[b]Chefe da Polícia Municipal denuncia Nuno Cardoso[/b]

Chefe da Polícia Municipal denuncia Nuno Cardoso

Ex-comandante diz que ex-autarca deu ordem para livrar Boavista de multa


NUNO MIGUEL MAIA


O ex-comandante da Polícia Municipal do Porto contou, esta
segunda-feira, aos juízes da 2ª Vara Criminal do Porto que Nuno Cardoso
lhe telefonou a pedir um processo de contra-ordenação ao Boavista.
Objectivo: livrar o clube de uma multa.Por
causa deste caso, o ex-presidente da Câmara do Porto foi acusado pelo
Ministério Público por crime de prevaricação. Em causa está o
arquivamento de um processo por obras de demolição e escavação nos
terrenos em redor do Estádio do Bessa sem licença camarária, que
poderia valer uma multa entre 498 e 498 mil euros.Ontem, na
segunda sessão do julgamento, António Salgado Rosa contou que, certo
dia, por volta do ano 2000, Nuno Cardoso lhe telefonou "a dizer não
haver razão para processos de contra-ordenação contra o Boavista,
porque a Câmara autorizou as obras".Assim, o na altura
comandante da Polícia Municipal deveria ir falar com a então vereadora
responsável pelo sector das contra-ordenações. "Respondeu-me que de
nada tinha conhecimento e por isso é que o processo foi levado para o
eng.º Nuno Cardoso", explicou Salgado Rosa, confirmando não ser
habitual um presidente de Câmara elaborar um despacho sem data e no
verso de uma folha de um processo - como aconteceu no caso concreto.Confrontado
pelo juiz, Nuno Cardoso - que na primeira sessão salientou considerar
"injusto" multar o Boavista, porque já era detentor de direitos
adquiridos e tinha cedido a um pedido da Câmara para alterar o
loteamento já aprovado - disse não se recordar dos factos relatados
pelo ex-comandante municipal. A mesma falta de memória revelou a
ex-vereadora Maria José Azevedo.O ex-comandante da Polícia
Municipal disse, ainda, não se recordar de outros casos em que Nuno
Cardoso tenha procedido de igual modo. Nem de outros casos idênticos
envolvendo outros presidentes.Por ouvir no julgamento está o
ex-presidente do Boavista, que o tribunal não conseguiu, até ao
momento, notificar. "Sabe por onde ele anda?", perguntou, a um
dirigente do Boavista, o juiz-presidente João Grilo Amaral."Também eu gostava de saber. Sei que ele anda pela música, porque vai lançar um disco", disse, sobre o ex-vocalista dos "Ban". Ontem,
foram ouvidas várias testemunhas de defesa, que não reconheceram a
letra de Nuno Cardoso no despacho. O julgamento prossegue no dia 25.