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O MÉDIO ORIENTE NAS PÁGINAS DOS JORNAIS Mário B. Resendes provedor@dn.pt Thomas

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Mensagem por Admin Sáb Jan 17, 2009 4:35 am

O MÉDIO ORIENTE NAS PÁGINAS DOS JORNAIS


Mário B. Resendes
provedor@dn.pt
Thomas L. Friedman é um dos jornalistas norte-americanos que mais escrevem e melhor conhecem a problemática dos conflitos do Médio Oriente. O seu trabalho como correspondente do New York Times na região, primeiro em Beirute, de 1979 até 1984, e depois em Jerusalém, até 1989, valeu-lhe dois prémios Pulitzer.

Curiosamente, na apresentação do seu livro From Beirut to Jerusalem, uma obra editada em 1989 e que é um auxiliar precioso de entendimento sobre o que se passa num mundo tão complexo, Friedman confessa que "nada na vida tinha preparado um jovem repórter para o que foi encontrar em Beirute" e que os seus estudos prévios sobre o Médio Oriente e os livros que lhe tinham servido de base documental "pouco tinham a ver" com o que se lhe deparou no terreno.

O provedor evoca, aqui, o livro e as palavras de Friedman a propósito de algumas interpelações que lhe têm sido dirigidas nas últimas semanas sobre a situação na Faixa de Gaza, matéria em que os leitores evidenciam algumas dificuldades em entender todas as cambiantes do conflito, nomeadamente o seu enquadramento e raízes históricas.

O tema alimentava - tem alimentado... - inúmeros estudos e ensaios e tem um âmbito que não cabe sequer na vocação desta coluna. Analisemos, mesmo assim, de forma sucinta, o que se passa nos media portugueses, em particular nas páginas do Diário de Notícias.

As autoridades israelitas queixam-se, com frequência, de que a generalidade dos media ocidentais não é isenta relativamente ao que se passa no Médio Oriente. A alegação terá algum fundamento, sobretudo se tivermos em conta a imprensa europeia, uma vez que, nos Estados Unidos, é visível, em alguns dos órgãos de comunicação mais importantes, a influência da poderosa comunidade judaica.

Dir-se-á, desde logo, que a imprensa europeia reflecte, em muitos casos, aquela que é a perspectiva dominante da opinião pública. E não é uma situação surpreendente, se tivermos presente que o anti-semitismo ainda hoje é uma realidade preocupante em muitas sociedades do Velho Continente - como muito bem notou o actual Presidente de Israel numa entrevista transmitida há dias pela SIC, da responsabilidade de Henrique Cymerman, um dos jornalistas que, ao longo dos últimos anos, têm contribuído, com trabalho de qualidade, para que os portugueses melhor deslindem os contornos de uma conjuntura de enorme complexidade.

É óbvio que, também aqui, as coisas não são "a preto e branco". Há nuances no conflito que justificam reflexão e análise aprofundada. O provedor permite-se chamar a atenção para artigos recentes de Mário Soares e Adriano Moreira, nas colunas de opinião do DN, e, na concorrência - o Público -, textos de Helena Matos (Livro de Estilo para Referir Israel) e de Miguel Gaspar (Como Perder a Guerra dos Media). Com linhas de pensamento e focagem diferenciadas, são contribuições meritórias, nos dois primeiros casos para enquadrar a história e a actualidade da guerra e, nos artigos de Helena Matos e de Miguel Gaspar, para descodificar as repercussões e as tónicas da cobertura jornalística do conflito.

O DN tem a vantagem de ter, nos seus quadros, uma jornalista, Lumena Raposo, que conhece bem a região e tem trabalho e currículo consolidado sobre o que se passa naquela zona do mundo. Tanto quanto concluiu a análise do provedor, o jornal tem sabido tirar proveito dessa mais-valia, enveredando ainda por caminhos complementares de desenvolvimento e aprofundamento da situação, com recurso a reportagens e entrevistas. É isso o que esperam e merecem os seus leitores. |
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Mensagem por Admin Sáb Jan 17, 2009 4:38 am

segui os conselhos do Resende e ai vai obra

Guerra e paz, por Miguel Gaspar
Por Miguel Gaspar
06.01.2009
A guerra em Gaza libertou de novo o debate apaixonado e radicalizado que a questão não resolvida do Médio Oriente continua a suscitar.


Está a ser antes de tudo a guerra de dois homens que foram fotografados juntos pela última vez num encontro simbólico nas ruínas de Masada, em Maio do ano passado, e que dentro de algumas semanas terão deixado a política activa: George W. Bush e Ehud Olmert. Não que esta seja apenas uma guerra de Israel e dos Estados Unidos. Trata-se também evidentemente da guerra do Hamas, da Síria e do Irão. É impossível discuti-la sem condenar os rockets disparados contra o Sul de Israel e a ilegitimidade absoluta de um governo à margem de toda a legalidade como é o do Hamas na Faixa de Gaza.

Mas a questão central, neste momento, é a do direito de Israel em atacar nos termos em que o está a fazer. Não se trata apenas da desproporcionalidade da resposta militar, mas do inominável absurdo de expor um milhão e meio de palestinianos a um conflito que não encomendaram e do qual não têm fuga possível. E que antes desta guerra viviam já numa situação humanitária degradante e inaceitável. Para ganhar a sua guerra, Israel devia ter começado por aqui, pela resolução da crise humanitária em Gaza, cooperando com as Nações Unidas. Isso ter-lhe ia dado uma plataforma de legitimidade para combater, nos fóruns internacionais e junto dos patronos do Hamas, o domínio do movimento islamista na Faixa. Ou seja, transportando o problema para o nível político e não usando a população de Gaza como refém de um jogo político sangrento, pelo qual o Hamas também é obviamente responsável.

Não, o direito à defesa de um Estado democrático como é Israel não é alienável, mas não pode ser feito de qualquer maneira. Persiste, no entanto, o equívoco de que a única opção "realista" é o recurso à força. Mas é o Hamas quem tira os ganhos políticos desta opção. Agindo através das armas, com a brutalidade com que o está a fazer, Israel coloca-se de fora de qualquer solução política consensual. No nosso tempo não é politicamente aceitável expor populações civis a graus de violência como este, em particular quando o trilho político não foi suficientemente percorrido. Um dos preços mais graves que Israel paga é a legitimação política que dá ao Hamas, permitindo que um movimento inaceitável segundo qualquer critério do século XXI seja confundido com os interesses dos palestinianos.

Existia uma alternativa à ofensiva militar? Existia. Mesmo existindo uma resposta militar proporcional à ameaça, ela passaria por uma resposta política a um conflito político. Mesmo sabendo que através do Hamas é uma guerra com o Irão que Israel está a travar. Também neste contexto teria sido uma melhor resposta a uma radicalização que interessa ao Hamas e a Teerão.

Ehud Olmert e George W. Bush serão história dentro de dias - mas não o conjunto de circunstâncias que têm permitido uma degradação constante do conflito israelo-palestiniano, de que o conflito em Gaza é apenas mais uma etapa. A irrelevância das Nações Unidas ficou de novo exposta de uma forma brutal e não se está a ver que a Europa ou um actor regional importante como a Turquia poderão ir longe na resolução do conflito. Tudo depende, como também ficou de novo claro, da carta-branca que venha ou não de Washington. E isso dá bem a medida do desafio que a partir de dia 20 espera um Barack Obama que queria antes do mais pensar em economia. Mas que entre os atentados em Bombaim e a guerra em Gaza já percebeu que o preço de virar as costas é proibitivo. Em Gaza, de qualquer forma, já se está a pagar um preço que não se pode aceitar. Jornalista
miguel.gaspar@publico.pt
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