Grupo de agricultores acampa na sede do Incra

Grupo de agricultores acampa na sede do Incra

Nájia Furlan

Foto: Chuniti Kawamura/O Estado

Manifestantes permanecem no local aguardando uma resposta.
Às 5h de ontem, um grupo de 50 pessoas vindo de Reserva do Iguaçu - município próximo a Guarapuava - estendeu uma lona preta e acampou na escadaria da sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Curitiba. Com crianças, alimentos e cobertores, os manifestantes prometeram não deixar o local enquanto não for sinalizado o assentamento das cerca de 130 famílias que integram o movimento. Esta é a segunda vez que o mesmo movimento acampa em frente ao Incra neste ano.

O movimento é local e tem bandeira branca, ou seja, não tem qualquer ligação com outros movimentos agrários. De acordo com a integrante Marli Markui, de 35 anos, hoje o grupo está provisoriamente instalado - como há anos - no Acampamento Brasil, à beira de uma rodovia, em frente à Fazenda Reserva, de propriedade da Swedish Match do Brasil S/A (antiga Fiat Lux). Ainda segundo ela, já faz algum tempo que o Incra vem atuando na desapropriação da área, mas até agora nada foi definido.

Como informa o Incra, a área realmente já foi vistoriada e, desde abril 2004, foi dada como improdutiva. O impasse que faz com que a terra ainda não tenha sido liberada é a característica ambiental de parte da propriedade. O espaço é de reflorestamento, ou seja, protegido por lei. Portanto, desapropriar totalmente não seria o mais viável.

A terra ofertada (Fazenda Reserva) é de 9,6 mil hectares. Desse total, apenas 3,2 mil hectares seriam liberados, mas para assentamentos. A preocupação do Incra é que, enquanto os assentados não pagam pela área, a mesma fica sob responsabilidade do órgão, que recebe as devidas punições, caso haja alguma exploração ou extração ilegal.

Em reunião durante toda a manhã com os manifestantes, o chefe da divisão técnica do Incra, Nilton Bezerra Guedes, afirma que a proposta do instituto é a desapropriação parcial de 2.619 hectares da Fazenda Reserva. "Deixaria de fora o reflorestamento. O Incra no Paraná já aprovou o pedido do grupo, estamos preparando o envio da documentação para Brasília e acreditamos que até o final deste ano o decreto (que declara a intenção social para reforma agrária) deve sair. Depois disso faremos uma nova vistoria na área, mas a imissão da posse está prevista somente para o próximo ano", afirma Guedes.

Segundo o chefe da divisão técnica do Incra, a área terá capacidade para assentar 100 famílias.

Pressão

Hoje pela manhã, um outro grupo, vindo do Acampamento Bom Sucesso, de Sapopema, no Norte Pioneiro do Estado, estará em Curitiba também para pressionar o Incra. Segundo o grupo, 23 famílias estão acampadas há 10 anos e aguardam uma solução para o impasse na região. De acordo com Nilton Guedes, que também se reunirá com este outro grupo, esse processo também está em andamento e deve ser resolvido no início de 2006.

MST promove outras ocupações no Paraná

Elizangela Wroniski

Desde domingo um grupo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocupa uma Área de Proteção Ambiental (APA), na localidade de Faxinal dos Elias, distrito de Guará, pertencente a Guarapuava, no centro-sul do Estado. Técnicos do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) estiveram ontem no local para avaliar a situação, e estudar quais medidas vão ser tomadas. Até o fechamento desta edição, os representantes do IAP não tinham retornado do local. Segundo o órgão, a área protege vários mananciais e o solo é extremamente frágil.

Mais invasão

Um outro grupo com cerca de 75 famílias do MST invadiu na madrugada de ontem a Fazenda São Pedro, de 396 alqueires, em Barbosa Ferraz, noroeste do Paraná. De acordo com a Polícia Militar, o clima é tranqüilo na sede da propriedade, onde os sem terra se fixaram. O proprietário Carlos Consone Gomes prepara a documentação para dar entrada no pedido de reintegração de posse. Os sem terra pressionam pela desapropriação das terras.

A Superintendência Regional do Incra informou que a Fazenda São Pedro não foi vistoriada e não está no cadastro de passíveis de desapropriação. Mesmo assim, o proprietário deveria ser procurado.

NO MEU TEMPO E QUANDO ERA CONSULTOR ESTAS COISAS NAO CHEGAVAM ATE ESTE PONTO