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Acordo ortográfico

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Mensagem por Viriato Qua Dez 23, 2009 10:04 am

ACORDO, A TUA AVÓ


«Até que ponto é obrigatório o acordo ortográfico? Poderão multar ou prender quem não obedecer? A escritora e ministra Isabel Alçada já teve a coragem de dizer que não há pressa.
Outros atropelam-se para adoptar a nova ortografia como se fartos da antiga. Regra geral, o acordo ortográfico é defendido por quem escreve mal, por muito que saiba de ortografia, mas desprezado por quem escreve bem e saiba alguma coisa de linguística.

Vai haver uma ASAE para a ortografia? Caso haja processos, as editoras resistentes não poderão alegar que são gralhas, senhor? Palavra de honra, se alguma vez fez sentido a desobediência civil, na sua versão mais serena - pífia até - é com o acordo ortográfico.

O que virá a seguir neste plano totalitário de unificação? Um acordo fonético? Os sotaques? Não seria mais fácil entendermo-nos todos, brasileiros, angolanos e portugueses se pronunciássemos as palavras da mesma maneira?

Se fosse feito como o ortográfico, haveria algumas pronunciações brasileiras forçadas sobre os portugueses e outras nossas forçadas sobre eles. Mais umas pitadas dos PALOP, para dar graça. Quantos brasileiros querem que nós adoptemos os hábitos ortográficos deles? Mesmo sem terem de adoptar, em troca, alguns dos nossos? Cinco? E cabo-verdianos? Dois?

Vamos desobedecer! Nunca foi tão fácil ignorar impunemente um acordo feito atrás das nossas costas, enquanto dormíamos, por quem estava sempre a acordar.

Pshtt: o império acabou, para todos nós.» [Público]


Por Miguel Esteves Cardoso.


É um assunto que aqui não tem sido debatido. E que os convido a fazer. Eu próprio não tenho certezas, ou melhor, tenho muitas dúvidas sobre a melhor solução.

As línguas são vivas. Sofrem mutações através dos séculos. Um dos pontos altos de nossa identidade nacional foi sem dúvida a língua. Os nossos primeiros reis, quase todos analfabetos, aperceberam-se que a criação de uma língua diferente dos nossos vizinhos (eram vários) ajudava a consolidar uma afirmação nacional. E embora as lutas internas entre os diversas classes (clero, nobreza, municípios e povo) fossem violentas, em momentos de crise e risco de perda da independência, a língua (e mais umas coizitas, claro) foi um elo aglutinador importante.

Durante muitos séculos a nossa língua era a ditada por Portugal. Como sucede com a inglesa. Quem aprende aprende, quem não aprende é analfabeto.

Sucede que Portugal não tem uma predominância tão forte nos PALOP's como têm a Inglaterra ou EUA nos países de expressão inglesa. Com muitas falhas culturais, a língua portuguesa e, sobretudo, uma nova literatura palopiana, tem ganho uma força muito grande. Dialetos, expressões, influência de diversos crioulos linguísticos têm marcado grande parte desta produção literária. As novelas brasileiras marcaram e de que maneira. E aí surgem-me dúvidas. O português será um dia o somatório de todas essas divergências, correndo o risco de um dia existir o português, brasileiro, angolano, etc, ou dever-se-á fazer um esforço de uniformização?? A não ser corrigido o português de Portugal não será um dia uma espécie de latim? Vá, botem opiniões...


Gostaria de relembrar que em muitos sites já aparece a pergunta se pretende documentação em português ou brasileiro.....
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Mensagem por Joao Ruiz Qua Dez 23, 2009 11:59 am

A ideia é óptima e poderíamos começar +elo Instituto CXamões, com vastíssima matéria sobre a Língua Portuguesa:

http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/bases-tematicas/historia-da-lingua-portuguesa.html


Breve sumário

O quê? Onde? Porquê? Quando?

O que é a língua portuguesa?

O PORTUGUÊS é a língua que os portugueses, os brasileiros, muitos africanos e alguns asiáticos aprendem no berço, reconhecem como património nacional e utilizam como instrumento de comunicação, quer dentro da sua comunidade, quer no relacionamento com as outras comunidades lusofalantes.
Esta língua não dispõe de um território contínuo (mas de vastos territórios separados, em vários continentes) e não é privativa de uma comunidade (mas é sentida como sua, por igual, em comunidades distanciadas). Por isso, apresenta grande diversidade interna, consoante as regiões e os grupos que a usam. Mas, também por isso, é uma das principais línguas internacionais do mundo.
É possível ter percepções diferentes quanto à unidade ou diversidade internas do português, conforme a perpectiva do observador.
Quem se concentrar na língua dos escritores e da escola, colherá uma sensação de unidade.
Quem comparar a língua falada de duas regiões (dialectos) ou grupos sociais (sociolectos) não escapará a uma sensação de diversidade, até mesmo de divisão.


Unidade

Uma língua de cultura como a nossa, portadora de longa história, que serve de matéria prima e é produto de diversas literaturas, instrumento de afirmação mundial de diversas sociedades, não se esgota na descrição do seu sistema linguístico: uma língua como esta vive na história, na sociedade e no mundo.
Tem uma existência que é motivada e condicionada pelos grandes movimentos humanos e, imediatamente, pela existência dos grupos que a falam.
Significa isto que o português falado em Portugal, no Brasil e em África pode continuar a ser sentido como uma única língua enquanto os povos dos vários países lusofalantes sentirem necessidade de laços que os unam. A língua é, porventura, o mais poderoso desses laços.
Diz, a este respeito, o linguista português Eduardo Paiva Raposo:


A realidade da noção de língua portuguesa, aquilo que lhe dá uma dimensão qualitativa para além de um mero estatuto de repositório de variantes, pertence, mais do que ao domínio linguístico, ao domínio da história, da cultura e, em última instância, da política. Na medida em que a percepção destas realidades for variando com o decorrer dos tempos e das gerações, será certamente de esperar, concomitantemente, que a extensão da noção de língua portuguesa varie também.
[Algumas observações sobre a noção de "língua portuguesa", Boletim de Filologia, 29, 1984, 592]

Diversidade

A diversidade linguística que o português apresenta através do seu enorme espaço pluricontinental é, inevitavelmente, muito grande e certamente vai aumentar com o tempo.
Os linguistas acham-se divididos a esse respeito: alguns acham que, já neste momento, o português de Portugal (PE) e o português do Brasil (PB) são línguas diferentes; outros acham que constituem variedades bastante distanciadas dentro de uma mesma língua.
Consulte, a este respeito, o Fórum dos Linguistas.

In Instituto Camões


Há dias, num outro tópico sobre este mesmo tema, mas em forma de teste, dizia eu que a nova moda dos acentos me tinha comido 5% e o Vagueante dizia também que lhe acontecera o mesmo.

Eu entendo a modernização duma língua como um enriquecimento, mas mantendo as suas características naturais, sem o que isso se tornará numa descaracterização, empobrecimento e banalização.

E uma das características da nossa língua reside na acentuação, que dá a cada palavra o seu lugar não dubidativo. Por exemplo, se eu disser falamos e falámostoda a gente distingue imediatamente a sua utilização, o que não acontece, se eu disser apenas "falamos". Sei que vai já haver quem argumente, que issi se tira pelo sentido. Tretas! Basta apenas prestar atenção aos nossos locutores de rádio e televisão, para verificarmos o contrário. Isto, já para não irmos ao verdadeiro atentado linguístico em que se tornou a forma de expressão dos nossos jovens. Mas temos sempre a mania de imitar o que é mau e disso não nos curamos.

Podem perfeitamente introduzir-se novos vocábulos numa língua, sem que perca a sua identidade e raiz, o que não é o caso do famigerado acordo, com por exemplo facto e fato, vocábulos velhos muito diferentes no seu significado e ora apenas travestidos.

No

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Mensagem por Viriato Qua Dez 23, 2009 12:24 pm

Gostei dos argumentos do João, embora o exemplo dos locutores das TV's não sirva de exemplo. São tão maus ou piores que os outros jovens não locutores, embora dos primeiros se exigisse mais. A acentuação é importante. E o exemplo dado é exemplar. Mas creio que o acordo ortográfico vai mais além do que a acentuação. A inclusão de novos termos. A nossa língua assimilou nos últimos 30 anos um vasto leque de novos vocábulos. Uns, fruto da descolonização e da vinda dos retornados. (ex: bué, já aceite, embora por muitos de uma forma contrariada, por todos). Depois através das telenovelas. Mas aí com uma imaginação e variedade fantástica. Há também o problema dos termos técnicos, universais, que dificilmente se encontrará correspondência na nossa língua (ex. hardware, software, download, etc, etc). Sobre todos estes novos termos o que têm a dizer?? Manter finca pé no português clássico e tradicional não nos pode vir a provocar um isolamento linguístico?? Não tenho certezas. Sei que o assunto não é novo. A minha avó escrevia assucar e pharmácia. E protestava contra a nova versão actual. Não nos estaremos a comportar como ela?? É que a rejeição a alterações não é nova.
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Mensagem por Joao Ruiz Qua Dez 23, 2009 2:40 pm

Viriato escreveu:Gostei dos argumentos do João, embora o exemplo dos locutores das TV's não sirva de exemplo. São tão maus ou piores que os outros jovens não locutores, embora dos primeiros se exigisse mais. A acentuação é importante. E o exemplo dado é exemplar. Mas creio que o acordo ortográfico vai mais além do que a acentuação. A inclusão de novos termos. A nossa língua assimilou nos últimos 30 anos um vasto leque de novos vocábulos. Uns, fruto da descolonização e da vinda dos retornados. (ex: bué, já aceite, embora por muitos de uma forma contrariada, por todos). Depois através das telenovelas. Mas aí com uma imaginação e variedade fantástica. Há também o problema dos termos técnicos, universais, que dificilmente se encontrará correspondência na nossa língua (ex. hardware, software, download, etc, etc). Sobre todos estes novos termos o que têm a dizer?? Manter finca pé no português clássico e tradicional não nos pode vir a provocar um isolamento linguístico?? Não tenho certezas. Sei que o assunto não é novo. A minha avó escrevia assucar e pharmácia. E protestava contra a nova versão actual. Não nos estaremos a comportar como ela?? É que a rejeição a alterações não é nova.

Eu disse, que a acentuação é uma das características da nossa língua e que, ao querer eliminá-la, se vai cometer um erro crassso, conforme o exemplo dado e tantos outros, que o poderiam ser.

Quanto aos novos vocábulos técnicos, que o Viriato cita, eles entram na língua portuguesa com a sua grafia e significados originais, o que, quanto a mim significa enriquecimento, pois, como muito bem disse, não há tradução para eles, sem deturpação.
O mau é aportuguesarem-se palavras oriundas de outros países, via novela, cinema, TV e outros meios de comunicação, resultando híbridos (isso é muito comum no Brasil) de péssimo gosto, quanto a mim.

O fonema ph, talvez não saiba, que ele era usado, apenas em palavras de origem grega, quer viessem directamente, quer por intermédio do latim ou outra língua, para a nossa e que caiu em desuso, a favor do f:

Fármaco - do grego «phármakon», droga, medicamento, fármaco.

Farmácia - do latim médico «pharmacia», e este do grego «pharmakeia», medicamentos; emprego de medicamentos.

Farmacopeia - tratado acerca da preparação dos medicamentos. Do francês «pharmacopée», e este do grego «pharmakopoïia», confecção de drogas (medicamentos, venenos, etc.).

Idea

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Mensagem por Viriato Ter Dez 29, 2009 3:35 pm

Contra o acordo ortográfico, jarros de jactância

Acordo ortográfico Lingua-portuguesa1

No Facebook pediram-me que comentasse um post contra o acordo ortográfico. Não foi grande ideia. Calculo que esperassem uma benção, saiu uma bala. Ele há dias.

A pergunta era: “querer obrigar 2 povos diferentes a expressarem-se da mesma maneira é… é… Alguém tem adjectivo para classificar o que isto é, meus senhores?!”

Respondi. Não respondo a todas as solicitações por uma razão tão simples quanto lógica: a maior parte das vezes pedem-me opiniões sobre assuntos que me são triviais ou mesmo desconhecidos e eu, não tendo nada a acrescentar, fico calado que faço melhor figura.

Mas neste assunto do acordo ortográfico tenho opinião, tenho posição e até tenho um posto de guerrilheiro, basta conferir o que já escrevi sobre o assunto nos links no final deste artigo.

Pelo que respondi isto:

Sim. O adjectivo que procura é: racional.

É racional querer uma base de entendimento para as diferentes comunidades falantes de português.

É racional desde logo pelos aspectos práticos, isto é, económicos, da questão. Pense na edição de livros. Mas é racional por mais razões. A da aproximação de portugueses e brasileiros — ou, se preferir, da resistência ao afastamento. Isto é sobretudo importante no contexto da globalização cultural e política. E, a cru e sem rodriguinhos, é mais importante para Portugal do que para o Brasil.

Na minha modesta opinião, só um distraído profundo não percebe que no quadro da emergência do Brasil como potência económica e política é importante que Portugal reforce os laços. O acordo ortográfico é uma peça nesse reforço.

Racional é, ainda, a perspectiva da batalha das línguas neste século. O século XXI assistirá à subida das línguas ibéricas — o eixo ibero-americano está a ganhar importância crescente em termos tanto regionais (UE, América do Sul) como globais. Neste quadro, a existência de um acordo ortográfico é um instrumento de defesa do português. É racional cuidar da língua.

Há razões pessoais, também. Eu quero entender-me melhor com os brasileiros. Partilho com muitos brasileiros um número crescente de interesses, graças às redes sociais e à Internet. Presumo que o mesmo se passa com milhões de portugueses e brasileiros, entre outros nascidos a ouvir português. Um acordo para a ortografia é um passo para a melhoria desse entendimento. Chamem-me presunçoso.

Agora, digam-me lá: quais são os argumentos contra o acordo? As diferenças geo-culturais que implicarão, sempre, diferenças linguísticas? Ya ya: hoje em dia tenho mais dificuldade com alguns dos regionalismos portugueses do que com os brasileiros. E considero muito mais perniciosa para a “minha” língua a influência da “diferença beirã”, ao nível do sotaque e do próprio entendimento, que a influência da “diferença brasileira”.

O acordo ortográfico é apenas um acordo ortográfico, não é uma imposição ou obrigação, ao contrário do que parecem temer os resistentes — ou assim querem fazer crer. O acordo ortográfico não ameaça as diferenças na utilização da língua, mas é um instrumento para melhorar a comunicação entre culturas diferentes. A muitos níveis.

Já nem os peço válidos, apenas argumentos que ao menos façam sentido. Mas não oiço argumentos, apenas jactância.

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Mensagem por Vitor mango Ter Dez 29, 2009 3:49 pm

da batalha das línguas neste século. O século XXI assistirá à subida das línguas ibéricas — o eixo ibero-americano está a ganhar importância crescente em termos tanto regionais (UE, América do Sul) como globais. Neste quadro, a existência de um acordo ortográfico é um instrumento de defesa do português. É racional cuidar da língua.

quando no Brasil ouvia pronunciar
BRASIU
ALUGUEL
e outras impresiçoes comentava comigo que eu nunca conseguiria adaptar-me
e de repente vejo que o Brasil domina ja o mundo da NET
LULA sdobe a tribuna MUNDIAL e nem sequer tenta o ingles que se calhar nem sabe assoprar
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Mensagem por Kllüx Ter Dez 29, 2009 7:42 pm

Adoro ouvir certos ministros da edukação e outros, em progamas televisivos a dizzzzzzzzzzzzzzzzzerem: "Tamém" na vez de também.....
AKI temos k konkordar k "Tamém" é muito mais fácil de prenunciar k "Também" simplesmente se korta o "B". Acordo ortográfico Icon_study Acordo ortográfico Icon_study Acordo ortográfico Icon_study
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Mensagem por Viriato Qua Dez 30, 2009 1:34 am

K LüX escreveu:Adoro ouvir certos ministros da edukação e outros, em progamas televisivos a dizzzzzzzzzzzzzzzzzerem: "Tamém" na vez de também.....
AKI temos k konkordar k "Tamém" é muito mais fácil de prenunciar k "Também" simplesmente se korta o "B". Acordo ortográfico Icon_study Acordo ortográfico Icon_study Acordo ortográfico Icon_study

Mas a nossa língua, desde há séculos, tem evoluído por essa razão. A facilidade da pronúncia. A palavra sempre escrevia-se semper. A forma actual é mais fácil de pronunciar e assim ficou. Quamquer dia também passará a tamém. Nada contra. As línguas, repito, são vivas.
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Mensagem por Joao Ruiz Qua Dez 30, 2009 6:43 am

Mas a nossa língua, desde há séculos, tem evoluído por essa razão. A facilidade da pronúncia. A palavra sempre escrevia-se semper. A forma actual é mais fácil de pronunciar e assim ficou. Quamquer dia também passará a tamém. Nada contra. As línguas, repito, são vivas.


Quando isso acontece, estamos perante a modificação das palavras, via corruptela, que é a deformação de palavras, originada pela má compreensão/audição e posterior reprodução. Pode ser ainda de forma propositada, como forma de eufemismo para uma expressão considerada inapropriada ou de baixo calão. Na língua portuguesa, muitos vocábulos e palavras formaram-se a partir de corruptelas, como por exemplo, o pronome você, originado por várias corruptelas de "Vossa Mercê". (Vossa Mercê, Vosmercê, Vasmicê, Vance e finalmente você)

Temos depois a forma a forma erudita dos fenómenos fonéticos, a partir do latim:

1. QUEDA DE FONEMAS

- início da palavra: aférese ex.: inamorare > namorar
- meio da palavra: síncope ex: malu> mau
- fim da palavra: apócope ex.: legale > legal

2. ADIÇÃO DE FONEMAS
- início da palavra: prótese ex.: stare > estar
- meio da palavra: epêntese ex.: (credo) creo > creio
- fim da palavra: paragoge ex.: ante > antes

3. PERMUTA OU TROCA DE FONEMAS
- transposição de um fonema dentro da mesma palavra: metátese ex.: semper > sempre

4. TRANSFORMAÇÃO DE FONEMAS
- um fonema adapta-se a outro: assimilação ex.: ipsu(m) > isso
- um dos fonemas iguais torna-se diferente: dissimilação ex.: raru > ralo
- transformação de uma consoante em vogal: vocalização ex.: octo > oito
- fusão de duas vogais iguais: crase ex.: pee > pé

Agora, toca a estudar a lição!

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Mensagem por Viriato Qua Dez 30, 2009 11:34 am

Historiando os acordos

Uma história com 20 anos ... ou com um século

Público

O Acordo Ortográfico que entrou em vigor em Portugal (embora ainda não esteja a ser oficialmente aplicado) e que está em vigor no Brasil desde o início de 2009 é, por estranho que pareça, conhecido como Acordo Ortográfico de 1990. É uma saga com 20 anos.


Mas para perceber como se chegou aqui é necessário recuar até ao início do século XX. Ou,
já agora, um pouco mais, até ao século XVI.

Quando se começou a escrever a língua portuguesa, a tendência foi para que as palavras representassem foneticamente os sons. Mas na segunda metade do século XVI, numa altura em que o português sentia a necessidade de se afirmar perante o castelhano, tentou-se legitimar a língua dando-lhe um cariz mais latino e optando por uma ortografia mais etimológica (a partir da origem das palavras). Foi nessa altura que, lembram Manuel Tavares
e Maria Manuel C. Ricardo na Revista Lusófona de Educação, João Franco Barreto publicou a Ortografia da Língua portugueza. Era o tempo é que "é" se escrevia "he", "plurais" eram "pluraes", "podem" tinha acento no "o", e "bom" era "bõ".

Durante os séculos seguintes permaneceu a polémica entre ortografia etimológica e fonética. E foi assim que se chegou a 1911.

A República fora implantada no ano anterior e António Dias Coelho, chefe do serviço de revisão da Imprensa Nacional, denuncia o "estado de incoerência ortográfica". Decide-se fazer
uma Reforma Ortográfica. Foi, escrevem os autores do texto, uma reforma profunda e que "modificou completamente o aspecto da língua escrita, aproximando-o muito do actual". Desapareceram as consoantes dobradas (beIleza), os "ph" (pharmacia), "th" e "r!i'. Fez-se um "retorno parcial à ortografia fonética da Idade Média'. Houve protestos em Portugal, mas foi no Brasil que houve uma rejeição total de uma reforma que tinha sido feita sem o país com maior número de falantes de português. Tinham começado os problemas que um século mais tarde ainda estamos a tentar resolver.

Mas a reforma de 1911 manteve muitas consoantes mudas e fórmulas que os críticos vêem como cedências à etimologia. E levou ao afastamento entre as ortografias de Portugal e do Brasil, que manteve a antiga.

Houve uma tentativa de . acordo em 1931, por iniciativa da Academia Brasileira de Letras, mas falhou.

Em 1943 é estabelecido entre os dois países um Formulário Ortográfico e dois anos depois Portugal adopta um novo

Acordo Ortográfico. Apesar de ter a assinatura da Academia Brasileira de Letras, o acordo nunca foi aplicado no Brasil. Entrou em vigor em Portugal e nos restantes países de língua oficial portuguesa e cavou o divórcio ortográfico entre os dois lados do Atlântico. É esse acordo que o actual substitui.

O debate foi sempre marcado pela questão das cedências:

seria Portugal que estava a fazer cedências ao Brasil ou vice-versa? Alguns artigos que saíram recentemente na imprensa estrangeira sobre o acordo fazem uma leitura simples. "O império contra-ataca", descreve a Associated Press; e Eric Hewett, um linguista baseado em Roma citado pelo Times online, considera "extraordinário que uma potência colonial europeia mude a sua ortografia para se aproximar da de uma colónia". Mas, conclui o mesmo artigo, foram a globalização e a Internet que tornaram a decisão "incontornável": ''A natureza da Internet e a importância de motores de busca como o Google significam que a grafia é crucial: a lei das percentagens diz-nos que menos pessoas irão encontrar a Optimo Global Shipping Co em Lisboa do que a Otimo Global Shipping Co em São Paulo".

A.P.C.
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Mensagem por Viriato Qua Dez 30, 2009 11:55 am

A LÍNGUA


A 48 horas da entrada em vigor do Acordo Ortográfico, verifico com agrado o bom senso dos nossos editores. Sirva de exemplo o comentário de Francisco José Viegas, editor da Quetzal, chancela que publicará os livros de acordo com a vontade do autor e respectiva ortografia, «porque a língua da literatura não é propriamente o léxico de um director das Alfândegas». De resto, prossegue, «metade da aflição geral com o Acordo e com os problemas que ele traz são encenações, tentativas de dramatizar uma coisa que no Brasil, por exemplo, decorreu de forma muito pacífica.» Claro como água.

Sempre fui a favor da uniformização da língua em todo o tipo de textos oficiais. Naturalmente, isso inclui legislação. E as escolas deviam preparar-se para começar logo em Setembro de 2010 a ensinar a língua de acordo com os novos parâmetros. E os jornais deviam começar já depois de amanhã a dar o exemplo. Parece que só o Sol o fará, esse e a agência LUSA.

Tirando isto, cada um, em sua casa ou no seu blogue, fará o que quiser. Não deixa de ser curioso que alguns dos mais ferrenhos detractores do Acordo sejam bloggers que se distinguem pelos pontapés que todos os dias dão na gramática. O tipo de gente que começou a ler traduções de Robert Walser sem nunca ter lido João de Deus.
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posted by Eduardo Pitta
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Mensagem por Viriato Sex Jan 01, 2010 11:46 am

Pode parecer que este curioso texto de Clara Ferreira Alves nada tenha a ver com o acordo ortográfico. Claro que tem. A componente estrangeirista, quase exclusivamente tecnica, com termos dificilmente traduzíveis, podem influenciar a nossa língua. Por enquanto tenho postado diversas faces do problema. Depois darei a minha opinião. E aguardo a vossa...


A década, pois

Twitto boas festas. Dantes, as pessoas escreviam postais

CLARA FERREIRA ALVES



A década, pois. Tenho de fazer o balanço. Mais logo. Agora tenho de verificar se as reservas estão ok e fazer um print. Não preciso. Está tudo em G-mail. Faço o check-in online e faço o print do cartão de embarque. Chega. O passaporte é electrónico, por causa da alfândega americana. Uma consequência do 11 de Setembro. A propósito, convém não levar aquelas botas compensadas para o aeroporto, a segurança manda descalçar. Mais uma consequência do 11/9. E a mala? Se for de cabine, nada de tesourinhas ou limas, e tenho de arranjar frasquinhos e enfiá-los numa saqueta. E a roupa? Vou checar (checar? Isto é Acordo Ortográfico, que é o ciberportuguês), dizia eu, checar (isto é acima de tudo um americanismo, o anglicismo morreu), checar o tempo no Weather Underground ou na CNN. Fiz o print da factura? Isto dos prints é obsoleto. Agora tenho duas licitações finais no Ebay e tenho de me despachar. Uma das coisas vem da Austrália, ver o fuso horário. E quanto é um dólar australiano? Abro o XE Currency Converter, o euro aguenta-se, finalmente pertenço ao clube da moeda forte. A Europa. O tempo vai estar tempestuoso. Odeio aviões em tempestades. E parece que um avião se partiu ao meio por causa da chuva. Chuva na Jamaica? Vai uma pessoa para a Jamaica para apanhar sol. Vou ver ao YouTube o que aconteceu. O pior é que abro o Youtube e fico por lá. O tempo corre. E tenho ainda de comprar uns presentes de Natal e ir ao supermercado. Abro a Amazon, os livros devem estar a chegar. A Amazon não falha. E fartei-me de comprar presentes, embora o site UK nunca seja tão bom como o USA. Montes de promoções. O Nordstrom e outra loja em Seattle têm umas ofertas incríveis, tenho de fazer o cálculo. Talvez compense. Ou espero por Janeiro. Se não fossem as taxas alfandegárias comprávamos tudo fora da Europa. Venha daí um Blackberry. Ou o novo Chocolate da LG, mais giro que o iPhone. Esta coisa do i em caixa baixa faz lembrar o ee cummings. Ninguém lê poesia. No Kindle, talvez. É como beber um Nespresso, whatelse? Ah, o supermercado, compro online, escuso de tirar o carro. Poupo o ambiente. Ah, os bilhetes. Fiz o print da reserva? Sem bilhetes não se consegue ver uma ópera, um teatro ou uma exposição. Reserva-se online, no dia vai-se à bilheteira. A única maneira de ver o tecto da Capela Sistina ou a "Última Ceia" do Leonardo em Milão (Dan Brown é o autor mais lido da década, culpa dele) é assim. Ou de comer no Adriá. Toda a gente viaja.
As low cost e o Lonely Planet, culpa deles. Que fazem as agências? Os pacotes, claro. Para a Jamaica. Onde chove a potes. Deve ser do clima alterado. Abro o NY Times. Pode estar a perder dinheiro mas ainda é o melhor site de jornal do mundo. A década. Que aconteceu de mais importante esta década? Eles sabem. O 11 de Setembro, as alterações climáticas, Obama, Afeganistão, Paquistão, Iraque, Irão. Etc. Bush e os neocons, como é que se chamava aquele tipo que não tinha dúvidas e nunca se enganava, o accionista do Tamiflu? Rumsfeld. O que andará o Rumsfeld a fazer? O Google sabe. A propósito de Tamiflu, tenho de ver se aquelas acções dos fabricantes de líquidos antibacterianos estão a render. Abro os índices, ok, venha a gripe A e o dinheirinho a ganhar. Qual crash capitalista. E o Bush? O executor de Saddam, a quem Rumsfeld se fartou de apertar a mão noutra década. Deve estar no Google Images. Estamos todos no Google. E no GoogleEarth. Não é só o Rumsfeld. Obama também é uma consequência do Rumsfeld. Foram precisos oito anos de Bush para aqui chegar, ao Presidente Nobel da Web. Tenho de ir ao site da Atlantic, será a New Yorker?, ler o artigo que vinha reproduzido nuns blogues. O das novas guerras e armas de destruição. Maciça? As novas Daisy Cutters. Microondas. Lasers. Drones. Talvez dê para falar disso no balanço da década. O tempo corre. Ainda nem abri o mail e limpei o spam. Tenho de checar o extracto bancário. Já não há pachorra para o mail, nem para blogues. O Twitter. É maisfast. Twitto boas festas. Dantes, as pessoas escreviam postais. Coitadas. Com a Wikitude podemos aprender física quântica. E reproduzir o Big Bang, como o LHC. Ou fabricar uma arma de destruição. Maciça. Se inventarem uns robôs canalizadores, o mundo será perfeito na próxima década. Como dizia o Woody AlIen, provar a existência de Deus é mais fácil que arranjar um canalizador ao domingo. Tenho de rever este dinossauro no video on demando A década? Olha, o melhor é dizer que tudo foi uma consequência do 11 de Setembro. Será que dá para ir hoje ver o "Avatar"? *
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Mensagem por Viriato Sáb Jan 09, 2010 7:09 am

Acordo Ortográfico


O professor Evanildo Bechara, negociador brasileiro do Acordo Ortográfico, dizia-me um dia que este tipo de instrumentos de regulação linguística era feito para as gerações seguintes. De facto, não é agradável para ninguém, mudar a sua maneira de escrever . Apenas as novas gerações, através do ensino, têm facilidade de absorver com naturalidade essas mudanças, que ciclicamente sempre aconteceram no passado.

Durante a minha vida, recordo-me de ter assistido já a algumas mudanças na nossa escrita. Uma delas, por exemplo, foi o fim da utilização dos acentos graves nos advérbios de modo. Mas não foi "sòmente" essa.

Todos podemos ter a nossa opinião sobre o interesse deste novo acordo. Eu tenho a minha, mas ela é irrelevante. O facto (palavra que não muda, não obstante a confusão que alguns querem estabelecer) é que o Acordo está em vigor e é hoje um instrumento legal, que tem aplicação directa (ou melhor, direta) na ordem interna portuguesa.

Relembro, aliás, que Portugal foi o primeiro país a ratificar este Acordo Ortográfico, em 1991, e ele só não entrou em vigor, já em início de 1993, porque os restantes subscritores o não fizeram até essa data.

Assim, e porque o Acordo agora se encontra em pleno vigor, goste-se ou não dele, este blogue vai passar a seguir as suas regras, a partir de 11 do corrente. Os nossos comentadores são livres de escreverem como bem entendam. Podem mesmo voltar à "pharmacia"...

Postado por Francisco Seixas da Costa
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Mensagem por Vitor mango Sáb Jan 09, 2010 7:22 am

Assim, e porque o Acordo agora se encontra em pleno vigor, goste-se ou
não dele, este blogue vai passar a seguir as suas regras, a partir de
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Mensagem por Viriato Dom Jan 10, 2010 10:39 am

Heterodoxia ortográfica

O PÚBLICO rejeita o acordo ortográfico. Como leitor deste jornal desde o início e como colaborador, discordo desta posição.

A semana passada, um editorial do PÚBLICO veio declarar que este jornal rejeita o acordo ortográfico estabelecido entre os países de língua portuguesa, pelo que continuará a seguir a antiga norma ortográfica (respeitando, porém, a liberdade de opção dos seus colaboradores).

Como leitor deste jornal desde o início e como colaborador regular desde há mais de uma década, discordo desta posição (a que, aliás, não auguro grande duração), tanto mais que são improcedentes os argumentos que a sustentam.

Antes de mais, importa lembrar que se trata de um tratado internacional (acordado em 1990), que se tornou norma jurídica obrigatória nos países que o ratificaram juntamente com o protocolo adicional de 2004 respeitante à sua entrada em vigor, entre os quais se contam desde já o Brasil, Cabo Verde e Portugal (esperando-se que a breve trecho os demais países lusófonos o façam). Entre nós, sucede até que os tratados internacionais são de aplicação di reta na ordem interna, sem necessidade de serem transpostos por lei nacional, e têm mesmo força superior às leis internas, que não os podem contrariar. Não estamos portanto perante uma simples recomendação ou orientação, sem força vinculativa, cujo seguimento fique à livre disposição dos destinatários. Tal como em relação às leis, a discordância não legitima o seu incumprimento.

A obrigatoriedade da reforma ortográfica da Língua Portuguesa vale desde logo para as publicações oficiais e para os serviços públicos, incluindo o ensino oficial (ou equiparado), de acordo com o calendário estabelecido pelas normas de implementação que sejam estabelecidas internamente. Embora nada impedisse que a reforma ortográfica seja tornada formalmente obrigatória para outros veículos institucionais da língua, nomeadamente os órgãos de comunicação social, não é provável que tal suceda. Todavia, compreende-se mal que os media não se considerem vinculados pela ortografia legalmente vigente. Independentemente da obrigação jurídica, há a responsabilidade social da imprensa. Se existe uma norma oficial, não se justifica que os órgãos de comunicação social contribuam para o estabelecimento de uma confusão duradoura em matéria ortográfica.

São conhecidos os argumentos dos opositores ao acordo ortográfico, mil vezes repetidos, mil vezes refutados. Obviamente, não há normas ortográficas incontroversas. A ortografia é sempre um compromisso. Todas as anteriores intervenções oficiais nas regras ortográficas, tanto as unilaterais (como a de 1911, que iniciou a divergência ortográfica entre o Português europeu e o Português do Brasil), como as internacionalmente acordadas, encontraram sempre opositores, seja em nome de um conservadorismo assumido, seja em nome de argumentos mais ou menos ponderosos.

Todavia, a atual reforma ortográfica pode reivindicar a seu favor dois fatores de que as anteriores não beneficiaram. Por um lado, desde a sua elaboração até à sua entrada em vigor, passando pela sua aprovação e ratificação, o acordo ortográfico levou mais de duas décadas de intensas discussões académicas e políticas. Nunca uma reforma ortográfica do Português foi tão intensamente nem tão duradouramente debatida como esta. Em segundo lugar, pela primeira vez, uma revisão ortográfica do Português envolveu desde a sua aprovação inicial todos os países que têm o Português como língua oficial - embora alguns ainda o não tenham ratificado internamente -, não sendo mais, como nos casos anteriores, uma medida unilateral de Portugal ou do Brasil, ou um acordo a dois. Isso traduz explicitamente o novo estatuto do Português como língua plurinacionalmente partilhada, sem donos nem senhores privativos.

Ao contrário do que sustenta o PÚBLICO, uma das características das grandes línguas plurinacionais está na sua fundamental identidade ortográfica, seja ela imposta por via de acordos internacionais entre Estados ou entre autoridades linguísticas nacionais (como sucede com o Francês, o Espanhol e o Alemão), quer seja resultante de um processo orgânico, como sucede com o Inglês, sendo muito escassas as divergências ortográficas entre o Inglês britânico e o Inglês norte-americano. Em todos os casos, a identidade ortográfica (ressalvadas algumas exceções) coexiste com numerosas variantes de pronúncia nacionais.

Com o Português sucedia que, para além de óbvias divergências fonéticas (caso notório de "facto" e "fato" ou "jacto" e "jato", nas versões euro-africana e brasileira, respetivamente) permaneciam inúmeras divergências ortográficas para os mesmos termos (de que as consoantes mudas no Português europeu constituíam o caso mais notório). A reforma ortográfica institui uma norma tanto quanto possível única para a escrita do Português, sem prejuízo, porém, como não poderia deixar de ser, dos casos em que se não trata de simples divergência ortográfica mas sim de divergência fonética. Para além dos casos mencionados de dupla grafia, podem referir-se vários outros, entre eles o caso de "Antônio' e "António", que o PÚBLICO precipitadamente invoca como prova da inconcludência da reforma, ao permitir duas grafias para a mesma palavra. Ora, uma convergência ortográfica não poderia nunca aproveitar para forçar uma uniformidade fonética, onde ela não existe na língua falada. À ortografia o que releva da ortografia.

Mesmo um jornal de referência pode obviamente invocar um "direito de resistência" às leis ou acordos internacionais de que discorda. Duvida-se porém, no caso vertente, que o conservadorismo ortográfico seja prova de heterodoxia virtuosa.

Vital Moreira, professor universitário. Deputado ao Parlamento Europeu pelo Partido Socialista vital. moreira@ci.uc.pt
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Mensagem por Joao Ruiz Dom Abr 18, 2010 4:52 am

"Há reticências em Luanda sobre Acordo Ortográfico"

por A.C.M.
Hoje

Acordo ortográfico Ng1281718

O Reitor da Universidade Lusíada de Angola esteve em Lisboa para um seminário sobre a diplomacia angolana no novo contexto internacional da Universidade Lusíada. Na ocasião, salientou ao DN as prioridades de Luanda e a situação regional.

Quais as prioridades da diplomacia angolana?

A nossa diplomacia tem uma dimensão externa e uma outra interna. Nesta última, o Governo tem um programa, temos uma nova Constituição e objectivos a alcançar até 2012: criação de um milhão de empregos, um milhão de casas, o redimensionamento do ensino superior, o reforço da formação profissional e o relançamento da agricultura e da indústria. No plano externo, Angola está a consolidar o seu papel nas organizações regionais, a reforçar a cooperação com a África do Sul e assume-se como a potência regional da África Central.

Qual é, para Luanda, a melhor solução da crise no Zimbabwe?

Angola tem uma atitude de mediação na crise. A solução passa, numa primeira fase, por este Governo de transição e, depois, por uma nova Constituição e por um acordo nas elites da ZANU-PF para a substituição de Robert Mugabe por nova liderança que possa trazer estabilidade ao país. Este teve papel importante na luta de libertação e é o pai da independência do Zimbabwe, mas, quando o líder no poder já não gere consensos, é melhor sair com dignidade do que originar uma guerra civil, factor de instabilidade no país e na região.

O conflito com a RDCongo pode considerar-se sanado?

Há ainda um diferendo sobre a delimitação da fronteira marítima, mas foi ultrapassada de forma razoável a tensão resultante da ida em massa e de forma ilegal de cidadãos da RDCongo para Angola.

Como vê hoje a CPLP?

Creio que a CPLP podia fazer mais. Angola, Brasil e Portugal têm sido os mais dinâmicos da CPLP e têm ajudado a estabilizar vários conflitos. Agora, no âmbito da CPLP, temos posições divergentes, como no caso do Acordo Ortográfico. Há reticências em Luanda sobre a sua aplicação; achamos que se deve respeitar o padrão da língua em cada país, preservando a matriz global do português. Outro ponto de divergência é o estatuto do cidadão lusófono. Aqui há duas questões: os direitos de cidadania que as pessoas residentes no espaço da CPLP devem ter, e os direitos de livre circulação de pessoas e bens no espaço da comunidade sem entraves. E ainda não há consensos.

Assiste-se à aproximação entre Angola e os EUA. O facto indicia novas prioridades de Luanda?

É uma vitória diplomática do Governo angolano, primeiro que tudo. O Presidente Eduardo dos Santos esteve nos EUA, o MNE Assunção dos Anjos também, Hillary Clinton visitou Luanda. Hillary disse então que "os EUA queriam ser amigos e aliados de Angola" e que reconheciam o nosso papel estratégico na pacificação da África Austral e Central. Isto demonstra a importância de Angola para os EUA, uma importância que é mais do que os investimentos no petróleo; é também investimentos noutras áreas. Angola tem sabido posicionar-se em cada região geopolítica e encontrar parceiros relevantes para o nosso desenvolvimento.

In DN

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Mensagem por Vitor mango Seg Jan 13, 2014 4:42 am

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