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Tempo de esperança

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Mensagem por Viriato Seg Nov 02, 2009 8:26 am

Tempo de esperança

Momentos há que conjugam factos e sinais de bom augúrio. Parece estarmos a sair de uma crise económica de contorno mundial, por se ter actuado bem.

A sair de um bloqueio da Europa, por se ter persistido convictamente, dialogando com pressão e sem cedência a chantagens. Parece haver avanços no acordo para o desenvolvimento sustentável, se nos limitarmos a esperar da Conferência de Copenhaga apenas aquilo que ela nos pode trazer. E até a situação política nacional se desanuviou um pouco, na linha do que previamos aqui, há duas semanas. Noutras longitudes, os erros de um unilateralismo insensato e de uma prepotência supostamente intelectual, mas sem razão nem ética, tornaram o Iraque um vespeiro para os que lá vivem ou por lá passam, e tudo se conjuga para o Afeganistão vir a ser o pesadelo de Obama, como o foi dos soviéticos, há trinta anos e dos ingleses há 130 anos.

Iremos sair bem e depressa da crise económica e financeira, porque aprendemos com a Grande Depressão de 1929-30, actuando agora, exactamente ao contrário de então. O presidente Hoover purgou dramaticamente o orçamento federal. O presidente Obama disponibilizou para o sector público fundos nunca antes imaginados. Hoover sacrificou a economia americana e mundial ao padrão-ouro. A Reserva Federal, agora, aceitou baixar a taxa de desconto a valores nunca imaginados. No tempo da Grande Depressão faliram quase oito mil bancos, em nome do pretenso efeito redentor da purga financeira. Desta vez fez-se o contrário e salvou-se o sistema financeiro com poucas perdas, permitindo relançar o crédito e a confiança.

Na Europa, há sinais de as novas instituiçoes entrarem em funcionamento no novo ano. Há que reconhecer o consenso e a paciência dos que esperaram e o bom trabalho de Barroso ao articular convicção e tempo de acção. Resta livrarmo-nos de Blair, personagem celestial tornada indesejável. Não estou certo de o conseguirmos.

Copenhaga vai certamente ficar aquém do possível e muito aquém do desejável. Os avanços serão pequenos e sem compromisso quantitativo. Serão maiores na retórica, mas tal não ocorre por culpa da Europa, que cumpriu e se comprometeu com 100 mil milhões de euros de compensações aos países terceiros.

Também a situação política nacional parece distender-se à direita, o que reduzirá a metade a gravidade dos problemas. O irrealismo e o novo-riquismo contestatário do BE estão a ser confrontados com a realidade e os seus programas, à luz do dia, não resistirão a um escrutínio independente. A estratégia de ataques pessoais já não colhe e o país acordou para o que seria a servidão da irresponsabilidade, caso o poder fosse com eles partilhado. O PC será sempre igual, com a vantagem de que, se aceitar acordos, costuma cumpri-los.

Deixo para final o pesadelo Afegão, já que do Iraque nada há a esperar, tal a espiral de violência. Mas o Afeganistão é bem pior. Nunca foi domado por ingleses ou russos, quaisquer que fossem os seus objectivos e estratégias. A convicção de que a força vence a crença é pelo menos infantil. Aquela guerra não se vence. Já que foi iniciada, ou se contorna, ou com ela se convive em ritmo lento, até que se possa sair. Falta muito diálogo e compreensão das diferenças culturais.

António Correia de Campos, Deputado pelo PS ao Parlamento Europeu
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