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CRIOLINA eu vou trabalhar para sobreviver, mas há quem sobreviva, sendo subordinada a fazer nada

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CRIOLINA eu vou trabalhar para sobreviver, mas há quem sobreviva, sendo subordinada a fazer nada Empty CRIOLINA eu vou trabalhar para sobreviver, mas há quem sobreviva, sendo subordinada a fazer nada

Mensagem por TheNightTrain Sáb Set 12, 2009 1:09 pm

ntrevista


"As reformas de fundo nunca se fizeram com paninhos quentes"


por Sara Sanz Pinto, Publicado em 11 de Setembro de 2009


A
mandatária para a juventude do PS fala de política, de opções, de
reformas e rupturas. Aconselharam-na a não se envolver na campanha



CRIOLINA eu vou trabalhar para sobreviver, mas há quem sobreviva, sendo subordinada a fazer nada 0000076819

Opções





Carolina Patrocínio não precisa da autorização de José Sócrates para
dar entrevistas sobre política, ao contrário do que foi publicado em
alguns jornais de Portugal. A história da empregada que lhe tirava os
caroços da fruta vale pelo retrato intimista. Carolina é mais do que
isso. Em entrevista exclusiva ao i,
fala da coragem necessária para fazer reformas políticas e provocar
rupturas. Diz que o PS deve governar sozinho, mesmo sem maioria
absoluta. E assume as suas opções, apesar de a terem avisado para não
se envolver na política.

Por que motivo decidiu ser mandatária nacional para a juventude da campanha do PS às legislativas?

Não
decidi à partida ser mandatária para a juventude, esse convite surgiu
mais tarde. Escolhi, sim, disponibilizar-me para participar activamente
na campanha, dando o meu modesto contributo, independentemente do papel
que me viesse a ser atribuído.

Por que razão a escolheram?

Não
fui a escolhida, ninguém me procurou. Partiu de mim demonstrar o
interesse que tinha em contribuir, na medida das minhas possibilidades,
na campanha eleitoral para a reeleição de José Sócrates. Após as
primeiras conversas surgiu o convite para ser mandatária, que aceitei
com muito orgulho.

Foi José Sócrates que a convidou?

O convite não foi feito directamente por José Sócrates, embora tenha tido, como é natural, a sua concordância.

Já conhecia José Sócrates?

Pessoalmente não, o primeiro contacto aconteceu apenas após o envolvimento que tive nas "Novas Fronteiras".

Como reagiu a sua família?

A
minha família, como sempre, apoiou-me desde o início, apesar de me ter
alertado para os riscos que inevitavelmente iria correr, fruto de uma
maior exposição pública numa área tão sensível como a política.

Quais são, para si, as qualidades e os defeitos do actual primeiro-ministro?

Em
primeiro lugar, uma grande coragem política e uma forte determinação
para levar a cabo as transformações de que Portugal necessita. Acho
que, ao contrário da maioria dos outros líderes partidários, José
Sócrates tem uma visão realista e faz uma leitura correcta da sociedade
portuguesa. É certo que nem sempre escolhe o caminho mais fácil, mas as
rupturas e as reformas de fundo também nunca se fizeram com paninhos
quentes...

Acha que o PS, se não tiver maioria absoluta, se deve aliar a outro partido?

Acho
que, se o PS vencer sem maioria absoluta, deve governar mesmo em
minoria. Não sou analista política, mas face àquilo que tem sido o
posicionamento dos partidos da oposição, julgo completamente improvável
um governo de coligação. E governar em minoria também poderá significar
uma maior responsabilidade da oposição na crítica ou no apoio às
medidas do governo.

Como avalia os últimos quatros anos de governo?

Acho
que a redução para metade do insucesso escolar, a aposta
reconhecidamente ganha nas energias renováveis e a reforma da Segurança
Social para acautelar a sua sustentabilidade talvez tenham sido as mais
bem conseguidas. O que correu pior e o que ninguém esperava foi o
alcance da crise financeira mundial que veio afectar a margem de
manobra do governo. Ainda assim, mesmo no cenário de crise instalada,
acho que o primeiro-ministro soube estar à altura dos acontecimentos,
tomando medidas de carácter excepcional, que transmitiram a segurança e
a confiança necessárias para evitar males maiores. Essa postura foi
aliás elogiada internacionalmente, pelo facto de Portugal ter sido um
dos primeiros países europeus a responder à crise financeira.

Envolveu-se na política por influência de alguém?

Quase
todas as pessoas com quem falei me aconselharam a não me envolver na
política. Disseram-me que iria criar muitas inimizades e ser alvo de
uma chuva de críticas. Estou ciente desse risco e sei que qualquer
deslize que tenha será amplificado e repetido até à exaustão. Mas
mantive a minha escolha e devo dizer que não estou arrependida. A vida
é feita de riscos e quem tem medo fica em casa.

No futuro, gostava de ter uma carreira política?

Não
tenho qualquer intenção de fazer carreira política ou sequer de vir a
ser militante de um partido. Aquilo que sinto é o dever cívico de
participar sempre nas causas em que acredito, sejam elas de natureza
política, social ou de cidadania.

Quais são as suas orientações políticas?

Venho
de uma família com tradições na área do socialismo democrático e desde
pequena que me habituei a assistir a acaloradas discussões sobre temas
políticos, em que poucas vezes reina a unanimidade. Gosto de ouvir a
opinião de pessoas mais qualificadas que eu nessas matérias, mas também
sempre fui incentivada a pensar pela minha cabeça. E, tudo ponderado,
considero-me no essencial mais próxima do socialismo democrático.

Em termos políticos, quem são as figuras que mais admira e porquê?

A
nível mundial tenho uma grande admiração por tudo o que de
extraordinário Nelson Mandela conseguiu fazer, depois de ter estado
preso quase 30 anos! Acho notável a capacidade que demonstrou em
assegurar a pacificação da África do Sul, quando tudo fazia prever que
assim não acontecesse. Por Barack Obama, pela vitória de grande
significado histórico e por tudo o que se espera que possa ainda vir a
fazer. Em Portugal, destaco Mário Soares pelo papel fulcral que teve no
sucesso da democracia em Portugal.

Desde que idade vota? Votou sempre no Partido Socialista?

Desde
os dezoito anos, ou seja, desde 2005. Para as legislativas votei sempre
PS. Em outras eleições não necessariamente, depende dos candidatos...

Como acha que as pessoas da sua idade vêem a política em Portugal?

Embora
não possa generalizar, acho que já estiveram mais alheados da política
do que estão hoje. As pessoas, e não só os jovens, começam a perceber
que dizer mal da política e dos políticos - sendo esse o caminho mais
fácil - não leva a lado nenhum.

Estudou Comunicação Social. Gostava de deixar o entretenimento e fazer jornalismo na área da política?

Eu
não deixo o entretenimento. Ele é que me pode deixar a mim... Já
acabaram as gravações do "TGV" e do "Tá a Gravar" e, por enquanto, não
estou em nenhum projecto, apesar de gostar muito dessa área. Já disse
várias vezes que gostaria um dia mais tarde de fazer jornalismo, mas
acho que ainda não estou preparada.

O que pensa do programa eleitoral do PS?

Penso
que é um programa equilibrado e o possível nas actuais circunstâncias.
Não julgo que venha a existir uma alteração profunda do que tem sido a
política do governo. Mas a probabilidade de o PS obter uma vitória sem
maioria absoluta pode levar à necessidade de fazer, pontualmente,
alguns compromissos necessários no Parlamento.

Quais são para si os verdadeiros entraves ao desenvolvimento do país?

Apesar
de algumas medidas de sucesso já tomadas, como o Simplex, continua a
subsistir alguma burocracia. Apontaria também a falta de mão-de-obra
qualificada e a pouca competitividade de muitas empresas nacionais como
outros factores de entrave ao desenvolvimento. Ainda esta semana, o
jornal i destacava o facto de 80% das empresas em Portugal
terem quatro ou menos trabalhadores. Uma grande parte do desemprego
resulta da dificuldade de sobrevivência destas pequenas empresas,
sobretudo em sectores tradicionais, cuja produção se foi tornando pouco
competitiva ou mesmo obsoleta.

E o desemprego?

O
desemprego é um dos maiores problemas. Não só em Portugal como a nível
mundial. A verdade é que, na maior parte das vezes, o desenvolvimento
económico e a procura de maior produtividade e competitividade, de que
falava há pouco, levam frequentemente à substituição de mão-de-obra
pela incorporação de mais tecnologia, agravando o número de
desempregados. Trata-se de um grande desafio, acima de tudo de um novo
desafio que exige novas respostas e não as convencionais. A aposta na
qualificação das pessoas é uma tarefa tão necessária quanto demorada.
Cabe ao governo, através dos sistemas de apoio social, acautelar as
condições mínimas para quem se vê numa situação de desemprego e, ao
mesmo tempo, através de medidas e incentivos, garantir condições para
que as empresas possam criar mais e melhor emprego.

É difícil conciliar os estudos com o trabalho?

Comecei
a trabalhar aos 16 anos, quando estava no 11.o ano na St. Julian's
School. Estava então no programa "Disney Kids", o primeiro programa que
apresentei na SIC. A produção fez um esforço para me ajudar a conciliar
as aulas com os horários de trabalho. Depois, aos 18 anos, quando
entrei para a universidade, continuei sempre a gravar o mesmo programa.
Comecei o mestrado em Media e Jornalismo em 2008 e falta-me agora o
último ano, que é o da tese. Este ano, as gravações intensificaram-se
porque estive a apresentar dois programas: o "TGV" e o "Tá a Gravar".
Mas, uma vez que estava na faculdade, partiu de mim gerir a minha
própria agenda. Sempre consegui ter tempo para fazer tudo. Nunca
chumbei nenhum ano, nem a nenhuma cadeira. Os meus pais sempre tentaram
que a minha vida fosse o mais parecida possível com a das minhas irmãs.
Sempre me puxaram para o mundo real, apesar das situações a que a minha
vida obriga.

Como lida com aquilo que a imprensa cor-de-rosa escreve sobre si?

A
imprensa cor-de-rosa tem a importância que nós lhes quisermos dar. E
eu, por ter começado muito nova a trabalhar neste meio, aprendi a
separar as águas e a viver a minha vida sem me deixar condicionar pelas
coisas que escrevem sobre mim. Tenho, em primeiro lugar, uma base
familiar sólida e coesa, que me mantém com os pés na terra e tenho
educação e formação para me conseguir distanciar das coisas. Também
consigo, com alguma facilidade, relativizar os problemas e pensar que
tudo isto não tem muita importância se pensarmos a longo prazo. Claro
que é desagradável ler certas coisas que escrevem sobre mim. Mas não as
posso evitar.

Lê regularmente o que escrevem?

É
inevitável ter conhecimento das notícias que saem diária ou
semanalmente na imprensa. Porém, não tenho a curiosidade de ler, muito
menos de comprar.

Para terminar, qual é a verdadeira história das uvas e grainhas?

Dei
uma entrevista mais intimista, onde me perguntaram qual era o melhor
mimo que me podiam fazer. Respondi: quando a minha empregada, que
trabalha na minha família há mais de 40 anos, me tira as grainhas das
uvas e os caroços das cerejas. Sempre nos fez isso, a mim e às minhas
irmãs, e quando fui viver sozinha a primeira coisa que me ofereceu foi
um objecto para tirar os caroços da fruta.

TheNightTrain

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