Morto membro do gang dos Ninjas

Morto membro do gang dos Ninjas
O cadáver encontrado totalmente carbonizado dentro de um Audi A8 num local ermo em Galegos, Penafiel, será de Manuel Pereira de Sousa – um perigoso elemento do gang dos Ninjas, os seguranças que no final dos anos 90 espalharam o terror no Vale do Ave e que actuavam a par de outro grupo de assaltantes que mais tarde assassinou João Melo, um inspector da Judiciária.

Ontem, e apesar de os exames de ADN ainda não estarem concluídos, de forma a identificar a vítima com total certeza, a ex-mulher reconheceu a pulseira recuperada do fogo como sendo de Manuel Sousa. Também não restam dúvidas de que o carro lhe pertencia – e que, desde a noite de sábado, todos desconhecem o seu paradeiro.

Para a família, neste momento, já restam poucas esperanças de o encontrar vivo. "Estive com ele cerca das 18h00 em minha casa. Apenas me disse que ia sem dizer quem era nem onde se iriam encontrar", adiantou ontem ao CM Cristina Rocha, a mulher que está separada de Manuel Sousa há 11 anos, mas com quem teve dois filhos, mantendo ainda hoje boas relações.

Cerca das 19h00, Manuel Sousa foi visto no centro comercial de Paredes, onde tem uma loja de artigos de decoração e electricidade.

O desaparecido tinha-se esquecido de fechar a porta da loja à chave e regressou minutos depois para trancar o estabelecimento. "Parece que ele ia jantar com a irmã ao restaurante Zé do Rio, em Marecos, Penafiel. Não me pareceu nem agitado, nem preocupado", adiantou ao CM Manuel Mesquita, amigo de Sousa e proprietário de uma loja vizinha. O CM contactou o referido restaurante e verificou que Manuel Sousa não chegou a aparecer. A partir daí, todos os familiares e amigos lhe perderam o rasto.

O telemóvel do comerciante está desligado, ninguém o viu nem contactou com ele. A PJ acredita que foi vítima de morte violenta e queimaram o corpo para esconder provas.

HOMICÍDIO COMETIDO POR GRUPO VIOLENTO

A violência do crime e o facto de quer o corpo quer o carro terem sido incendiados indiciam que foi cometido por um grupo violento. Não terá sido obra de apenas uma pessoa e o crime deverá estar ligado a negócios, ou ao mundo da droga, ou ao da segurança nocturna.

Segundo o CM apurou, as primeiras pistas que as autoridades apuraram apontam para que Manuel Sousa continuasse ligado ao mundo da violência. Ainda na noite de 6 de Dezembro, Sousa terá estado envolvido numa violenta cena de pancadaria, no bar Piso de Baixo, em Paredes, segundo fontes policiais. "Ele nunca esteva cá, nem o desentendimento tinha a ver com ele", garantiu, no entanto, José Rocha, funcionário do bar. Também recentemente, foi absolvido num processo de extorsão por falta de provas.

FAMÍLIA JÁ RECEBE PÊSAMES PELA MORTE

A morte de Manuel Sousa, electricista, ainda não estava confirmada durante a tarde de ontem, mas a casa dos pais, situada em Penafiel, já recebia a visita de dezenas de familiares e amigos. "Esteve envolvido no processo dos Ninjas. É verdade que esteve preso preventivamente. Mas há cerca de cinco anos que não se metia nessas coisas e que não estava envolvido no mundo da noite", afirmou ao CM o cunhado, Marco Ribeiro. "Não tenho nada que lhe apontar. Apesar de estar separado da minha filha, sempre cuidou bem dos filhos e mantinham boas relações", afirmou Maria Moreira, a sogra.

PORMENORES

FORA DA NOITE

Todos os familiares e amigos de Manuel Sousa garantiram que a alegada vítima estaria desligada do mundo da noite e que agora se dedicava apenas à sua profissão de electricista. No entanto, fontes policias desmentem essa tese ao ‘CM’.

VIAGENS AO BRASIL

O cunhado ainda tem esperanças de encontrar o familiar vivo. "Ainda este ano se ausentou sem dizer nada a ninguém durante 15 dias e voltou para casa. Aconteceu três vezes este ano."