AS NOVAS ARMAS DE LEVITAÇÃO MASSIVA
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AS NOVAS ARMAS DE LEVITAÇÃO MASSIVA
AS NOVAS ARMAS DE LEVITAÇÃO MASSIVA
Ferreira Fernandes
Jornalista - ferreira.fernandes@dn.pt
Esta semana, pouco antes de morrer, o britânico Harold Pinter, Prémio Nobel da Literatura 2005, deu uma entrevista ao jornal The Guardian. Disse: "Penso que o cricket é a coisa mais maravilhosa que Deus criou. Certamente melhor que sexo, embora o sexo também não seja para deitar fora."
Felizmente para os agentes da CIA, o desporto do Afeganistão é o buzhashi. O buzhashi: os cavaleiros correm na estepe com a carcaça de uma cabra sem cabeça e lançam-na o mais longe possível da meta. Poupo-vos os pormenores, o importante é sabermos que não é o cricket. Tendo de competir, não com o sofisticado desporto tão amado por Pinter mas com uma cabra decapitada, a CIA pôde recrutar no Afeganistão distribuindo pílulas de Viagra, pois os locais continuam a dar primazia ao desporto mais popular do mundo. Sim, esse, leitor.
"Os homens conquistam-se pelo estômago", diziam as mães antigas às filhas casadoiras, mas os homens, pelo menos os barbudos, continuam convencidos de que essa afirmação tem a mira alta de um palmo. Comprovou-o, mais uma vez, uma reportagem do Washington Post: a última arma nos campos de batalha do Afeganistão são as pílulas azuis. Os chefes das aldeias andavam relutantes em denunciar os talibãs. Faziam-se caros a dinheiro e encolhiam os ombros a armas. Até que os americanos lhes tocaram no ponto mais sensível.
Lembro: muitos desses chefes tradicionais são homens entradotes e casados, como lhes consente a lei muçulmana, com quatro mulheres. Geralmente mais novas.
Embora muito tradicionalistas, os chefes deram-se bem com a revolução sexual que lhes foi propiciada pelos agentes estrangeiros que lhes ofereceram Viagra. Os politólogos, que dizem que "tudo é uma questão de poder", mais uma vez tiveram razão. Embora, desta vez, de forma bem localizada. E provou-se mais uma vez a capacidade regeneradora do imperialismo, capaz de absorver as ideias do inimigo - "façam amor, não a guerra" - e transformá-las a seu favor: "Fazer a guerra, ajudando a fazer amor.".
O orgasmo desta estratégia, se me é permitida a expressão, é tornar os talibãs também dependentes do Viagra. Tarefa que não me parece impossí- vel, havendo 70 virgens à espera deles no outro mundo. Isto é, como (mais ou menos) o Ocidente já tinha prometido, há erecções livres no Afeganistão.
Ferreira Fernandes
Jornalista - ferreira.fernandes@dn.pt
Esta semana, pouco antes de morrer, o britânico Harold Pinter, Prémio Nobel da Literatura 2005, deu uma entrevista ao jornal The Guardian. Disse: "Penso que o cricket é a coisa mais maravilhosa que Deus criou. Certamente melhor que sexo, embora o sexo também não seja para deitar fora."
Felizmente para os agentes da CIA, o desporto do Afeganistão é o buzhashi. O buzhashi: os cavaleiros correm na estepe com a carcaça de uma cabra sem cabeça e lançam-na o mais longe possível da meta. Poupo-vos os pormenores, o importante é sabermos que não é o cricket. Tendo de competir, não com o sofisticado desporto tão amado por Pinter mas com uma cabra decapitada, a CIA pôde recrutar no Afeganistão distribuindo pílulas de Viagra, pois os locais continuam a dar primazia ao desporto mais popular do mundo. Sim, esse, leitor.
"Os homens conquistam-se pelo estômago", diziam as mães antigas às filhas casadoiras, mas os homens, pelo menos os barbudos, continuam convencidos de que essa afirmação tem a mira alta de um palmo. Comprovou-o, mais uma vez, uma reportagem do Washington Post: a última arma nos campos de batalha do Afeganistão são as pílulas azuis. Os chefes das aldeias andavam relutantes em denunciar os talibãs. Faziam-se caros a dinheiro e encolhiam os ombros a armas. Até que os americanos lhes tocaram no ponto mais sensível.
Lembro: muitos desses chefes tradicionais são homens entradotes e casados, como lhes consente a lei muçulmana, com quatro mulheres. Geralmente mais novas.
Embora muito tradicionalistas, os chefes deram-se bem com a revolução sexual que lhes foi propiciada pelos agentes estrangeiros que lhes ofereceram Viagra. Os politólogos, que dizem que "tudo é uma questão de poder", mais uma vez tiveram razão. Embora, desta vez, de forma bem localizada. E provou-se mais uma vez a capacidade regeneradora do imperialismo, capaz de absorver as ideias do inimigo - "façam amor, não a guerra" - e transformá-las a seu favor: "Fazer a guerra, ajudando a fazer amor.".
O orgasmo desta estratégia, se me é permitida a expressão, é tornar os talibãs também dependentes do Viagra. Tarefa que não me parece impossí- vel, havendo 70 virgens à espera deles no outro mundo. Isto é, como (mais ou menos) o Ocidente já tinha prometido, há erecções livres no Afeganistão.
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