Espanha

Lucros dos grandes bancos espanhóis caem 18 por cento até Março

29.04.2009 - 10h33
Por : Marlene Carriço

A crise obrigou os grandes bancos espanhóis a sacrificarem uma parte do seu lucro trimestral para investir em provisões, de forma a cobrir o aumento da morosidade, o que fez com que os seus lucros até Março baixassem 17,8 por cento, para 4483 milhões de euros.

No final de Março, as principais entidades financeiras espanholas – Santander, BBVA, La Caixa, Caja Madrid e Banco Popular – viram triplicar a média da sua morosidade, com taxas que oscilaram entre 5,57 por cento na Caja Madrid e 2,49 por cento no Santander, segundo dados compilados pela Efe.

As empresas de crédito foram as que se saíram pior neste primeiro trimestre, com um crescimento lento, embora acima do PIB, segundo ABC.es. As grandes entidades reconhecem que a crise vai exigir a reestruturação do sistema financiero espanhol.

Lucro do Santander em Portugal cresce 1% no primeiro trimestre de 2009

14h38m
As comissões líquidas e outros resultados da actividade bancária atingiram 89,5 milhões de euros.

O resultado líquido do Santander Totta totalizou 141,6 milhões de euros nos primeiros três meses deste ano, um aumento de um por cento em relação a Março de 2008, anunciou a instituição bancária.

O banco liderado por Nuno Amado explicou que "o crescimento das receitas de exploração permitiu a manutenção do resultado líquido, apesar do reforço significativo nas dotações para imparidade", devido a deterioração da qualidade da carteira de crédito e a perspectiva de continuação do ciclo económico recessivo.

As dotações para imparidade, provisões líquidas e outros resultados alcançaram 20,4 milhões de euros, um reforço de 284,5 por cento face aos 5,3 milhões em Março de 2008.

As comissões líquidas e outros resultados da actividade bancária atingiram 89,5 milhões de euros face aos 91,1 milhões de euros registados, uma evolução determinada sobretudo pelo aumento das comissões de serviços e meios de pagamento, que contudo não conseguiu compensar a diminuição registada nas comissões de fundos de investimento, de gestão de activos e de seguros.

A evolução da margem financeira conjugada com o contributo da actividade seguradora, que aumentou 8,3 por cento face ao período homólogo do ano anterior, reflectiu-se no crescimento de 6,8 por cento da margem comercial, atingindo 312,7 milhões de euro.

No final do primeiro trimestre de 2009, o crédito bruto (incluindo garantias) concedido alcançou 34,526 mil milhões de euros, uma subida de 4,9 %.

O rácio de crédito vencido (há mais de 90 dias) aumentou de 0,6 por cento em Março de 2008 para 0,9 por cento em Março de 2009, devido "à deterioração do enquadramento económico em que operam os agentes económicos", diz o Santander Totta.

O banco diz ter cerca de 68 por cento da carteira de crédito em incumprimento com garantia real, sendo o nível de cobertura de crédito vencido por provisões de 167,2 por cento.

O banco destaca também o crescimento "expressivo" dos depósitos em 21,8 por cento, o que contribuiu para o aumento do volume de negócio em 3,2 por cento, num total de 59,648 mil milhões de euros, devido sobretudo ao "aumento no número de novos clientes e de clientes vinculados".

Num enquadramento de desaceleração no crescimento do crédito, o Santander Totta diz que "mantém uma política de concessão de crédito selectiva", com o crédito à habitação a desacelerar, tendo registado um crescimento de apenas 1,7 por cento, alcançando o total de 15,992 mil milhões de euros.

No crédito a empresas o aumento foi maior, com aumentos nos segmentos de negócios de 12,2 por cento e de 8,2 por cento ao segmento empresas.

No trimestre em análise o Santander Totta manteve os rácios Core Capital e Tier I a situarem-se em oito por cento e dez por cento respectivamente.