Bélgica de novo à procura de primeiro-ministro

Bélgica de novo à procura de primeiro-ministro

por LusaHoje

A Bélgica recebeu com orgulho a notícia da designação do primeiro-ministro, Herman Van Rompuy, para o novo cargo de presidente do Conselho da União Europeia, mas vê-se de novo forçada a encontrar uma solução governativa.

Herman Van Rompuy foi designado quinta-feira em Bruxelas pelos chefes de Estado e de governo da UE para o cargo de presidente do Conselho, cargo criado pelo Tratado de Lisboa, pelo que a classe política belga tem rapidamente de encontrar o seu sucessor.

De acordo com a imprensa belga, o antigo primeiro-ministro Yves Leterme - que Van Rompuy substituiu na chefia do governo há cerca de um ano, na sequência de um escândalo já conhecido como "Fortisgate" - é a possibilidade mais forte, sendo todavia o seu anunciado regresso encarado com pouco entusiasmo.

Em Dezembro de 2008, Leterme foi forçado a demitir-se após ser acusado de tentar influenciar uma decisão sobre a venda do grupo bancário Fortis, sendo substituído por Rompuy, democrata-cristão flamengo de 62 anos, à frente de uma coligação governamental formada por dois partidos flamengos e três francófonos.

Rompuy revelou-se uma personalidade capaz de emprestar finalmente estabilidade à complexa cena política belga, após mais de um ano de sucessivas crises e tensões entre as comunidades flamenga e francófona, e hoje a "eleição europeia" enche as primeiras páginas da imprensa belga, que o trata quase como um herói.

"Yes!", exclama simplesmente o La Libre Belgique, que no interior escreve que "a classe política belga está dividida entre a imensa honra que representa a nomeação de Herman Van Rompuy para a presidência do Conselho Europeu e a imensa tristeza de o ver deixar um governo que liderava com grande esforço".

Este jornal questiona também se todo o governo deve demitir-se, na sequência da saída de Rompuy, e entrevista um constitucionalista a favor dessa atitude.

O Le Soir divide a manchete em dois, com o rosto de Rompuy a encher a metade de cima da primeira página e o de Leterme a metade inferior, acompanhados respectivamente pelas expressões "a consagração" e "a desforra".

No interior, o jornal saúda a escolha de um belga para a liderança dos 27 e, a nível interno, diz que se segue "o outro (falso) suspense: Yves Leterme", não escondendo o receio de que o seu regresso represente também o regresso das divisões.

Já o La Dernière Heure, com a manchete "Um belga na liderança de 460 milhões de Europeus!", escreve nas páginas interiores que a escolha de Van Rompuy representa o regresso da Bélgica ao coração da Europa e que, no plano interno, tudo parece encaminhar-se para o regresso de Yves Leterme.

Os jornais flamengos também ilustram invariavelmente as primeiras páginas com fotos de Van Rompuy e manchetes como "O primeiro presidente da Europa" (De Morgen), "Uma nova estrela para a Europa" (De Standaard) e "Um belga é o primeiro" (Het Laatse Nieuws).