Serviços secretos negam ataques aos sites da Al-Qaida

Serviços secretos negam ataques aos sites da Al-Qaida

Em apenas um mês, três sites que divulgavam regularmente propaganda da al-Qaida desapareceram do ciber-espaço. Os Governos negam qualquer envolvimento, enquanto os administradores dos sites falam em problemas técnicos.
Serviços secretos negam ataques aos sites da Al-Qaida Os sites que divulgam propaganda da al-Qaida, estão a desaparecer misteriosamente do ciber-espaço
Os sites que divulgam propaganda da al-Qaida, estão a desaparecer misteriosamente do ciber-espaço
20:28 | Quarta-feira, 22 de Out de 2008


A guerra ao terrorismo abriu uma nova frente de batalha: a Internet. Coincidência ou não, o encerramento em apenas um mês de três sites que divulgavam propaganda da Al-Qaida levantou suspeitas sobre o eventual envolvimento dos serviços secretos ocidentais, noticia hoje o 'The Guardian' na sua edição online.

Com efeito, os sites 'Al-Ekhlas', 'Al-Buraq' e 'Al-Firdaws', todo eles ligados ao 'Al-Fajr', o braço armado da Al-Qaida na Internet, terão sido 'abatidos' no início de Setembro, numa altura em que a publicação de um vídeo comemorativo dos ataques às torres gémeas em Nova Iorque foi sendo sucessivamente adiado.

Os responsáveis pelo 'Al-Fajr' alegaram problemas técnicos, negando que o site tenha caído "nas mãos do inimigo". No entanto, a verdade é que publicavam regularmente vídeos sobre 'mártires' no Iraque e Afeganistão, bem como depoimentos de Osama bin Laden.

Estes sites funcionam segundo o modelo de um fórum online, onde os membros comunicam sob pseudónimo e aos quais apenas é possível aceder através de uma palavra-passe.

Ocasionalmente sofrem interrupções de serviço pontuais, tendo a última acontecido em Junho. Em declarações ao 'The Guardian', William McCants, consultor da Academia Militar norte-americana de West Point e administrador do site 'Jihadica.com', disse que "o que aconteceu em Junho foi um ensaio para o que viria a passar-se em Setembro".

Para já, os Governos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha não confirmam qualquer envolvimento dos seus serviços secretos em eventuais operações de sabotagem, que a acontecer seriam ilegais. Os britânicos admitem, no entanto, um esforço "redobrado" para conter a propaganda da Al-Qaida através da Internet.
'Operação negra'

"Penso que estamos perante uma 'operação negra' orquestrada por vários governos, isto é, ilegal e cuja existência será sempre negada", afirmou ainda William McCants ao 'Guardian', acrescentando: "Seja lá quem for, sabem muito bem o que estão a fazer. Estão a ser tão precisos como um cirurgião".

Para o perito egípcio Dia Rashwan, "são os americanos que estão por detrás desta operação". Em declarações ao 'The Guardian', Rashwan diz acreditar que "o encerramento destes fóruns faz parte da estratégia norte-americana para derrotar a Al-Qaeida, impedindo-a de fazer chegar a sua mensagem ao mundo árabe".

Opinião contrária manifestou a este jornal Mustafa Alani, do Centro de Investigação do Golfo, no Dubai. Para este estudioso da cultura árabe, os sites foram vítimas de grupos chiitas, no seu eterno combate contra os sunitas. "Neste momento, os Governos não têm motivos para atacar estes sites, até porque estavam online há muito tempo", argumentou.

Coincidência, ou não, a verdade é que estes fóruns despareceram misteriosamente do ciber-espaço há mais de um mês.