Acordo de paz entre o Governo do Paquistão e os taliban à beira do colapso

Acordo de paz entre o Governo do Paquistão e os taliban à beira do colapso
04.05.2009 - 23h06 PÚBLICO
Taliban armados patrulharam hoje as ruas das cidades do Vale de Swat, no Noroeste do Paquistão, desafiando o recolher obrigatório que o Exército ordenara na região, no âmbito de uma ofensiva para recuperar o controlo de algumas zonas. O contra-ataque dos militares às portas de Swat, assim como o regresso dos taliban às ruas, sugere que o acordo de paz assinado em Fevereiro com o Governo está à beira de entrar em colapso, escreveu a AFP.

Muslim Khan, um porta-voz taliban ouvido pelo jornal "Daily Telegraph", responsabiliza o Governo e o Exército pela violência e diz que Islamabad sabotou o processo de paz para agradar aos Estados Unidos — que tinham criticado o que consideraram uma “capitulação” ante os taliban. Khan afirma que o acordo está “praticamente dissolvido”.

O Exército acusa os taliban de terem reiniciado as patrulhas nocturnas em algumas áreas de Swat, em violação do acordo de Fevereiro. Como resposta, as autoridades impuseram um cessar-fogo na principal cidade da região, Mingora, e disseram estar a “conter-se” para não violarem o pacto.

Washington tinha manifestado grande preocupação face ao pacto, que autorizava a instauração da sharia (lei islâmica), em troca da paz na região, onde confrontos violentos opunham há muito os “estudantes de teologia” paquistaneses e as forças leais a Islamabad. Barack Obama admitiu que o Governo paquistanês está “muito frágil”.

Hoje, o chefe do Estado-maior Interarmas dos EUA veio garantir que o arsenal nuclear do Paquistão está “em segurança”, mas admitiu que existe a preocupação de que este possa cair nas mãos dos extremistas. “Continuo confiante no facto de que o arsenal nuclear está em segurança”, disse o almirante Michael Mullen numa conferência de imprensa. Interrogado sobre a possibilidade de os taliban chegarem às bombas atómicas de Islamabad, acrescentou: “Não penso que isso aconteça, mas é uma inquietação estratégica que partilhamos.”