Portugal abrigou traficantes de obras de arte durante Segunda Guerra Mundial
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Portugal abrigou traficantes de obras de arte durante Segunda Guerra Mundial
Portugal abrigou traficantes de obras de arte durante Segunda Guerra Mundial
Francês Jean Rolland Ostins foi um dos que comercializou obras de Pablo Picasso e Georges Rouault, pilhadas por forças nazistas
Conhecido como um dos principais países compradores do ouro que a Alemanha confiscava de bancos judeus durante a Segunda Guerra Mundial, Portugal ainda colaborou de outras formas com o regime nazista durante a década de 1940. Sob a ditadura de António Salazar, o território português também serviu de centro logístico para o tráfico de obras de arte de importantes artistas como Pablo Picasso e Georges Rouault.
Reprodução
Novos personagens desse episódio da história europeia foram descobertos pelo jornalista Carlos Guerreiro, que analisou documentos dos serviços secretos norte-americano e britânico, tornados públicos pelo NARA (Arquivo Nacional dos Estados Unidos) e legalmente disponibilizados online.
[Picasso é um dos pintores cujas obras foram comercializadas após serem apreendidas por nazistas]
Um deles é Jean Rolland Ostins, proeminente comerciante francês de antiguidades em Paris. Após a ocupação nazista, mudou-se para Lisboa e se tornou um dos principais traficantes de arte durante a Segunda Guerra Mundial.
Leia outras reportagens do especial "Segredos do Nazismo"
Nascido em 1894, Ostins, que havia lutado durante a Primeira Guerra, mantinha um negócio na Quay Voltaire, à margem do Sena. Na primavera de 1941, já com Paris ocupada pelas tropas alemãs, ele se declara colaboracionista e viaja diversas vezes a Lisboa, sem qualquer problema para aquisição de vistos. Finalmente instala-se com a mulher Lidoine num apartamento supostamente do ex-cônsul da Bolívia, na rua Castilho, parte pombalina da capital lusa.
É nessa rua que abre a empresa Laos, cujos fins eram obscuros. Segundo relatório norte-americano de 1945, Ostins contrabandeava diamantes com ajuda da esposa e negociava “obras de arte conhecidamente provenientes do país inimigo” e dos territórios ocupados. Tudo isso enquanto entretinha as visitas a Portugal de alemães e pessoas ligadas ao governo de Vichy, então capital da França do general Philippe Pétain, sob influência nazista.
Leia especial de Opera Mundi sobre o primeiro ano do papado de Francisco
Descrito pelos serviços secretos como “completamente egoísta e sem qualquer escrúpulo”, Ostins levantou suspeitas inclusive da polícia política portuguesa, a Pide. Seus clientes eram provenientes dos mais variados países, como Estados Unidos, Argentina e Uruguai. Numa carta de 1941 interceptada pelo governo norte-americano, um potencial cliente em Nova York lhe pede somente obras famosas e de museus e exige garantias de que o negócio não oferecia riscos ao comprador. “Podemos fazer milhões de dólares”, escreve.
Mercado negro
A posição alegadamente “neutra” de Portugal durante o armistício e sua localização geográfica, bem comunicada por linhas aéreas e marítimas com a Europa e as Américas, fez do país um polo de atração para traficantes. “As autoridades portuguesas devem ter feito vista grossa, como também as americanas antes de entrarem na guerra”, afirmou a Opera Mundi Carlos Guerreiro, autor de “Aterrem em Portugal”, sobre a entrada de aviões beligerantes no país durante a Segunda Guerra.
Leia mais
O mercado negro operava da seguinte forma: as obras confiscadas pelas forças de Adolf Hitler, mas tidas como 'degeneradas' – classificação geral para a arte moderna não germânica ou de autores judeus –, eram entregues a comerciantes de confiança. Eles as vendiam num esquema que utilizava Lisboa como depósito ou porto de passagem para as Américas e revertiam o montante ao regime alemão. Ainda não se sabe o nome das obras que de fato passaram pelo esquema.
Reprodução
A pedido de Opera Mundi, a historiadora Irene Pimentel, vencedora do Prêmio Pessoa e Seeds of Science e uma das maiores estudiosas do período em Portugal, examinou parte da documentação estudada por Carlos Guerreiro. “[Esses] documentos têm, sem qualquer dúvida, valor histórico e potencial para o estudo sobre obras de arte pilhadas pelos nazistas”, afirma Irene.
[Imagem da carta de norte-americanos sobre Ostins]
O interesse pelo tema cruza-se com a vida pessoal da pesquisadora: ela trabalhou dez anos na famosa livraria-galeria fundada em Lisboa pelo marchand Karl Buchholz, apontado como cúmplice do III Reich no tráfico internacional de obras de arte.
Como explicar que não se fale em Ostins e nem se estude a fundo o tráfico de arte pilhada em solos portugueses? Segundo Irene, que havia deparado com algumas referências a Ostins em suas pesquisas, o desconhecimento dessas questões deve-se a que somente depois da ditadura salazarista começou-se a estudar a Segunda Guerra. “Além disso, no pós-guerra, ex-colaboradores do nazismo alemão até encontraram refúgio ou pelo menos o anonimato em Portugal”, afirmou.
Francês Jean Rolland Ostins foi um dos que comercializou obras de Pablo Picasso e Georges Rouault, pilhadas por forças nazistas
Conhecido como um dos principais países compradores do ouro que a Alemanha confiscava de bancos judeus durante a Segunda Guerra Mundial, Portugal ainda colaborou de outras formas com o regime nazista durante a década de 1940. Sob a ditadura de António Salazar, o território português também serviu de centro logístico para o tráfico de obras de arte de importantes artistas como Pablo Picasso e Georges Rouault.
Reprodução
Novos personagens desse episódio da história europeia foram descobertos pelo jornalista Carlos Guerreiro, que analisou documentos dos serviços secretos norte-americano e britânico, tornados públicos pelo NARA (Arquivo Nacional dos Estados Unidos) e legalmente disponibilizados online.
[Picasso é um dos pintores cujas obras foram comercializadas após serem apreendidas por nazistas]
Um deles é Jean Rolland Ostins, proeminente comerciante francês de antiguidades em Paris. Após a ocupação nazista, mudou-se para Lisboa e se tornou um dos principais traficantes de arte durante a Segunda Guerra Mundial.
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Nascido em 1894, Ostins, que havia lutado durante a Primeira Guerra, mantinha um negócio na Quay Voltaire, à margem do Sena. Na primavera de 1941, já com Paris ocupada pelas tropas alemãs, ele se declara colaboracionista e viaja diversas vezes a Lisboa, sem qualquer problema para aquisição de vistos. Finalmente instala-se com a mulher Lidoine num apartamento supostamente do ex-cônsul da Bolívia, na rua Castilho, parte pombalina da capital lusa.
É nessa rua que abre a empresa Laos, cujos fins eram obscuros. Segundo relatório norte-americano de 1945, Ostins contrabandeava diamantes com ajuda da esposa e negociava “obras de arte conhecidamente provenientes do país inimigo” e dos territórios ocupados. Tudo isso enquanto entretinha as visitas a Portugal de alemães e pessoas ligadas ao governo de Vichy, então capital da França do general Philippe Pétain, sob influência nazista.
Leia especial de Opera Mundi sobre o primeiro ano do papado de Francisco
Descrito pelos serviços secretos como “completamente egoísta e sem qualquer escrúpulo”, Ostins levantou suspeitas inclusive da polícia política portuguesa, a Pide. Seus clientes eram provenientes dos mais variados países, como Estados Unidos, Argentina e Uruguai. Numa carta de 1941 interceptada pelo governo norte-americano, um potencial cliente em Nova York lhe pede somente obras famosas e de museus e exige garantias de que o negócio não oferecia riscos ao comprador. “Podemos fazer milhões de dólares”, escreve.
Mercado negro
A posição alegadamente “neutra” de Portugal durante o armistício e sua localização geográfica, bem comunicada por linhas aéreas e marítimas com a Europa e as Américas, fez do país um polo de atração para traficantes. “As autoridades portuguesas devem ter feito vista grossa, como também as americanas antes de entrarem na guerra”, afirmou a Opera Mundi Carlos Guerreiro, autor de “Aterrem em Portugal”, sobre a entrada de aviões beligerantes no país durante a Segunda Guerra.
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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