É o vale-tudo: Fernando Rosas até elogia Salazar
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É o vale-tudo: Fernando Rosas até elogia Salazar
É o vale-tudo: Fernando Rosas até elogia Salazar
Paulo Gaião
0:25 Segunda feira, 26 de novembro de 2012
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Fernando Rosas disse que "eles" (numa alusão ao Governo) nem estão a conseguir captar as classes médias, como fez Salazar nos anos 1930 com o seu programa de equilíbrio orçamental e saneamento da dívida externa portuguesa.
Estamos num momento em que vale-tudo. À direita temos o Estado repressivo, que colhe provas ilegalmente contra manifestantes indiciados de atentado às instituições. À esquerda é isto, até se elogia Salazar para fazer chegar água ao seu moinho.
Não foi Rosas quem garantiu há quinze dias que o Bloco de Esquerda há de chegar ao poder, quer o PS queira, quer o PS não queira? (na verdade, se Seguro estivesse no poder apertado pela troika e não na oposição a fazer demagogia, era dele que Rosas hoje falaria e não de Passos Coelho; lá chegará o dia).
Rosas (o nosso maior especialista em Estado Novo) omitiu quase tudo. Só se lembrou mesmo que "Salazar captou a classe média".
Esqueceu-se de dizer que a "captação das classes médias" pelo Estado Novo (fartas do regabofe da I República) se fez, em boa medida, por via dos gastos nas Forças Armadas e nas obras públicas na década de 1930 (distribuindo empregos).
Estas somas representaram 6% do PIB e mais de metade dos recursos da Conta Geral do Estado. Mas não se trataram de despesas produtivas que, aproveitando a conjuntura favorável dos anos 30, preparassem a economia do país para o futuro.
Esqueceu-se de dizer que na década de 1930 Salazar gastava apenas 1 a 1,2% do PIB em despesas com a educação e 0,5 do PIB com gastos sociais.
Esqueceu-se de dizer que nos anos 1930 Salazar poupou a fundo na educação. Poupou nos professores. Poupou nas instalações. Reduziu o ensino obrigatório a três anos. Seguiu o que chamou o "método dos pobres", criando "em todas as aldeias postos de ensino que seriam mantidos à custa duma pequena gratificação" para os regedores. Era a caridadezinha aplicada à educação.
O resultado desta política viu-se anos depois. Em 1955 a World Survey of Education da Unesco colocava Portugal no último lugar da Europa em termos de alfabetização.
Esqueceu-se de dizer que em 1933, a divida externa portuguesa caiu quase para metade em virtude da eliminação da dívida da I Guerra ao Reino Unido (por a Alemanha ter denunciado o Tratado de Versalhes).
Esqueceu-se de dizer que logo em 1940, devido à II Guerra Mundial ( e ao rearmamento da Alemanha e dos aliados) Portugal aumentou muito as exportações (com o volfrâmio), melhorando a balança de transacções. Foi esta situação que permitiu a conversão de mais de 2/3 da dívida externa em dívida interna consolidada.
Esqueceu-se de dizer que a inflação, excelente vazadouro da dívida, fez com que esta descesse a valores confortáveis de 28% do PIB em 1941 (quando em 1926, à data do golpe de Estado militar, a dívida externa portuguesa era de 75% do PIB).
Ler mais: http://expresso.sapo.pt/e-o-vale-tudo-fernando-rosas-ate-elogia-salazar=f769513#ixzz2dBlMjCGv
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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