Conferência internacional de doadores arrecada US$ 5,4 bi para reconstrução de Gaza

Conferência internacional de doadores arrecada US$ 5,4 bi para reconstrução de Gaza
Redação | São Paulo - 12/10/2014 - 16h17
Presidente da ANP pediu fim da ocupação de Israel e disse não ser “aceitável” que a cada dois anos sejam realizadas conferências do gênero

A comunidade internacional arrecadou neste domingo (12/10) US$ 5,4 bilhões para a reconstrução da Faixa de Gaza durante uma reunião de doadores no Cairo. A informação foi dada pelo ministro de Relações Exteriores da Noruega, Borge Brende. O dinheiro será destinado para reparar os danos provocados após a ofensiva israelense sobre o território, realizada entre julho e agosto deste ano.
De acordo com o chanceler norueguês, em declarações à emissora estatal egípcia, o valor é superior aos US$ 4 bilhões solicitados pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. Metade do valor arrecadado será destinada à reconstrução de Gaza e o restante será distribuído em resposta às necessidades do povo palestino, esclareceu.
Entre os maiores doadores estão o Catar, que ofereceu US$ 1 bilhão, os Estados Unidos, com US$ 212 milhões, e a União Europeia, com US$ 570 milhões.
Agência Efe

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Abbas
Durante pronunciamento na conferência, Abbas reafirmou que é necessário encerrar a ocupação de Israel na Palestina. “A cada dois anos fazemos uma conferência pela reconstrução depois da destruição e isso não é aceitável”.
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, pediu que o compromisso para a paz entre Israel e a Palestina seja renovado. "Dessa conferência não temos que tirar somente dinheiro, mas também um compromisso de todos para uma paz que responda às aspirações dos povos da região", afirmou.
Kerry disse ainda que os EUA trabalham com israelenses e palestinos para relançar o processo de paz e ressaltou que o cessar-fogo durável não substitui a paz – o que ele considera necessário para que Israel disponha de segurança e para que os palestinos tenham "um Estado e dignidade".
No mesmo sentido, o líder egípcio Abdel-Fattah el-Sissi pediu a Israel que encerre o conflito e considerou o lançamento de novos esforços baseado na iniciativa árabe apresentada pela primeira vez em 2002. “Eu peço ao povo e ao governo de Israel: agora é hora de encerrar o conflito… se a prosperidade prevalecer, então poderemos ter paz e segurança”.

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Abbas pediu que Israel aceite o plano de paz proposto pela iniciativa árabe. “O mais recente ataque de Israel na Faixa de Gaza, que resultou na vasta destruição e incontáveis catástrofes, é injustificável e não pode ficar sem consequências. Nós vamos continuar trabalhando e coordenando com o Egito e todos os envolvidos importantes para manter e consolidar o cessar-fogo”.
Hamas
O movimento islamita Hamas pediu que os doadores mudem os parâmetros com relação às conferências prévias e adotem medidas que garantam que o dinheiro chegue.

De acordo com a agência Efe, o número dois do grupo e ex-primeiro-ministro do governo na Faixa de Gaza, Ismail Haniyeh, afirmou que aceitava, pela primeira vez, a assistência internacional, mas ressaltou que, "infelizmente Gaza nunca recebeu o dinheiro prometido para a reconstrução nas duas conferências anteriores".
De acordo com a ONG Oxfam, se Israel não levantar o bloqueio contra a Faixa de Gaza, serão necessários 50 anos para que os recursos prometidos cheguem à população local. “A maior parte do dinheiro colhido na conferência ficará parada em contas bancárias por décadas”, diz um comunicado da entidade citado pela agência Ansa.
Reconstrução
A reconstrução de Gaza foi definida como prioridade pela nova administração do governo de unidade palestino, que se reuniu na última quinta-feira (09/10).
"Os anos de rixa entre nós e a distância entre os grupos palestinos ficaram para trás. O governo está embarcando na missão de restabelecer a vida na Faixa de Gaza ao curso normal", disse a jornalistas o primeiro-ministro do governo de unidade, Rami Hamdala.
Logo que o governo de unidade palestino foi anunciado em junho, Israel, em desaprovação ao acordo, chegou a anunciar que não permitiria o trânsito das autoridades palestinas por seu território. Na quinta-feira (09/10), no entanto, o país permitiu que 11 altos membros do gabinete do governo palestino cruzassem a fronteira de Erez — fechada por Israel após o início do bloqueio por terra, mar e ar imposto em 2007 – para participar da primeira reunião em Gaza.
Após os 50 dias de ofensiva militar, encerrada em 26 de agosto, diversas potências ocidentais e tradicionais aliadas de Israel — como os EUA, além da ONU (Organização das Nações Unidas) e a própria União Europeia — deixaram claro o apoio à missão do governo de unidade palestino em reconstruir a Faixa de Gaza. Com a pressão, Israel viu-se obrigado a aceitar o novo cenário político.