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José Cutileiro, O mundo dos outros

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Mensagem por Vitor mango Qua Jul 23, 2008 8:47 am

José Cutileiro, O mundo dos outros - José Cutileiro, O mundo dos outros
Si vis pacem...
8:00 | Segunda-feira, 21 de Jul de 2008


Os ingleses (com escoceses, galeses e irlandeses do Norte à mistura) souberam sempre andar à pancada. Na história deixaram marcos: a Invencível Armada de Filipe II de Espanha, afundada por Francis Drake em 1588; as forças navais francesas desbaratadas por Nelson em Trafalgar em 1805 e as terrestres por Wellington em Waterloo em 1815, mandando Napoleão para o exílio; a resistência solitária a Hitler, entre a rendição da França em Junho de 1940 e a entrada dos Estados Unidos na segunda grande guerra em Dezembro de 1941, que salvou a civilização europeia da barbárie; a determinação com que Margaret Thatcher mandou uma esquadra ao outro lado do Atlântico retomar as Ilhas Falkland invadidas pela junta militar argentina em 1982. Durante a Guerra Fria os ingleses ofereceram a contribuição ocidental mais sólida em homens e material deste lado do Atlântico para defender a paz mas nessas décadas em lugar de combates só havia manobras (para molhar a sopa de vez em quando a rapaziada saía da ilha a apoiar os seus clubes de futebol favoritos, escavacando o que pudesse de caminho. Os "hooligans" são o que resta de séculos de incursões armadas inglesas ao Continente).

Serviço militar obrigatório só houve durante as grandes guerras: com grei tão aguerrida o voluntariado tem chegado e sobrado. É por isso preocupante que um inquérito feito agora pelo Ministério da Defesa britânico mostre que quase metade dos homens e mulheres em todos os postos dos diferentes ramos - exército, marinha, fuzileiros, aviação - gostariam de deixar o serviço. A razão é simples. Londres conduz guerras, no Afeganistão desde 2002 e no Iraque desde 2003, nenhuma delas popular ou com fim à vista, um constante pinga-pinga de mortes e missões repetidas desgastam as famílias, as compensações financeiras deixaram de ser interessantes e o moral colectivo do pessoal é muito baixo. Se tal se passa no Reino Unido apesar da sua tradição guerreira pode imaginar-se o que experiência parecida causaria noutros países. A França, que vem a seguir em orçamento, compromissos e garbo militar, por enquanto só está na guerra do Afeganistão mas Sarkozy percebe de poder e talvez tenha de a meter noutras. Os restantes países da União Europeia contam muito menos embora, se for caso disso, se espere que se saibam bater - e sobretudo que se queiram bater. Se, porém, os holandeses de Srebrenica em 1995 forem bitola, a esperança será vã.

É certo que ultimamente as guerras dos europeus têm sido especiais: Afeganistão e Iraque são guerras de castigo; à Bósnia tinham ido apartar estrangeiros desavindos; a do Kosovo foi mistura dos dois géneros. Guerras tradicionais de defesa da própria gente e do próprio território não tem havido. Mas não se podem excluir no futuro, e entre falta de preparação militar, convicção de que tudo se resolve a bem e relutância em dar o corpo ao manifesto, os europeus estarão em maus lençóis porque esqueceram um preceito antigo: se queres paz, prepara a guerra.

José Cutileiro
Vitor mango
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