TGV não é apenas TGV

TGV não é apenas TGV


A imagem: o TGV passa como um “foguete”, não se sabendo muito bem de onde vem nem para onde vai.

O que é aquilo? Para quê um "Ferrari", num país cheio de dívidas? À força de tantas vezes esta imagem passar na televisão, não fica óbvio o que realmente está em causa: novas linhas ferroviárias em bitola europeia onde podem andar comboios a 350 km/h. Ou tipo "Alfa" a 220 km/h. E vagões de mercadorias a 100 km/h. Daqui resultam algumas conclusões.

1. Portugal não vai fazer apenas um TGV. Portugal vai em simultâneo construir uma nova rede ferroviária que, pela primeira vez, será compatível com a da Europa. Razão: a velha bitola ibérica, com 1,7 metros de distância entre carris, não é idêntica à da restante Europa (1,4 metros) - no séc. XIX estavam frescas as memórias de Napoleão.

2. Como consequência, os comboios ibéricos não passam a fronteira francesa. Portugal exporta praticamente 0% de mercadorias por ferrovia além-Pirinéus apesar de por ali passarem três mil camiões/dia por estrada. Até quando nos deixarão emitir este CO2? E a que preço?

3. Vamos de comboio para onde? Para o centro da Europa não, mas para Espanha tudo indica que sim. A ferrovia - mostram os números franceses - é quase imbatível em viagens abaixo das 2h30 pela facilidade de uso, rapidez "centro de cidade a centro de cidade" e, no futuro, menor peso de emissões de CO2. E é esta a diferença: alguns países da Europa podem querer ou não ter comboios mais rápidos. Mas para os dois países ibéricos joga-se a questão da compatibilidade ferroviária de passageiros e mercadorias entre si e com a UE.

4. Faz sentido não haver uma integração com Espanha tendo em conta que o país vizinho está a construir a maior densidade de nova ferrovia do mundo? A resposta é mais política que técnica. De Espanha chegarão turistas e para lá fugirão alguns centros de decisão (os que ainda não partiram...). Mas, e Portugal? Não tem nada a ganhar num mercado de 40 milhões de habitantes e mais 35% de rendimento que o nosso?

5. Pessoas, negócios, universidades, e maior proximidade com transportes mais limpos e rápidos. É a nova economia dos "proletários" do conhecimento. Lisboa é a cidade portuguesa que mais beneficia com este duplo eixo Lisboa/Porto/Corunha e Lisboa/Badajoz/Madrid. Além disso, a noção de território muda subitamente se o Porto está a 1h15, Évora e Leiria a 30m, ou se a viagem Valença/Faro demorar 3h30m (quando a rede ficar completa).

6. Todavia: há dinheiro para pagar isto? O Lisboa/Porto paga a exploração e ainda amortiza algum valor da infra-estrutura. O Lisboa/Madrid e Porto/Vigo provavelmente não. Temos economia que potencie este investimento em produtividade e ‘network' ibérico? É a questão.
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Daniel Deusdado, Jornalista

O TGV deve ser para os Portugueses fugirem melhor de Portugal!!!

Ah é para levar mercadorias, das importações de PT!!!

OASISNODZRT escreveu:O TGV deve ser para os Portugueses fugirem melhor de Portugal!!!

Ah é para levar mercadorias, das importações de PT!!!

Já que o seu camelo é tão lento, Oásis... é a alternativa possível!!!!