O que muda no Oriente Médio com Obama?
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O que muda no Oriente Médio com Obama?
. O que muda no Oriente Médio com Obama?
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por Lejeune Mirhan*
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.título pode parecer pretensioso demais, até porque não faz seis meses
que tomou posse o novo presidente dos Estados Unidos. Na verdade,
gostaria de compartilhar com nossos leitores uma espécie de análise
panorâmica da região, ficando os países e povos que vivem maiores
conflitos e contradições. Vamos a eles.
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Uma região estratégica do Planeta
.] [/size]
.Países que são o centro de nossa atenção[/size]
.Como tenho
feito há mais de sete anos seguidos neste espaço, procedo a análises e
comentários fundamentalmente sobre os países árabes, que são 23 ao
todo. Entre esses, em particular, chama minha atenção nesses anos a
Palestina, principal questão hoje no Oriente Médio, seguido do Iraque,
ocupado desde 2003 e do Líbano, que, desde 2005, com a saída das tropas
sírias, vem sendo governado por um campo mais conservador e polarizado
com os EUA. Também foi foco de alguma atenção de minha parte, o Irã,
país persa e do outro lado do Golfo que, para eles, deveria ser pérsico
mesmo e não arábico como para os árabes do lado de cá. Por fim, alguma
atenção dediquei à Turquia, mais ao extremo da Ásia, mas, de fato, não
é minha área de estudos. Paquistão e Afeganistão, apesar de serem
países islâmicos, não foram objeto de nossa atenção.[/size]
.Quero fazer
essa breve atualização neste momento histórico que vivemos, de crise do
sistema capitalista, particularmente de seu modelo de extrema
financeirização, chamado neoliberalismo, de escassez cada vez mais
acentuada de energia, de crise do dólar e da hegemonia estadunidense.
Vamos aos países.
.1.
Palestina – Desde a posse do Obama, ele tem enfatizado a defesa, que já
vinha sendo feito de certa forma pelo governo Bush, de dois estados
convivendo lado a lado e com fronteiras seguras. Obama tomou posse em
janeiro e logo depois teve que ver diante do governo de Israel um
governo de extrema direita, com um chanceler fascista e racista.
Netanyahu toma posse e sequer fala em honrar acordos anteriores com os
palestinos e não menciona em momento algum, o “estado da Palestina”.
Isso só vai ocorrer no dia 14 de junho, em discurso que profere em uma
universidade israelense e ainda assim, sem nenhuma autonomia. As
“negociações” pela paz não vêm ocorrendo. Não há porque ocorrer. Do
lado de Israel não se reconhece o campo negociador palestino,
desqualifica-se os negociadores e mais do que isso, exige-se
pré-condicionantes para negociar. Não se quer a paz e nem um início de
negociação que seja. Os palestinos, nesse cenário, tampouco falam mais
em negociação. Cuidam hoje do restabelecimento de sua unidade nacional
perdida. Oito rodadas de negociações no chamado Diálogo Nacional
Palestino já ocorreram, ainda que os acordos finais não tenham sido
selados. Discutem hoje uma nova lei eleitoral, parecida com a nossa,
eleições proporcionais, e uma eleição geral deve ser convocada para
janeiro de 2010, tanto para o legislativo como para a presidência. Hoje
como sabemos, o Hamas tem maioria no parlamento e o grupo Fatah tem a
presidência da ANP. Precisamos ver a força e a disposição de Obama
enfrentar o poderoso lobbie judaico. Sair da retórica para a prática,
para ações concretas. Pessoalmente ainda tenho muitas dúvidas se ele
conseguirá isso. Indicou para ser seu negociador no Oriente Médio
George Mitchell, que vem a ser filho de Mary Saad, libanesa que imigrou
para os EUA. Ele fala o árabe fluentemente e conhece muito bem a
região. Teve uma experiência bem sucedida de negociação de paz no
conflito na Irlanda. Vamos ver nos próximos meses os desdobramentos do
conflito.[/size]
.]2. Iraque –
Na semana que passou, houve uma mudança significativa no Iraque,
ocupado ainda militarmente por tropas americanas. Os marines deixaram
de fazer patrulhamento nas ruas das cidades iraquianas. Passaram o
controle da população civil para os policiais e para o exército
iraquiano, que eles mesmo se encarregaram de desmontar quando da
invasão de 2003. Não se iniciou ainda a retirada de tropas do país. Os
que Obama havia prometido em campanha, ele acabou tendo que recuar por
pressão do próprio exército americano. A saída inicia-se no ano que vem
e vai até 2011. É muito mais longa do que o previsto inicialmente. No
mesmo dia que as tropas americanas retiraram-se das ruas, mais de 150
pessoas morreram em atentados e conflitos. Sinal de que as coisas não
estão nada boas. O povo iraquiano oferece tenaz resistência à ocupação,
não aceita a “americanização” do país, a imposição de valores e
costumes ocidentais. Uma forte oposição ao governo títere de Maliki, um
xiita e pró-americano a favor da ocupação. Não vejo como com o país
ocupado, se possa falar em “pacificação” do Iraque. Não ainda neste
momento e muito menos sob esse governo ocidentalizado. E, volto a
insistir, não tem nada a ver com religião, pois os mesmos xiitas que no
Iraque fizeram aliança com os americanos para estes ocuparem seu
próprio país, no Líbano, dão feroz combate aos Estados Unidos e seu
fiel aliado que é Israel.[/size]
.]3. Líbano –
Saad Hariri foi, como era previsto e aqui anunciamos, indicado para
tentar formar um novo governo. Tem a maioria absoluta para isso, pois
sua coligação, a Aliança 14 de Março, elegeu 71 das 128 vagas do
parlamento. As restantes 57 ficaram com a oposição, liderada pelo
Hezbolláh. Ele tem dito que quer formar um governo de “União Nacional”.
Duas questões são centrais: o eventual desarmamento das milícias do
Hezbolláh e que elas possam se integrar ao exército regular libanês e o
poder de veto da coalizão de oposição que poderá integrar o governo. O
presidente do parlamento será alguém do grupo do Hezbolláh, xiita. A
oposição, diferente do Irã, aceitou os resultados de forma democrática.
Vai participar do governo. Quer o Líbano fora da influência dos Estados
Unidos. Tem sido hábeis os dirigentes da Coligação oposicionista, em
especial o general da reserva Michel Aoun, cristão maronita. É possível
que Nabi Berri, xiita do Amal siga à frente na presidência do
Parlamento, sendo seu quinto mandato.o parlamento não é monolítico,
como em lugar nenhum. Há 11 deputados que se proclamaram independentes
e são na verdade 13 blocos e coligações de diversas tendências. Depois
das eleições o Hezbolláh esta ainda mais forte, pelas propostas que tem
apresentado, pela sua maturidade na condução do processo político, pela
sua integração à sociedade e ao futuro governo. Vão atuar como bloco
unido. O comportamento do governo americano influenciou e muito a
vitória das forças mais conservadoras. Seria possível uma vitória da
oposição. Mas, tudo ficou como estava. Vamos conferir os desdobramentos
do novo governo, que poderá demorar ainda semanas para ser formalmente
constituído.[/size]
.4. Irã – O
Conselho de Especialistas, órgão formado por 86 clérigos e eleito pelo
povo diretamente proclamou, finalmente, o resultado da recontagem
parcial de 10% de todos os votos no Irã (contagem aleatória). Atendendo
pedido da oposição. O seu veredicto foi implacável, mas o que todos nós
já sabíamos. Os resultados foram limpos e corretos e nenhuma fraude foi
constatada. O alardeado que em muitas cidades havia mais eleitores que
moradores é perfeitamente explicável pelo sistema democrático de
votação no Irã, ou seja, as pessoas votam onde elas quiserem. Como nada
é eletrônico por lá, marca-se as mãos de quem já votou com uma tinta
indelével que demora alguns dias para sair, evitando-se que o mesmo
eleitor vote duas vezes. Aos poucos, a vida no Irã vai voltando ao
normal, para tristeza de Israel e do ocidente e mesmo dos conservadores
– aqui no sentido literal do termo mesmo – do próprio Irã, que queriam
uma maior aproximação com os Estados Unidos. Ahmadinejad sai
fortalecido. Mas, isso não quer dizer que tudo seja um mar de rosas. Há
muita luta política ainda. O clérigo Ali Khatami e Hashemi Rafsanjani
saem derrotados e mostram-se rancorosos. Não têm sido habilidosos na
condução do processo e insuflam a oposição e foram responsáveis, em
certa medida, pelos incidentes e conflitos ocorridos. Ao jogarem todas
as suas fichas num candidato que estava fora do cenário político nos
últimos 20 anos e insistirem em uma fraude que não houve, perderam
pontos e mostraram-se fragilizados. Apenas a imensa máquina midiática
ocidental os apoiou. Esperemos que o Irã siga firme na sua revolução,
que angarie o amplo apoio das massas populares, do campesinato e
proletariado urbano, mas que tente ganhar as classes médias emergentes
para o seu projeto, da construção de uma nação soberana e que defenda
um mundo multipolar sem a hegemonia dos Estados Unidos.[/size]
.]Esta
semana, até em função de naco estar ocorrendo grandes novidades no
Mundo Árabe, trazemos aos nossos leitores esse pequeno resumo sobre os
quatro países chaves para compreendermos os conflitos naquele
estratégica região do planeta.[/size]
*Lejeune Mirhan,
Presidente do Sindicato dos Sociólogos do Estado de São Paulo,
Escritor, Arabista e Professor Membro da Academia de Altos Estudos
Ibero-Árabe de Lisboa, Membro da International Sociological
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Vitor mango- Pontos : 118178
Re: O que muda no Oriente Médio com Obama?
George Mitchell, que vem a ser filho de Mary Saad, libanesa que imigrou
para os EUA. Ele fala o árabe fluentemente e conhece muito bem a
região. Teve uma experiência bem sucedida de negociação de paz no
conflito na Irlanda. Vamos ver nos próximos meses os desdobramentos do
conflito.
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