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IRRESPONSABILIDADE E VERGONHA Mário Soares 1.

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Mensagem por Vitor mango Ter Fev 03, 2009 2:18 am

IRRESPONSABILIDADE E VERGONHA


Mário Soares
1. O Presidente Barack Obama continua a não perder tempo. Está a dar passos consequentes no início da "nova era", que anunciou na cerimónia da sua posse. Subscreveu uma lei que garante a igualdade de género: "A trabalho igual, igual salário." Deu um grande impulso aos sindicatos, recebendo- -os na Casa Branca e restabelecendo direitos perdidos. E, obviamente, começa a ter oposições, aliás esperadas. Os republicanos, apesar de elegerem um novo líder também afro-americano - o que é significativo -, tiveram os primeiros choques contra o Presidente, negando-se o Senado a aprovar o plano de recuperação da crise que Obama apresentou ao Congresso. Cool, como já se percebeu que é - ou seja: frio, pragmático, prudente, calmo e moderado -, não se deu por vencido e continuou a negociar, aceitando fazer pequenas emendas no seu plano. Do meu ponto de vista, acho que vai conseguir fazer passar o plano no Congresso.

Entretanto, chamou a atenção pública para o escândalo de como foram gastos os dinheiros concedidos à banca - como o City Bank - e a grandes empresas, através do plano Paulson, ainda no tempo de Bush. Foram, em boa parte, gastos em prémios dados aos gestores das empresas, que os receberam e em despesas sumptuárias, como na compra de um avião privado, caríssimo, para uso próprio dos administradores. Como disse Obama: "Os executivos dos grandes bancos repartiram entre si 14 250 milhões do plano da crise." E acrescentou: "Uma irresponsabilidade e uma vergonha!" Além disso, anunciou um controlo do Estado para que tudo seja transparente e publicamente conhecido, uma vez que o dinheiro provém dos contribuintes...

Na Europa, em geral, tem-se aplicado a mesma receita. E também não está a correr bem. É desconhecido, por enquanto, para onde foram - e sobretudo como foram gastos - os dinheiros expendidos para conter a crise, pelos Estados nacionais. Perante o exemplo americano, é natural que os políticos europeus dêem a conhecer como foi gasto o dinheiro e se não foi também, como se desconfia, para beneficiar - sem qualquer controlo - os mesmos gestores que continuam a conservar os seus lugares, apesar de serem os responsáveis principais do desastre. Em perfeita impunidade, até agora.

Portugal, infelizmente, parece não ter sido excepção a essa regra geral. "Mudar o menos possível, para que tudo fique na mesma..." Mas não é possível. Foi a "mão invisível", a auto-regulação dos mercados, que conduziu ao desastre! Quando os ouvimos falar - os inquiridos, arguidos ou apenas suspeitos - com o à-vontade e a desfaçatez com que o fazem, ficamos com a convicção de que ainda não aprenderam nada com a crise... E o pior é que o tempo de mudança urge.

2. Davos (o Fórum Económico Mundial) e o Fórum Social Mundial, que se reuniu no Brasil, ignoraram-se soberanamente. E, no entanto, encontram-se perante a mesma impotência, ao mesmo tempo, em continentes diferentes, no que se refere a previsões ou a medidas práticas quanto ao futuro. Davos, na estância de Inverno de grande luxo da Suíça, que este ano esteve quase deserta de economistas, apanhados, sem a terem previsto, pela maior e mais complexa crise de sempre e perante o caos, sem resposta, que todos os dias parece reforçar-se. Contudo, não faltaram políticos ilustres, como o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, Bill Clinton, que confessou ser "grande fã de Obama", Vladimir Putin, Wen Jiahao, primeiros-ministros da Rússia e da China, Blair, em manifesta decadência, e Recep Erdogan, primeiro-ministro da Turquia, que se irritou especialmente com o discurso de Shimon Peres e abandonou, claramente zangado, a reunião. Só por esse facto, parece ter-se tornado um herói do mundo muçulmano! O conflito israelo-palestiniano sobrepôs-se assim às preocupações quanto à crise global financeiro-económica. Ao menos, todos reconheceram o mito inaceitável da mão invisível que auto-regularia - erro fatal - o mercado global...

O Fórum Social, que este ano voltou ao Brasil, onde começou há anos, em Porto Alegre, reuniu, como é habitual, alteromundialistas de diferentes tipos, vindos de vários continentes, mas também Chefes de Estado, como Lula da Silva, Hugo Chávez, Evo Morales, quase todos latino-americanos, mais ou menos radicais. Manifestaram-se violentamente contra o capitalismo financeiro-especulativo - o que está certo: esse tipo de capitalismo morreu - e em favor do socialismo. Mas que socialismo? Não, seguramente, o socialismo de tipo soviético ou, muito menos ainda, chinês... Do socialismo democrático, não gostam. Então, qual? Foi o que não ficou claro, num areópago essencialmente protestatório...

3. O mais grave de tudo nesta crise global: é o desemprego em massa que continua a crescer, com o encerramento de fábricas e outras empresas, tanto grandes como pequenas, em todos os continentes. A indústria automóvel parece ter sido particularmente afectada, tanto na América como na Europa, no Japão, na Rússia ou na China, países emergentes, que adoptaram o modelo económico neoliberal, no pior que tem, e estão a sofrer muito com a intensificação da crise. Nos próximos tempos, atenção a estes dois colossos, às dificuldades por que vão passar e à forma como vão gerir - difícil de prever - os inevitáveis conflitos sociais que vão ter de enfrentar...

Com o desemprego em crescendo vem o aumento da pobreza, o desespero, a crescente violência e as revoltas. Para além da queda dos preços e do fantasma da deflação...

No Reino Unido deu-se já o fenómeno da discriminação dos imigrantes - com greves em todo o território contra os trabalhadores estrangeiros, sob o slogan "os britânicos, primeiro". Os portugueses, os espanhóis e outros europeus de Leste, que vivem e trabalham no Reino Unido, mesmo em sectores fortemente especializados, foram dos primeiros, talvez por pertencerem à União Europeia, a sentir-se discriminados por um certo e inesperado xenofobismo. E, como é natural, o Partido Trabalhista, de Gordon Brown, desceu outra vez nas sondagens mais de 12 pontos relativamente ao Partido Conservador... O Reino Unido está numa situação particularmente crítica, com a libra a descer, o que afecta gravemente o nosso turismo interno, sem perspectivas de melhorar, a curto prazo.

A França, contrariamente ao que prometeu Sarkozy, não vai melhor. A 29 de Janeiro a greve geral, convocada por oito centrais sindicais (CGT, CFDT, FO, CFTC, CFE- -CGC, FSU, UNSA, Solidaires) conseguiu reunir dois milhões e meio de manifestantes em muitas cidades, abrangendo praticamente todo o território nacional. Sarkozy tinha dito, no princípio das férias passadas, que não haveria mais greves capazes de serem notadas pelos franceses. Enganou-se. É certo que as greves não criam emprego. Todos sabemos. Mas revelam um mal-estar social, que azeda a crise e pode gerar revoltas violentas, sempre perigosas. O que já está a acontecer, em países tão diferentes como a Grécia, a Rússia, a China, sem que se conheça no Ocidente a sua extensão, na Alemanha, no Japão, na Itália, na Suíça, em protesto contra o Fórum Económico Mundial, em Madagáscar, extremamente violentas e, mais ou menos, por toda a parte, embora por razões e com sentidos muito diversos...

Em momento de crise, tão profunda - e ainda no começo - como a actual, um certo tipo de consenso e de paz civil seria altamente útil. Mas como o obter num mundo tão contraditório, desigual e sem rumo como o nosso, nomeadamente na União Europeia? Na América do Norte, onde a crise começou, ao menos há agora um rumo claro, o que está a dar esperança e apaziguamento à sociedade americana, que os tinha perdido. Na União Europeia, não, infelizmente. Não se vê qual é o rumo a seguir pela União, quando as acções não são concertadas e cada país reage como entende. A Comissão Europeia está paralisada e o Presidente Durão Barroso parece apenas pensar na reeleição. Mas será possível que os mesmos rostos, tão marcados por um passado recente, possam merecer a confiança dos europeus?É difícil de imaginar...

4. O Papa Bento XVI, embora com a reputação de ser um destacado teólogo, quando era o cardeal Ratzinger, tem mostrado ser bastante reaccionário, para um Papa do século XXI, tanto no plano político como religioso. Nesse sentido, tem repetido as gaffes, desde a primeira conferência que fez, na sua Universidade alemã de Ratisbona, logo a seguir a ter sido eleito Papa, como com a questão da beatificação dos mártires da Guerra Civil de Espanha, que só acolheu os franquistas - o que desagradou fortemente aos espanhóis republicanos -, até agora, com o levantamento da excomunhão de monsenhor Williamson e mais três bispos integristas discípulos do célebre cardeal francês Lefebvre, excomungado depois do Concílio Vaticano II.

As palavras de Williamson, negando o holocausto dos judeus pelos nazis, provo- caram a indignação do mundo judeu e, em especial, do Grande Rabino de França, Gilles Bernheim, que deu uma entrevista ao Le Monde, no domingo último, onde declarou - na qualidade de judeu e de militante do diálogo inter-religioso - "(...) porque negar a Shoah é insultar a memória de seis milhões de judeus mortos nos campos de gás nazis".

Não se percebe, com efeito, como em tempos tão difíceis o Papa, com um tal gesto, ouse deitar achas para a fogueira do conflito entre religiões
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Vitor mango
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Mensagem por Vitor mango Ter Fev 03, 2009 2:21 am

4. O Papa Bento XVI, embora com a reputação de ser um destacado teólogo, quando era o cardeal Ratzinger, tem mostrado ser bastante reaccionário, para um Papa do século XXI, tanto no plano político como religioso. Nesse sentido, tem repetido as gaffes, desde a primeira conferência que fez, na sua Universidade alemã de Ratisbona, logo a seguir a ter sido eleito Papa, como com a questão da beatificação dos mártires da Guerra Civil de Espanha, que só acolheu os franquistas - o que desagradou fortemente aos espanhóis republicanos -, até agora, com o levantamento da excomunhão de monsenhor Williamson e mais três bispos integristas discípulos do célebre cardeal francês Lefebvre, excomungado depois do Concílio Vaticano II.
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Mensagem por Vitor mango Ter Fev 03, 2009 2:23 am

através do plano Paulson, ainda no tempo de Bush. Foram, em boa parte, gastos em prémios dados aos gestores das empresas, que os receberam e em despesas sumptuárias, como na compra de um avião privado, caríssimo, para uso próprio dos administradores. Como disse Obama: "Os executivos dos grandes bancos repartiram entre si 14 250 milhões do plano da crise." E acrescentou: "Uma irresponsabilidade e uma vergonha!" Além disso, anunciou um controlo do Estado para que tudo seja transparente e publicamente conhecido, uma vez que o dinheiro provém dos contribuintes...

a chamada socializaçao inter banditismo de fato e gravata e sapato de biqueira fina
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