Mão branca, mão preta
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Mão branca, mão preta
Mão branca, mão preta
Esta manhã veio mais um menino para a minha sala de aula.
Tem a pele negra.
Chegou com a neve!
A neve é branca, e ele preto.
Ficou sentado ao meu lado e chama-se Mamadu.
Eu chamo-me Romeu.
Quis tocar na mão dele com a minha.
Olhou para mim com a brancura dos seus olhos e sorriu.
E eu disse-lhe:
— Queres brincar?
Levantou-se e respondeu-me algo que não percebi.
Como era hora do recreio, fomos todos lá para fora.
Caminhámos na neve, e os nossos passos deixavam marcas…
Que lindo!
Depois, Mamadu pôs uma mão na neve.
Voltou a deixar marcas, cinco dedos,
mas não tinham nada de negro.
A seguir, pus eu a minha mão na neve.
Ficou uma marca igual à dele. E rimo-nos tanto!
Assim, brincámos à vez …
Mão preta, mão branca, mão preta, mão branca…
Parecia uma estrada feita de dedadas, todas elas iguais.
E eu disse:
— É o país das dedadas!
Mamadu desatou a rir.
Depois, o sol derreteu a neve e o nosso país desapareceu.
Certamente engolido pela erva do pátio!
Amanhã, brincaremos de novo, no recreio.
Agora tenho mais um amigo, Mamadu.
Amanhã, se voltar a nevar, brincaremos de novo à mão branca, mão preta.
Será o planeta de dedadas, se os nossos colegas não o calcarem.
Mão branca, mão preta.
Jacqueline Favreau
Main blanche main noire
Paris, Éditions L’Harmattan, 2002
(Tradução e adaptação)
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
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