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Mensagem por RONALDO ALMEIDA Seg Abr 13, 2009 9:21 am

Defesa socrática segue os manuais?

Especialistas em gestão de crises avaliam o desempenho do primeiro-ministro face às suspeitas levantadas no caso Freeport

2009-02-01

ELMANO MADAIL, MADAIL@JN.PT


O frenesi do primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, que se tem desdobrado em declarações na comunicação social (cinco vezes em oito dias) para afastar a suspeita de que terá participado num caso de corrupção ao tempo em que tutelava o Ministério do Ambiente, não é normal.
Longe disso, é sintomático da consciência de uma crise comunicacional suscitada por notícias recentes que o dão como suspeito, em Inglaterra, de ter "solicitado, recebido ou facilitado" pagamentos no licenciamento do Freeport de Alcochete. Esta não será, porém, uma crise de comunicação como tantas outras que os actores políticos, num contexto demo-liberal, estão obrigados por definição a informar e seduzir os seus eleitores, mas antes o pior dos casos catalogados pelos manuais na tipologia das crises de comunicação: a chamada "crise de honorabilidade". Que riscos comporta? E estará José Sócrates, bem como o partido do Executivo, o PS, a gerir com eficácia um imbróglio que poderá redundar, em última análise, num rude golpe em ano de legislativas? O JN falou com dois especialistas na área que fazem leituras distintas do desempenho do primeiro-ministro na sua tentativa de minimizar os danos.
A tarefa, de qualquer modo, não será fácil. Conforme explica Vasco Ribeiro, docente da Universidade do Porto, "a crise de honorabilidade é a de gestão mais difícil, e que mais impacto tem numa instituição, ou, na circunstância, na imagem de uma figura pública", afirma, justificando: "Porque é a sua credibilidade que fica em causa. Além disso, uma crise deste tipo gera efeitos que vão muito para lá da sua vítima directa, contaminando também a organização a que pertence, o que explica o nervosismo que acometeu o PS nos últimos dias. E, por mais que se provem a falsidade das acusações, deixa sempre sequelas", garante.
Embora tenha participado, como consultor, em campanhas eleitorais do PS, é na qualidade de académico e observador distanciado que Ribeiro avalia positivamente a prestação de Sócrates: "Este é o terceiro ataque que o primeiro-ministro sofre - primeiro foram os rumores sobre eventuais tendências homossexuais, depois as dúvidas levantadas em torno da sua licenciatura, e agora o caso Freeport. Só que, contrariamente ao que aconteceu com o caso da licencenciatura, creio que Sócrates está a reagir bem à luz das teorias e dos princípios da comunicação de crise", afirma. E justifica: "Demonstrou agilidade. Se no caso da licenciatura demorou mais de uma semana a reagir, desta vez, logo que o seu nome foi associado ao caso Freeport, convocou uma conferência de imprensa e forneceu informação de qualidade, precisa e tranquilizadora", diz.
Vasco Ribeiro realça também a observância do princípio da intensidade: "Desdobrou-se em declarações, tal como os seus colaboradores - designadamente Mário Lino, ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações; Silva Pereira, ministro da Presidência, Santos Silva; ministro dos Assuntos Parlamentares; e Vitalino Canas, deputado e porta-voz do PS -, trabalhando em conjunto e de forma coordenada para contrariar as alegações noticiadas. Nesse aspecto, tem feito muito bem".
Mas é precisamente nesse ponto que a sua colega da Universidade do Minho, Gabriela Gama, autora de uma tese de mestrado sobre gestão de crises, discorda. Para aquela docente de Relações Públicas, "houve uma grande precipitação da parte de José Sócrates. Esta segunda conferência (de quinta-feira, em S. Bento), por exemplo, não era necessária a partir do momento em que esclareceu a sua posição dias antes, e já não existiam, de facto, dados novos para lá do que já havia dito", observa, embora nesse dia as revistas "Sábado" e "Visão" tenham revelado a carta rogatória dos britânicos que tomavam por suspeito de corrupção o primeiro-ministro português.
Não obstante a discordância pontual, ambos os especialistas alertam para um perigo capital: a existência de mentira ou omissão, e remetem para o caso paradigmático do antigo chefe de Governo espanhol, José Maria Aznar. Na sequência dos atentados bombistas em Madrid, a 11 de Março de 2004, e a poucos dias das eleições, Aznar imputou a responsabilidade da tragédia à organização separatista basca ETA, numa mentira deliberada. Os eleitores não lhe perdoaram e, não obstante todas as sondagens o darem como vencedor destacado, Aznar perdeu o sufrágio.
"Em caso algum se deve mentir, mas ainda menos na gestão de uma crise, porque será catastrófico. É preciso admitir o erro, que será muito melhor aceite do que procurar omiti-lo ou mentir. Assim, se tiver havido qualquer traço de mentira nas declarações de Sócrates, não tenho dúvidas de que significará a morte política dele", refere Ribeiro.
De qualquer modo, para Gabriela Gama, o primeiro-ministro cometeu já um pecado capital. "A sua imagem pública será sempre prejudicada. Sócrates não deveria ter imputado, nem insinuado, de modo nenhum, qualquer culpa aos media, designadamente com a tese de estar a ser objecto de uma 'campanha negra' e 'orquestrada', porque a comunicação social é parte fundamental na gestão de crises", afirma, sugerindo que Sócrates estará "a tentar capitalizar o que seria um registo negativo visando uma estratégia de vitimização, designadamente quando afirma encarar a presente crise como um 'teste de resistência'".
Mas onde Gama assinala defeitos, Ribeiro vislumbra virtudes: "Se se provar que existiu uma maquinação, nesse caso o ónus recai totalmente sobre a fonte dela", afirma. Reconhecendo, porém, que "hoje em dia, dado o mimetismo dos órgãos de comunicação social, que vigiam a agenda uns dos outros, detectar essa fonte será a tarefa mais difícil, senão impossível".

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