bancário depósitos em dólares de 15.000 milhões. Metade desse valor fica como depósito compulsório no Banco Central. O temor de banqueiros, economistas e de detentores de depósitos com mais acesso à informação é que o grau de intervenção do Governo, perante a falta de recursos, imponha um título público aos bancos em troca desse compulsório.

"O Governo fez o impossível para gerar desconfiança com medidas que conspiram contra a tranquilidade do mercado. O risco é que quanto mais arbitrárias forem as medidas para parar a corrida cambial, mais o pânico pode aumentar e o que era uma corrida cambial pode virar financeira", adverte o prestigioso economista Roberto Cachanosky.
Queimados com leite

Há 10 anos, a Argentina tinha a economia 'dolarizada', com um regime de paridade entre o dólar e o peso. Os argentinos tinham cerca de 85.000 milhões em depósitos bancários. Mas uma fuga de capitais de 20.000 milhões de dólares, num contexto de défice fiscal, fez o país quebrar.

Primeiro veio o famoso corralito (restrições ao saque) que logo se tornou num corralón (congelamento e posterior confiscação dos depósitos).

O argentino comum tende a interpretar que problemas com o câmbio ou com os bancos podem virar o corralito numa espécie de déjà vu e corre a salvar os depósitos dos bancos, baseado num ditado local: ""Quem se queimou com leite, vê uma vaca e chora".

O argentino médio tende a raciocinar em dólares, moeda na qual se refugia. Estão permitidas as contas bancárias em dólares. As operações de compra e venda de imóveis - por estas horas paralisadas - são todas em dólares e em dinheiro vivo. Nada de cheques nem transferências.

Calcula-se que os argentinos tenham fora do sistema bancário, no chamado "Colchão Bank", entre 160.000 e 180.000 milhões de dólares, quase quatro vezes mais do que as reservas do Banco Central, que devido à fuga de capitais caiu de 52.000 a 47.000 milhões de dólares. O que faz da Argentina um dos poucos países a perder reservas numa região que, com forte crescimento económico, tem atraído os dólares do mundo.
Paradoxo político: votar no Governo e desconfiar do Governo

Cristina Kirchner acaba de ser reeleita com 54% dos votos e passou a ter uma posição de hegemonia com poder absoluto. É a Presidente que mais nível de votos obteve nos últimos 30 anos. A diferença de 37 pontos para o segundo colocado também é a maior.

O problema é que a outra metade do país que não votou nela é a metade dona do dinheiro. E teme uma radicalização do modelo de intervenção do Governo na economia do país.

A atual fuga de capitais começou forte desde o começo do ano, quando as sondagens indicavam a reeleição de Cristina Kirchner. A saída de dinheiro do sistema bancário aos cofres particulares ou para debaixo dos colchões intensificou-se em outubro, quando a vitória de Cristina Kirchner virou esmagadora.

Até agora saíram 22.000 milhões de dólares, dos quais 4000 milhões só em outubro. A fuga acontece num novo contexto do país: cada vez saem mais dólares e cada vez entram menos. O que era superávit fiscal volta a ser défice depois de 10 anos.
Inflação de 25% ao ano

Não existe na Argentina nenhum investimento que preserve o valor do peso frente a uma inflação de 25% ao ano, a segunda maior do mundo. Até agora, sem opções para preservar o valor da moeda diante da inflação, os argentinos consumiram. Foi o boom de consumo que ajudou Cristina Kirchner a ser reeleita a 23 de outubro. Mas existe a perceção de que o dólar está barato e vai haver uma desvalorização.

E se a ideia do Governo era parar a compra de dólares, o efeito está ser o oposto: começa a surgir um mercado paralelo onde o dólar já está 20% mais alto do que o câmbio oficial. Enquanto no oficial - ao qual agora poucos têm acesso - o dólar está cotado em 4,28 pesos, no mercado paralelo (e ilegal) chegou aos 5 pesos.

Ler mais: http://aeiou.expresso.pt/corrida-aos-dolares-agita-fantasmas-na-argentina=f685552#ixzz1cq1q1tFq

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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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Vitor mango
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