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Porque o Bacalhau é tão tipico na culinária portuguesa se ele é de fato da Noruega? Como isso aconteceu?

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Porque o Bacalhau é tão tipico na culinária portuguesa se ele é de fato da Noruega? Como isso aconteceu?  Empty Porque o Bacalhau é tão tipico na culinária portuguesa se ele é de fato da Noruega? Como isso aconteceu?

Mensagem por Vitor mango Dom maio 17, 2020 12:08 am

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Porque o Bacalhau é tão tipico na culinária portuguesa se ele é de fato da Noruega? Como isso aconteceu?
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Bacalhau não é só encontrado na Noruega mas também no Canadá, apesar da pesca do mesmo ter sido proibida há anos, melhor…décadas. Também é pescado na Rússia e no Alasca, Pacífico Norte, onde existem variedades na espécie.

A História da Heroica Pesca do Bacalhau | ncultura
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[ltr]Já há séculos que os portugueses navegavam pela Terra Nova, e a norte da mesma, na região ártica. Havia por lá bacalhau à farta, o que salvou muitos pescadores portugueses da fome, mas devido às intensas pescas de arrasto por outros países, o estoque nessas águas quase se esgotou. Nossa culpa foi negligencial apesar de ser pesca a anzol, mas comparada à gravidade da pesca ao arrasto feita por países que nos achavam atrasados e estúpidos por pescarmos a anzol, foi a pesca desenfreada do arrasto que colocou o bacalhau em perigo, razão pela qual ainda a pesca do mesmo é proibida no Canadá, independente do método.[/ltr]

[ltr]A nossa pesca a anzol era feita por um único pescador em embarcação pequenina, de fundo chato, a que chamamos um "dóri". Havia tanto bacalhau naquelas águas frias da Terra Nova, que os pescadores ficavam horas seguidas em mar agitado e gélido. Depois lá voltavam para o barco mãe onde a restante tripulação os esperava, prontos para a limpeza, preparação e salga do peixe que só ia a Sol (para secar) quando chegava a Portugal. Enquanto o dóri balançava paralelo à embarcação, o pescador com seu harpão lançava cada um dos bacalhaus para o convés. Isto depois de horas e horas em alto mar, com chuva, frio e às vezes neve, era trabalho extremamente exaustivo, já para não dizer - perigoso-. O pessoal do convés limpava e espalmava os peixes para a salga, pondo alguns de parte para o cozinheiro ou ferver, fritar, ou assar com batatinhas, houvesse tal sorte as ter. O bacalhau era, e continua um peixe verdadeiramente saboroso, mas mesmo o não fosse, entre a tripulação não havia muito mais para comer.[/ltr]

[ltr]Os capitães portugueses da Terra Nova[/ltr]

[ltr]No regresso a Portugal vinham as embarcações cheias, ou melhor abarrotadas, sendo estas em várias ocasiões alvo de ataques de pirataria. Tínhamos a proteção dos ingleses, só que a ajuda não durou muito. Vendo os 'tugas' a fazer bom negócio, os anglos pularam no jogo piscatório da Terra Nova, (amigos da onça) e depois vieram os espanhóis e os franceses. É que além da competição a quatro, também surgiram 'regras' devido à colonização do Canadá disputada entre ingleses e gauleses. Assim se foi a proteção naval e o 'nosso' bacalhau, quando ja tínhamos tomado gosto pelo bicho. É que salgado ele mantinha-se bem, era farto, gostoso, barato, versátil e humilde, pois não dava luta ao anzol. Era 'nosso amigo' e este sentimento fofo de povo humilde e pobre para com o peixe igualmente humilde e amigo, colocou o bacalhau frequentemente à nossa mesa. Mas a pesca deste acabaria com os ingleses, franceses e espanhóis atrás uns dos outros, e um ultimato inglês pois agora aquilo era deles! Nós, pobres coitados e apaixonados pelo lindo e nobre peixe que se deixava pescar, passámos a ter que o importar da Inglaterra (cretinos) e foi uma valente miséria! Valeu-nos o Brasil na época, pois a partir daí foi uma desgraça histórica atrás doutra. Isto até que chega o século XX e implementa-se a ditadura militar em 1926. Com a carne escassa e cara, o povo não tinha muito para comer, pois o bacalhau continuava a ser importado da Inglaterra, ficava caro e havia fome. Salazar fez questão de abordar o problema na sua campanha eleitoral, prometendo atacar a importação do mesmo, e dando mais tarde início à 'Campanha do Bacalhau'. A intenção era recriar a indústria bacalhoeira portuguesa para não continuarmos sujeitos à importação, e conseguiu-se isso por algum tempo. Mas os pecadores tinham condições de trabalho terríveis, muitos morriam em alto mar deixando familias na miséria, os subsídios governamentais eram pequenos e coisa não durou lá muito. Mesmo assim, enquanto durou o preço do bacalhau baixou, e apesar de tudo, a frota bacalhoeira portuguesa aumentou em número. Para variar, a população continuava pobre e o nosso amado (e outra vêz por nós pescado) bacalhau continuou sendo o 'fiel amigo', salvando muitas famílias da fome. Como tudo que é bom não dura para sempre, chegou a revolução de Abril de 1974, e uns anitos após foram criadas zonas exclusivas económicas com limitações de pesca, e mais uma vêz, lá se vai a pesca do bacalhau literalmente por água abaixo! Enfim é uma sina. Actualmente é raro encontrar um portugues a comprar bacalhaus inteiros para uso próprio como antigamente, senão talvêz na época do Natal. Ainda se compra seco por mais ou menos €9–10 o kg, mas é raro, senão impossível, encontrar aqueles bacalhaus grandes, gordos e inteiros que meus pais compravam finais dos anos 60/70. Todos lascadinhos em postas grossas, umas em cima das outras por um custo muito abaixo os 100$00 escudos o kg. Vinha o 'fiel amigo' para casa embrulhado em papel pardo e atado com cordel, e dava nas vistas. Todos sabíamos o que lá vinha dentro quando o pai chegava com um embrulho daqueles.[/ltr]

[ltr]Enfim, após esta linda e trágica novela de amor bacalhoeiro, porque continua este peixe a ser tão amado pela culinária portuguesa, quando levou tantos dos nossos, e nem sequer é peixe nacional? É que o amor não escolhe nacionalidade, e os portugueses simplesmente adoram o nobre bacalhau que sempre nos deu a mão, e não só bacalhau, pois adoramos peixe em geral. Possuímos uma cobiçada localização geográfica e por isso as nossas grandes viagens de descobrimento, e as pescas que adviam delas. Foi daí que a história nacional se apimentou e também o amor ao bacalhau desabrochou. Apesar de hoje em dia as coisas não serem mais as mesmas, nunca deixámos de amar o 'nosso fiel' ; aliás até lhe construímos um museu na cidade de Ílhavo. Presentemente devemos dar graças (a Deus) e à Noruega por ainda nos vender algum, e junto esperamos igualmente pela recuperação total dos estoques deste lindo peixe, maravilhoso na personalidade e tão, tão saboroso, que merece todas as águas frias e límpidas do planeta, assim como as mesas leves e agradecidas não só dos portugueses, como de todos povos que amam este fantástico peixe.[/ltr]

[ltr]O bacalhau da Terra Nova está a recuperar[/ltr]


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