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A fantasia da lição dos mercados

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  A fantasia da lição dos mercados  Empty A fantasia da lição dos mercados

Mensagem por Vitor mango Sex Jul 05, 2013 8:32 am

A fantasia da lição dos mercados

Daniel Oliveira
13:29 Sexta feira, 5 de julho de 2013



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Instalou-se a ideia de que esta crise política teve efeitos brutais na economia e nas finanças públicas. Parece ser um discurso contra Passos e Portas mas é, como já se percebeu pelas recentes declarações de Durão Barroso, o argumento para criar a histeria que ajude à tese da "lição": quem queira eleições ou mudar de governo deitará tudo (o quê, exactamente?) a perder. A inexistência de um segundo resgate? Mas já todos se esqueceram que era ponto assente que, com este ou outro nome, ele viria? A 8ª avaliação? Mas não têm lido as medidas absolutamente loucas que a troika nos quer impor, com ou sem eleições? Acham que sairemos vivos delas? Mas já toda a gente se esqueceu da razão da demissão de Gaspar? Demitiu-se porque isto tudo falhou. Uma semana depois, a culpa é da crise política.

O aumento dos juros nos mercados secundários, que, ao contrário do que acontecia há dois anos, são quase irrelevantes para o nosso financiamento, diz muito pouco sobre a situação da nossa dívida. O seu preço, a taxa de juro, não está seguramente relacionado com as condições de pagamento . Se assim fosse, a evolução do juro só podia ser uma: sempre a crescer. O que sabemos é que o refinanciamento da dívida está dependente da actuação das instituições europeias, seja o BCE, seja o recém-criado mecanismo europeu de estabilidade. É na relação com estas instituições que a nossa dívida é avaliada pelos mercados que nos interessam.

Por outro lado, o recém sobe e desce das taxas de juro diz muito pouco sobre o comportamento dos credores quando, se tal vier a acontecer brevemente, formos aos mercados. Porque o comportamento de quem compra dívida soberana a cinco ou dez anos é bem diferente de quem com ela especula neste momento. Mais: como quase ninguém anda a comprar, nos mercados secundários, dívida nacional, bastam umas poucas vendas e compras para que os juros, neste momento, disparem. Dizer que andámos sete meses para trás, quando isto não teve qualquer efeito nos juros que estamos a pagar, é um disparate.

Os efeitos das quedas na bolsa (ouvi, da boca de pessoas com responsabilidades, falar de números que só podem nascer de um analfabetismo profundo) são outro delírio. Como se sabe, as perdas de um dia são recuperadas no sobe e desce diário. Não houve qualquer fuga maciça de capitais do nosso país. Os cálculos de mil milhões que se teriam evaporado num dia e materialiazado no seguinte, decorrem da avaliação do valor das empresas dia-a-dia medido pelas suas acções. As descidas e subidas de preço só têm impacto para quem compra e vende diariamente estes títulos. A actividade das empresas cotadas é, quando muito, marginalmente afectada. A bolsa serve teoricamente para as empresas se financiarem sem recurso ao crédito bancário. Alguém se lembra da última vez que tal aconteceu em Portugal?

Quando comparados com os efeitos económicos duradouros que Gaspar deixou como rasto para muitos anos, estes dois acontecimentos, transformados em tragédia nacional (sem que se sinta qualquer efeito nas finanças públicas ou na economia), servem sobretudo para a retórica política de quem não quer que alguma coisa mude. Não nego que a instabilidade política tem efeitos económicos e financeiros. Mas a estabilidade anémica em que vivemos tem efeitos bem mais estruturais e irreversíveis. 

Vale a pena ler o relatório do Credit Suisse de 3 de Julho (não disponível online) sobre a crise política em Portugal para perceber como, ao contrário do que nos é vendido, os mercados estão bastante calmos em relação ao que se está a passar aqui. Incluindo com a possibilidade haver eleições.


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/a-fantasia-da-licao-dos-mercados=f818508#ixzz2YBJuEW6U

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