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Disputa digital acirra rivalidade entre EUA e China

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Disputa digital acirra rivalidade entre EUA e China Empty Disputa digital acirra rivalidade entre EUA e China

Mensagem por Vitor mango Ter Mar 19, 2013 1:50 am

Disputa digital acirra rivalidade entre EUA e China



Editor argentino Octavio Kulesz mostra o duelo entre águias e dragões pelo domínio do mercado virtual





















Flickr/antonwhoa
Disputa digital acirra rivalidade entre EUA e China Drago_intro
Empresas de tecnologia digital chinesas têm mostrado grandes lucros e avanços sobre a hegemonia virtual norte-americana

Sun Tzu, autor chinês de “A Arte da Guerra“, uma vez disse que a
solução para a vitória não é destruir o território inimigo, mas tomá-lo
na íntegra. Anos depois, as palavras do pensador tomam forma fora dos
livros e das espadas para entrar no mundo digital. Os dragões chineses
começam a superar a até agora hegemonia das águias norte-americanas e
mostram como a estratégia para o domínio virtual nunca esteve tão
concreta.

Quem explica esse avanço é Octavio Kulesz, diretor da Teseo, maior
editora digital de livros acadêmicos da Argentina e especialista em
mercado editorial de regiões em desenvolvimento, principalmente a China.

A grande comparação que Kulesz faz entre os gigantes norte-americanos e asiáticos se dá com a águia e o dragão – inspirada no artigo de Brett Shehadey no Asian Times.
A primeira, figura clássica em bandeiras e até passaportes dos EUA, é
um animal que sobrevoa o horizonte com sua visão aguçada e realiza um
voo rasante para atacar sua presa. Além disso, sempre retorna ao ninho,
inalcançável para os outros animais, para depois voltar à investida.







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Nos primeiros 15 anos da Internet, assim faziam empresas dos EUA.
Criaram as raízes do domínio .com, abocanhavam mercados externos e
mantinham database e tecnologia seguros dentro de suas fronteiras. Hoje
em dia, o ninho pode ser encarado como o sistema clouding de
armazenamento de informações.

Acontece que 2012 foi o primeiro ano desde 2003 em que o site de vendas
Amazon registrou uma perda tão acentuada quanto US$300 milhões em um
único trimestre, e também o ano de bruscas quedas nos preços das ações
da Apple. O fenômeno acontece devido ao próprio desempenho dessas
empresas, mas também pelo surgimento ou amadurecimento de novos atores,
do outro lado do mundo – praticamente invisíveis, mas de fato poderosos.

Alibaba parece título de história árabe nos desertos, mas hoje é nome
do maior conglomerado chinês de negócios virtuais, cujas empresas Taobao
e Tmall, de e-commerce, superaram em 2012 a renda de Amazon e eBay
juntas. O CyberMonday (dia com grandes descontos em eletrônicos) chinês
chegou a US$3,1 bilhão, muito maior do que a cifra norte-americana – e a
estimativa para 2013 é que esse dia ultrapasse todo o e-commerce dos
EUA. Os, por enquanto, 564 milhões de usuários da Internet dentro da China são uma sugestão do que pode vir.

“O choque dos titãs chineses ainda é silencioso, mas impactará
profundamente a web como conhecemos“, diz Kulesz. O dragão se vale de
qualidades como a agilidade quase invisível e sabedoria milenar para,
vinte anos após o fim da Guerra Fria, substituir a URSS como principal
oponente da águia yankee.

Estratégia e pensamento

A questão é que a China não enxerga o mundo desse jeito, segundo
Kulesz. A estratégia observada por uma série de empresas tecnológicas é
de seguir o mandamento de Sun Tzu: abraçar o outro em vez de eliminá-lo.
Assim, a Alibaba associou-se à taiwanesa Acer, com uma junção de
tecnologia e equipamentos e a China Telecom passou pelo mesmo processo
com a Etisalat, do Egito.

O WeChat, análogo ao Whatsapp, trocou seu nome original (Weixin) para
ser mais bem aceito e começou seu crescimento por países emergentes,
como Índia, Malásia, México e Argentina. A flexibilidade atinge níveis
que seriam incomuns para um empresário dos EUA: Jack Ma, CEO da Alibaba,
renunciou ao posto em 15 de fevereiro deste ano. O grupo foi dividido
em 25 partes para, de acordo com a intenção de Ma, ser capaz de otimizar
o trabalho e levar seus produtos a qualquer canto da vastidão
territorial da China em 24h. Aliás, o nome Alibaba não é coincidência:
“Abre-te Sésamo” é exatamente como Ma recebe outras empresas.

Outra característica parte da fala do CEO da Tencent, Ma Huateng:
“Copiar não é ruim”, em contraponto às repetidas falas de Steve Jobs,
falecido CEO da Apple, sobre as falhas de outras empresas em copiar a
inovação da maçã mordida. O sucesso das empresas chinesas, porém, provam
Jobs errado. Só o grupo Tencent abarca 784 milhões de clientes.

O eBay entrou na China e alcançou 79% do mercado C2C (compras e vendas
entre consumidores) local. Dois anos depois de a Taobao entrar, em 2005,
a participação de mercado do eBay caiu para 36%, obrigando-o a sair do
país. A Alipay, também da Alibaba, competiu com a PayPal e venceu. O
Baidu, versão chinesa do Google, cresceu quando esta saiu do país em
2010 e não conseguiu retornar em 2012. A Tencent é dona do QQMessenger,
versão chinesa do ICQ, e do WeChat, primo do Whatsapp.

O Facebook de lá é o Renren; o Kindle, Bambook (da Shanda); e o
Youtube, Yukou Tudou. São vários nomes estranhos para ouvidos ocidentais
que, como aspecto comum, imitam os sites e o funcionamento das empresas
dos EUA e são líderes de mercado, com dezenas de milhões de clientes. O
primeiro, segundo e terceiro site mais visitado no país são,
respectivamente, o Baidu, o QQMessenger e a Taobao, segundo a rede
Alexa. E crescem também no plano mundial: quinto, oitavo e
décimo-primeiro.

Como fazem isso? Além da cópia e do fato de serem independentes do
“ninho da águia”, Kulesz ressalta, é claro, o controle do governo. As
empresas seguem a linha desejada pelo PCCh (Partido Comunista Chinês) e,
em contrapartida, possuem liberdade de ação para os negócios. Algumas
até se autocensuram, como a Weibo (microblog que mistura, curiosamente,
Twitter e Facebook porque cabe muito mais informação em 140 caracteres
chineses do que nos correspondentes latinos).

Durante uma série de protestos em meados de 2009, os posts pelo Weibo
se disseminavam de uma forma inaceitável para o governo e a rede
simplesmente aceitou levantar a censura. E assim sobreviveu. E o governo
exige agora que sejam permitidos somente nomes verdadeiros nas contas dos usuários.

Leia mais:
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Quando perguntado sobre quanto esse cenário é sustentável do ponto de
vista social, Kulesz explica que é um questionamento natural de uma
mente não-asiática – e aí menciona o escritor Martin Jacques como
referência para o estudo da mentalidade chinesa.

O governo chinês, segundo ele, não se firma em uma autocracia de cima
para baixo, como eram governos árabes derrubados por insurgências
populares. É mais uma estrutura completa de pensamento – baseada
principalmente no filósofo Confúcio, mais de 500 anos antes de Cristo -,
que crê na estabilidade e na hierarquia (e assim aceita, de modo geral,
a supressão de insatisfações do povo) para manter um crescimento
estável. Kulesz menciona que as metas do governo de crescer mais de 7,5%
ao ano, atreladas a planos quinquenais rigorosamente seguidos, são
justamente para suportar uma população no lugar. Em 2012, a taxa foi de
7,8%. Por enquanto, o colapso não veio e o pesquisador não acredita que
virá em breve.

Flickr
Disputa digital acirra rivalidade entre EUA e China %C3%A1guia
Estratégia comum dos EUA é como a águia: manter sua fonte de tecnologia
fora do alcance dos clientes, mas ter dificuldade em terrenos estranhos

Tudo isso contrasta fortemente com a estratégia norte-americana para as
empresas de tecnologia. A incursão global delas funciona de modo a
criar tecnologia e serviços no âmbito doméstico para depois serem
exportados com foco na marca do produto. O problema da águia, então, é
chegar a terrenos desfavoráveis e ser forçada a andar. Assim aconteceu
quando a Apple não conseguiu direitos sobre o nome iPhone no Brasil,
pois já havia sido registrado pela IGB Eletrônica, detentora da
Gradiente. Ou ainda quando a Amazon, por mesmo conflito de nome, pagou
US$6 milhões a uma empresa da Amazônia para conseguir o direito. Na
Índia, a Amazon teve dificuldades de se inserir, por causa de uma lei
local que exigia a participação com empresas nativas. Justamente o que
as chinesas fazem.

Guerras entre dragões também existem, a exemplo da competição entre
Tenpay, da Tencent, e Alipay, da Alibaba. No exterior, dificuldades
igualmente aparecem. Mas Kulesz acredita que isso é encontrado
exatamente quando o dragão peca em uma de suas maiores qualidades e
permite ser visto. Para o pesquisador, a empresa de telecomunicações
Huawei – cujo 66% faturamento vem do exterior - entrou de forma
exagerada no mercado norte-americano e passou a sofrer retaliações.

As acusações de cyberataques feitas por empresas da imprensa dos EUA e
pelo próprio governo ressurgiram na mídia neste ano. Kulesz as encara
como prova do excessivo receio dos EUA (e lembra o mega bunker de Utah em construção). Os hackers podem existir, mas o que a China realmente deseja é uma cooperação que permita a realização de negócios e lucro.

Isso condiz com a fala do Ministro de Relações Exteriores chinês, Yang
Jiechi: “Somos contra transformar o cyberespaço em uma nova arena de
combate ou usar a internet como nova ferramenta para interferir em
assuntos internos de outros países”. A China mesmo é alvo internacional
de hackers e, segundo o Ministério de Defesa chinês, dois terços das
144 mil invasões contra dois site militares em 2012 teriam se originado
nos EUA.

Reino do dragão

Se os animais foram a metáfora de Kulesz para os titãs de tecnologia de
ambos os países, as estratégias de cada um são como jogos de tabuleiro.
O Ocidente é o jogo de xadrez, em peças com funções específicas que
objetivam a derrota absoluta do inimigo. Disso, o chinês se apropria
somente da lenda que origina o jogo, na qual um simples camponês oferece
a novidade para um imperador e pode decidir sua recompensa.

O pedido de um grão de arroz para a primeira casa do tabuleiro, duas
para a segunda, quatro para a terceira, e assim sucessivamente parece
uma piada para o imperador. No final, porém, são 64 casas e nenhum
império teria as toneladas de arroz suficiente para pagar ao camponês. O
desenvolvimento econômico do país reflete esse movimento contínuo e
crescente. Paralelamente, o jogo go, originado em terras chinesas,
significa “jogo de cercar território”.

O avanço já chegou à África. Kulesz cita o ICBC, banco chinês que é
também o maior do mundo e o primeiro a se instalar na região africana,
de modo que abra espaço para depois empresas chinesas entrarem.

Na América Latina, a Argentina, segundo Kulesz, depende enormemente da
China em relação à soja, ao criar uma monocultura cujo cliente principal
é o gigante asiático. Ele diz que, por muito tempo e principalmente
durante o governo do presidente Hu Jintao, a China aceitava o preço da
commodity negociado pelos argentinos. Agora, com a nova direção de Xi
Jinping, é difícil predizer se o preço se manterá, mas afirma que o
governo chinês será muito mais duro nas negociações.

Wikicommons
Disputa digital acirra rivalidade entre EUA e China Dragao
DIsputa entre empresas chinesas existe, mas o panorama geral é de
alianças com negócios estrangeiros e cada vez mais consumidores

O que, afinal, os EUA podem fazer? Kulesz aponta três possibilidades. A
primeira, focar no mercado norte-americano e europeu, cujo público
conhece e absorve seus produtos. Uma exceção teria sido a Microsoft, que
firmou parcerias com a Huawei para atuar na África. Segundo,
associar-se com a China. O que não parece lá muito provável. Terceiro,
aumentar a retórica contra o gigante asiático, e o pesquisador cita um livro, a ser lançado em abril por Eric Smith, presidente da Google, que mostra a posição chinesa como “o mal contra o bem”.

Por outro lado, Kulesz pende mais para a hipótese de empresas chinesas
crescerem tanto que serão capazes de comprar as norte-americanas.
Afinal, ele afirma que não tem como definir esse movimento crescente
chinês ou predizer quem passará a dominar o mundo digital. A questão é
que a China quer construir uma atualizada Rota da Seda e não quer voltar
à condição de colonizada do século XIX, época da Guerra do Ópio. E, ao
que tudo indica, os dragões chineses não vão fugir desse objetivo.



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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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Vitor mango
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