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Tensões no Oriente Médio reverberam na França

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Tensões no Oriente Médio reverberam na França Empty Tensões no Oriente Médio reverberam na França

Mensagem por Vitor mango Ter Fev 03, 2009 3:33 am


Tensões no Oriente Médio reverberam na França

País é lar para as maiores comunidades judias e muçulmanas da Europa.
Conflito em Gaza ressuscitou antigas tensões.

Katrin Bennhold Do 'New York Times'
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Em uma televisão de tela plana gigante, os Chabchoubs, uma família de imigrantes da Tunísia, assistiram a mulheres de véu se lamentando sobre corpos de crianças mortas, enquanto os pais choravam silenciosamente. As pilhas de destroços, o bebê contorcido coberto de queimaduras severas - tudo isso vinha direto de Gaza para sua sala de estar, neste subúrbio operário de Paris.

Para os Chabchoubs, assim como para muitos dos cerca de cinco milhões de muçulmanos que moram na França, Gaza parece muito próxima devido aos canais de televisão árabes, como o Al Jazeera, que tiveram acesso à zona de conflito, ao contrário da mídia ocidental.

"É boa a interrupção deste conflito, mas isso não significa que vamos esquecer", disse Enis Chabchoub, 29 anos, instrutor de informática que assistia às notícias com seus pais, irmãos e cunhada. "Essa guerra será lembrada, não só em Gaza".


Na França, lar para as maiores comunidades judias e muçulmanas da Europa Ocidental, o conflito entre o Hamas e Israel exacerbou profundamente o fervor nas últimas três semanas. As emoções, fortemente expressadas em protestos que levaram dezenas de milhares de pessoas às ruas, foram um dos fatores incentivadores dos esforços diplomáticos de líderes franceses, incluindo o presidente Nicolas Sarkozy, com o objetivo de obter um cessar-fogo duradouro.

"As emoções sentidas no Oriente Médio também estão em nossas ruas", disse recentemente Jean-David Levitte, principal conselheiro diplomático de Sarkozy.

Vinte e dois dias de conflito em Gaza também ressuscitaram antigas tensões, e em alguns casos violências, entre as duas comunidades cujos membros geralmente vivem nos mesmos bairros e sofrem discriminação permanente.


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Algumas pessoas temem que a guerra possa ter causado estragos duradouros nas relações das comunidades. Líderes judeus alertam sobre os perigos de um tipo difuso de sentimento antissemita se fortificar na comunidade muçulmana. Por outro lado, os islâmicos acusam algumas das comunidades judaicas de alimentar uma tendência contra os muçulmanos ao deliberadamente falar sobre diferenças que, alegam eles, são políticas, não religiosas.



Reflexos da violência

Desde que o conflito em Gaza começou, no dia 27 de dezembro, bombas incendiárias foram lançadas em quatro sinagogas na França, apesar da polícia não afirmar ao certo se os acusados são muçulmanos. Um estudante judeu foi atacado por jovens de origem árabe em um subúrbio de Paris, e dois estudantes muçulmanos foram atacados do lado de fora da escola por agressores pró-Israel. Tanto as famílias muçulmanas quanto as judias disseram ter havido um aumento na intimidação e no assédio verbal.

Richard Prasquier, líder do Conselho Representativo das Instituições Judaicas Francesas, disse que pelo menos 60 atos antijudeus foram cometidos desde o início do conflito em Gaza, uma quantidade cinco vezes maior em um período de três semanas.

"O antissemitismo na comunidade muçulmana está se tornando mais ideológico, e os eventos recentes podem reforçar isso", afirmou Prasquier, em seu escritório na sede do conselho, em Paris. "Eles não se veem como antissemitas; eles se identificam com os palestinos vítimas de Israel. Mas eles usam praticamente os mesmos estereótipos de antissemitismo antigo, a ideia dos judeus abastados que manipulam governos e são a origem de todo o mal."

M'hammed Henniche, da União de Associações Muçulmanas, localizada no distrito de Seine-St.-Denis, no norte de Paris, que inclui Noisy-le-Grand, enxerga a situação de uma forma diferente: "Sim, existe ódio, mas não contra os judeus, e sim contra Israel", ele disse. "O problema é que, quando você condena Israel, é chamado de antisemita. Para nós, não se trata de religião, trata-se de política."

Porém, ele também afirmou que o diálogo inter-religioso entre muçulmanos e judeus sofreu bastante como resultado da guerra, e, em alguns casos, foi totalmente suspenso.

"Algo está rompido", ele disse.



Histórico

As tensões entre muçulmanos e judeus não são novidade por aqui; uma onda de violência ocorreu durante a Intifada Palestina em 2000. Elas também não são exclusivas da França, como demonstraram, nas últimas semanas, incêndios premeditados e ataques na Grã-Bretanha, Dinamarca e outros locais da Europa. Porém, o tamanho das comunidades daqui tornou as tensões mais óbvias.

Adicione a isso o doloroso histórico colonial da França em países árabes e um pequeno, mas pronunciado movimento de extrema direita com impulsos antissemitas e anti-imigrantes, e as relações entre muçulmanos e judeus franceses está mais complexa que nunca.


Ampliar Foto Foto: Reuters Foto: Reuters
Palestino se desespera com casa destruída em Gaza por bombardeios, em 28 de janeiro (Foto: Reuters)

As pessoas em ambas as comunidades têm condenado vigorosamente a violência recente, e ambos os lados salientam suas afinidades culturais.

Como a maioria dos muçulmanos aqui, cerca de dois terços dos 600 mil judeus residentes na França são de origem norteafricana. Os dois grupos compartilham uma série de características culturais, incluindo a culinária e coloquialismos, e muitos muçulmanos e judeus são contrários a uma lei aprovada em 2004 que baniu praticamente todas as vestimentas e os símbolos religiosos das escolas públicas francesas, incluindo o véu muçulmano e o quipá judaico.

No entanto, apesar das gerações mais velhas ainda terem a memória de quando viviam pacificamente lado a lado, outros lamentam a gradual suavização da atmosfera. Algumas pessoas culpam conflitos como a guerra no Iraque ou o impasse com o Irã em relação a suas ambições nucleares por afastar as comunidades. Outros veem o surgimento de canais de televisão por satélite como uma fonte de tensão, porque os eventos são relatados sob pontos de vista políticos largamente distintos.



A guerra em Gaza causou fortes emoções até no 19th Arrondissement, no nordeste de Paris, um dos maiores bairros, muito pobre e racialmente diversificado.

Açougueiros kosher e uma grande escola religiosa Lubavitcher estão a apenas alguns passos do Medina Hammam Center, e nenhum ataque contra judeus ou muçulmanos foi reportado no bairro nas últimas três semanas. Ainda assim, as emoções estão à flor da pele.

"Eles estão vindo atrás de nós na França, pois não podem nos pegar em Israel", disse uma mulher judia, enquanto saía da sinagoga local. Ela falou sob condição de anonimato, pois temia por sua segurança.

Dois quarteirões mais adiante, Ahmed Bessa, 45 anos, vendedor que usava um chapéu muçulmano, disse que os judeus estavam divulgando a violência na França e em outros lugares da Europa porque a opinião pública europeia não compartilhava a visão deles da guerra em Gaza. "Eles querem se mostrar como vítimas aqui, pois sabem que não são as vítimas lá", ele disse.

No entanto, se um pensamento une as pessoas de ambos os lados, este é a esperança por uma resolução rápida e duradoura para o conflito entre o Hamas e Israel.

"A única forma de acabar com esse assunto", disse Chabchoub, em Noisy-le-Grand, "é um acordo de paz decente e duradouro."
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Mensagem por Vitor mango Ter Fev 03, 2009 4:49 am


Como a maioria dos muçulmanos aqui, cerca de dois terços dos 600 mil judeus residentes na França são de origem norteafricana. Os dois grupos compartilham uma série de características culturais, incluindo a culinária e coloquialismos, e muitos muçulmanos e judeus são contrários a uma lei aprovada em 2004 que baniu praticamente todas as vestimentas e os símbolos religiosos das escolas públicas francesas, incluindo o véu muçulmano e o quipá judaico.
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