Em meio à desvalorização do rublo, Putin reconhece que sanções afetam economia russa

Em meio à desvalorização do rublo, Putin reconhece que sanções afetam economia russa
Redação | São Paulo - 04/12/2014 - 17h30
Em discuso anual, chefe do Kremlin admitiu impactos no setor econômico; moeda do país já caiu 40% em relação ao dólar e crescimento deve diminuir

Atualizada às18h06

Durante o discurso anual sobre o Estado da União, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu nesta quinta-feira (04/12) o peso que as sanções estabelecidas pela comunidade internacional após a crise política na Ucrânia desempenham na economia russa, que atualmente atravessa uma crise cambial -  nos últimos meses, o rublo se desvalorizou mais de 40% em relação ao dólar, o que pode pesar na inflação. 

Embora o chefe do Kremlin admita o caráter “prejudicial” das sanções após a anexação da península da Crimeia, ele também acusa que EUA e União Europeia encontrariam “outro pretexto” para isolar Moscou no cenário geopolítico e econômico global, em uma manobra de “puro cinismo”. Putin reconheceu que as condenações internacionais são "prejudiciais" para a Rússia, mas também para quem as promove. "Sanções são desagradáveis, mas sobretudo àqueles que as promovem", declarou.

Efe

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“Tenho certeza que se nada disso acontecesse eles teriam arranjado outra razão para conter as habilidades crescentes da Rússia”, denuncia. “Toda vez que alguém acredita que a Rússia se tornou forte, recorre a este instrumento”, complementa.

Somadas à queda do preço de exportações do setor energético no mercado internacional, as sanções implicaram um pessimismo na expectativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) russo em 2015, que, antes previsto para 1,2%, deve fechar o ano em -0,8%, de acordo com agências internacionais. Além disso, as decisões tomadas pelo Ocidente para condenar Moscou afetam diretamente os bancos russos e a confiança dos investidores nos negócios do país. 

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Putin ainda prometeu anistia fiscal para que os capitais retornem ao país, em meio a um cenário de fuga de capitais que ultrapassaram US$ 100 bilhões em 2014. No entanto, ele acusou os especuladores de serem os culpados pela desvalorização da moeda.

"Peço ao Banco da Rússia e ao governo que iniciem ações duras e coordenadas para aplacar as vontades dos chamados especuladores que se aproveitam das oscilações do rublo", rebate Putin, que acrescentou que "as autoridades sabem que são".

Putin ataca comunidade internacional

Para o chefe do Kremlin, Estados Unidos e União Europeia tentam destruir a economia do país como forma de punição e tentam desmembrar a Rússia "como fizeram com a Iugoslávia, mas que não conseguiram".“Jamais tomaremos o rumo do próprio isolamento, da xenofobia, da suspeita e da busca por inimigos. Tudo isso é uma manifestação de fraqueza, e nós somos fortes e confiantes em nós mesmos”, criticou.

Putin destacou que o Kremlin respeita a soberania ucraniana e ressaltou que o Exército russo "é moderno, educado, mas temível", frisando que "ninguém pode conseguir superioridade militar sobre a Rússia". Nesse aspecto, o líder recorda as intenções das tropas nazistas de invadir o território russo. 

“Hitler, com suas ideias de ódio à humanidade, quis destruir a Rússia. No entanto, todo mundo se lembra de como isso acabou” , afirmou Putin, ressaltando a vitória da União Soviética na batalha de Stalingrado.

Carlos Latuff/ Opera Mundi