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Histórias da nossa História

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Mensagem por Viriato Qua Abr 29, 2009 3:32 am

A aventura africana de D. Sebastião teve as consequências por demais conhecidas. Deixou-nos um sentimento de orfandade que ainda hoje se ressente. Foi uma aventura mal preparada própria de um um rei infantil e que deveria ver "muitos filmes de heróis, onde os bons matam muito e ganham sempre.".

Tudo correu mal. Guerreiros e cavaleiros, com armaduras de ferro, debaixo de um sol escaldante, que se poderia esperar. Mas o que poucos sabem é que a batalha de Alcácer Quibir, começou por nos ser vantajosa. Perseguiamos mesmo a moirama. Mas há uma voz, infiltrada no meio das nossas forças, que grita "Volta, Volta". Houve alguma indecisão. Há quem diga "O meu cavalo não sabe voltar. Há quem pare. E nessa indecisão, o rei mouro aproveita e inverte a situação. Foi o desastre completo...


Logo, mandou Muley Maluco formar os
seus 150,000 homens n'um vasto circulo, e
envolver os eh ristãos; apezar d'esta situação
desesperada, pelejaram os Portuguezes com
incrivel intrepidez; El-Rei e o duque d'Aveiro
faziam fugir diante de si a cavallaria árabe,
e por um momento a vicloria era para os
christãos, quando se ouvio exclamar no meio
do combate : « Voltai volta! » Uma palavra
sublimo respondeo a este desanimado cla-
mor, foi o brado de Sebastião de Sá, irmão
do conde de iMatosinhos : « Fujam! ... fu-
jam... que meu cavallo não sabe recuar »,
e foi morrer arremessando-se por entre os
Mouros.

Do seu lado, dissera El-Rei antes de dar
batalha : « Se me virdes^ ha de será frente
dos esquadrões y e se não me virdes^ estarei
envolvido pelos inimigos. » Cumprio então
a sua palavra; ouvindo-se de novo o funesto
brado Volta !... Volta /. . . . a desordem chegou
ao seu auge, e enlão o joven e valente mo-
narcha não quiz conservar a vida pelo preço
da liberdade, por isso que D. António, prior
de Crato, apontando, lhe mostrou uma aberta
para se evadir por entre os Mouros; mas D.
Sebastião fez-se desentendido^e avançou para
o ponto aonde era maior o perigo, sempre
acompanhado pelo estandarte real levado
pelo seu alferes D. Duarte de Menezes. Sendo
este derribado do cavallo e captivo, Luiz de
Brito agarrou o estandarte com o braço es-
querdo, e correo para El-Rei, que lhe per-
guntou se tinha salvo a bandeira : « Eila
aqui^ Senhor, guardada por um braço que
sabe menear a lança, » — < Abracemol-a.,
e com ella exhalemos o derradeiro suspiro! »
Taes são as ultimas palavras que, segun-
do a historia, proferio El-Rei D. Sebastião.

N*aquelle infausto dia que, por muito
tempo, foi chamado a jornada dos três reis,
pereceram em menos, de duas horas três po-
derosos soberanos, pelos quaes tantas vidas
foram sacrificadas, por tal modo e em tão
curto espaço que uns poderiam ver a morte
dos outros; com effeito, Muley Maluco, desde
o príncipe da acção, apeou-se para expirar
por detraz das esplendidas cortinas de sua
liteira, e Muley Hamet, o alliado dos Portu-
guezes, fugindo afogou-se n'um rio que ba-
nhava o campo da batalha.
Ficaram no campo mais de 3,000 chrislãos,
e o numero dos prisioneiros foi immenso,
achando se entre elles perlo de 80 cavalhei-
ros. A respeito do cadáver de D. Sebastião,
disse Jerónimo de Mendonça, que nos merece
conceito por ter visto El-Rei no momento de
sua morte, que Sebastião de Rezende reco-
nheceo o real corpo no mesmo dia, depois da
batalha, e que, pondo-o em uma cavalgadura,
o trouxe á lenda do Xarife, que o mandou
levar a Alcácer, onde foi sepultado na loja
d'um alcaide mouro da mesma villa.

http://www.archive.org/stream/oportugaldecam00dauxuoft/oportugaldecam00dauxuoft_djvu.txt
Viriato
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