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ASSIM FALAVA ZARATUSTRA - IV

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Mensagem por Anarca Ter Dez 30, 2008 11:15 am

A Morte de Deus, a Vontade de Poder e o Eterno Retorno no Zaratustra de Nietzsche. (IV)

A teoria do Eterno Retorno, a ideia mais radical da filosofia de Nietzsche, apresentada pela primeira vez explicitamente no Zaratustra, é condição essencial para a superação do niilismo, a relação afirmativa do homem com a vida.

No fim do segundo livro, Zaratustra abandona os seus discípulos tornando-se ele mesmo discípulo.

Zaratustra quer superar a crença na oposição de valores.

A ideia do Eterno Retorno é a sua possibilidade de realizar uma filosofia trágica.

Dois aspectos da doutrina do Eterno Retorno:

1) Doutrina Física/Cosmológica do Eterno Retorno:

Há um movimento circular do tempo e das coisas.

Tudo volta a acontecer uma infinidade de vezes.

Com a ideia de Eterno Retorno, nesta acepção cosmológica, Nietzsche insurge-se contra a noção de um momento inicial do tempo afirmando a sua infinitude.

2) Doutrina Ética do Eterno Retorno:

A ética de Nietszche é uma ética imanente, diz respeito aos valores vitais (intensidade, força, potência) e não aos valores transcendentes e universais da moral (dever, Bem, Mal...)

Nietzsche valoriza a vida vivida intensamente, vivida ao máximo das nossas capacidades.

No sentido ético, a doutrina do Eterno Retorno diz respeito à vontade humana:

Se em tudo o que quisermos fazer nos perguntarmos se queremos fazê-lo uma eternidade de vezes, isso será para nós o mais sólido centro de gravidade.

Ou seja, tudo aquilo que quisermos, devemos querer que volte uma eternidade de vezes.

Numa leitura do Zaratustra, este sentido ético deverá prevalecer sobre o sentido físico / cosmológico.

Para Nietzsche é a Vontade de Poder que liberta o homem do niilismo passivo.

O homem que é capaz de querer o eterno retorno de todas a coisas (das boas e das más) é o mais feliz dos homens, que já não vive atormentado pelo desespero do nada.

Devemos, então, viver como se tudo voltasse eternamente.

Assim, se cada momento voltar uma infinitude de vezes, devemos vivê-lo o mais intensamente e alegremente possível.

Amar a vida com o máximo de intensidade é o que Nietzsche entende por Amor Fati.

Assim, a ideia de um Eterno Retorno cosmológico deve ser entendida como uma mera metáfora, uma mentira poética, tanto mais que é fugazmente referida por Nietzsche em A Gaia Ciência e rapidamente desaparece da sua obra.

Esta mentira poética serve para pôr em cena o pensamento ético de Nietzsche, o Amor Fati.

Afirmar éticamente o Eterno Retorno é dizer:

Foi assim que se passou, assim eu quis.

(Notas da conferência do Prof. Roberto Machado na Flup)
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