Humor atómico para rebentar a rir"
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Humor atómico para rebentar a rir"
Humor atómico para rebentar a rir"
Quem
melhor do que um gay flamejante estrangeiro, que pretende ser 'a maior
celebridade austríaca desde Hitler' (o que dizimou judeus, ciganos e
homossexuais), para satirizar a ignorância e os preconceitos
incrustados no sonho americano?
A comédia de
Sacha Baron Cohen cria explosivos apanhados, como Michael Moore ou o
português Jel. Em ‘Bruno’, o protagonista, vestido de peluche rosa ou
todo de cabedal, tenta seduzir o republicano Ron Paul. Exibe um bebé
negro com uma t-shirt onde se lê ‘gay’ em The Richard Bey Show, com
público em estúdio afro-americano. Conversa com padres que tentam
curá-lo da homossexualidade. Num ring de wrestling, rodeado de heteros
orgulhosos, envolve-se com outro homem. Voam insultos, copos, cadeiras.
E lágrimas. Nesta comédia há risco. Coragem, suicídio, loucura. ‘Bruno’
manda tudo abaixo, sobretudo ele próprio, uma caricatura que combate
clichés com estereótipos. Sem piedade com mansos ou lobos. Confrontando
fundamentalistas do Médio Oriente e do extremo californiano.
‘Bruno’
prova que no cinema são possíveis outras linguagens. O filme recorre a
um ténue fio narrativo e tanto explora dialectos televisivos como a sua
persona provocadora. Longe de uma obra-prima, é testemunho duma época.
Dum tempo atravessado pela cultura das celebridades, consumismo,
adopção de bebés como estratégia de relações-públicas, homofobia em
supostamente transigentes, falso-liberalismo, pseudo-caridade. Tudo
alvos para ‘Bruno’ que desembesta setas directas ao coração desta
sociedade.
Ele é cru, profano, subversivo. Faz
humor-guerrilha na linha da frente da batalha contra o preconceito.
Serve um atentado à bomba contra o recalcado e o reprimido, dentro e
fora, no indivíduo e na espécie. Parece ficção e é. Mas também é real.
Terroristicamente real. Afinal, ‘Bruno’ não pede tolerância. Rebenta
com ela. E bem.
Quem
melhor do que um gay flamejante estrangeiro, que pretende ser 'a maior
celebridade austríaca desde Hitler' (o que dizimou judeus, ciganos e
homossexuais), para satirizar a ignorância e os preconceitos
incrustados no sonho americano?
A comédia de
Sacha Baron Cohen cria explosivos apanhados, como Michael Moore ou o
português Jel. Em ‘Bruno’, o protagonista, vestido de peluche rosa ou
todo de cabedal, tenta seduzir o republicano Ron Paul. Exibe um bebé
negro com uma t-shirt onde se lê ‘gay’ em The Richard Bey Show, com
público em estúdio afro-americano. Conversa com padres que tentam
curá-lo da homossexualidade. Num ring de wrestling, rodeado de heteros
orgulhosos, envolve-se com outro homem. Voam insultos, copos, cadeiras.
E lágrimas. Nesta comédia há risco. Coragem, suicídio, loucura. ‘Bruno’
manda tudo abaixo, sobretudo ele próprio, uma caricatura que combate
clichés com estereótipos. Sem piedade com mansos ou lobos. Confrontando
fundamentalistas do Médio Oriente e do extremo californiano.
‘Bruno’
prova que no cinema são possíveis outras linguagens. O filme recorre a
um ténue fio narrativo e tanto explora dialectos televisivos como a sua
persona provocadora. Longe de uma obra-prima, é testemunho duma época.
Dum tempo atravessado pela cultura das celebridades, consumismo,
adopção de bebés como estratégia de relações-públicas, homofobia em
supostamente transigentes, falso-liberalismo, pseudo-caridade. Tudo
alvos para ‘Bruno’ que desembesta setas directas ao coração desta
sociedade.
Ele é cru, profano, subversivo. Faz
humor-guerrilha na linha da frente da batalha contra o preconceito.
Serve um atentado à bomba contra o recalcado e o reprimido, dentro e
fora, no indivíduo e na espécie. Parece ficção e é. Mas também é real.
Terroristicamente real. Afinal, ‘Bruno’ não pede tolerância. Rebenta
com ela. E bem.
Joana Amaral Dias
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