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Cisnes negros no imobiliário em 2010? Novas pontes Keynes-Hayek

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Cisnes negros no imobiliário em 2010? Novas pontes Keynes-Hayek Empty Cisnes negros no imobiliário em 2010? Novas pontes Keynes-Hayek

Mensagem por Viriato Qua Jan 13, 2010 11:49 am

Cisnes negros no imobiliário em 2010? Novas pontes Keynes-Hayek

Poderá a bolha imobiliária, que se julgou ter rebentado nos EUA e em alguns países europeus, ter sido apenas metade da história? A crise do subprime, a titularização desse crédito e o afundamento do valor desses títulos, que gerou ondas de choque na economia mundial é agora reequacionada perante uma questão diferente: o que se falou sempre foi de investimento residencial em propriedade. E quanto ao crédito hipotecário concedido para construção comercial?

Num interessante artigo do Wall Street Journal, Anita Likus especula que 2010 poderá ser o ano em que os bancos se vejam obrigados a executar hipotecas sobre terrenos comerciais, e a vendê-los no mercado com significativas perdas. A solução, que até aqui tem passado por prolongar maturidade de créditos, e evitar a via da execução de hipotecas, não pode ser prolongada ad infinitum. Em algum momento, alguém há-de ter que pagar: seja pela via da perda da propriedade, suportando os bancos as perdas decorrentes da venda de activos em grandes quantidades, seja pela miraculosa mas pouco credível, via da recuperação económica se processar a um ritmo tal que os devedores conseguissem amortizar juros e dívida nos novos prazos.

Os analistas antecipam que as vendas possam ocorrer com perdas de 70% a 80% para o seu valor nos balanços bancários, o que poderia representar a parte II da crise que o mundo sentiu nos últimos 2 anos. E claramente este é um novo cenário que pode despoletar um crise de crédito e, sendo adoptada a mesma solução de prevenir o "too big to fail" uma nova armadilha de liquidez. O conceito, oriundo da tradição keynesiana, pode, contudo, não ser já viável para lidar com esta nova bolha: vão os Estados endividar-se ainda mais e vão os bancos centrais criar mais liquidez para manter artificialmente instituições que "não podem falir"? A actual situação das finanças públicas, em diversos países europeus e nos EUA levanta dúvidas sérias sobre a perpetuação deste mecanismo de combate ao que Mises e Hayek correctamente previram numa situação de excesso de crédito barato.

O problema é que a reestruturação financeira que os bancos têm feito nos EUA e na Europa para lidar com troubled assets tem passado por adiar a execução de hipotecas sobre crédito imobiliário mal parado comercial. A expectativa é que agora se vejam simultaneamente obrigadas instituições financeiras nos EUA e na Europa a livrarem-se desse tipo de activos.

O efeito que os analistas mais temem é obviamente sobre a retoma da chamada "economia real". Será significativo o abalo que o sector financeiro transmitirá a essa economia se as vendas se processarem ao ritmo esperado.

Ninguém, digo eu, pode esperar capacidade de perpetuação de situações do tipo AIG, metáfora para situações em que os bancos sejam artificialmente sustentados por uma segunda vez, e em que a procura real seja novamente apoiada em estímulos keynesianos. Se o double dip revestir esta forma, induzida pela bolha das propriedades comerciais, pouco poderá ser feito evitar que o ajustamento tenha, desta feita de passar pelo mercado. Os cenários de deflacção e desemprego (stagdeflation) teriam de ser colocados seriamente em cima da mesa. Contrariando alguns falsos optimismos que se vão gerando.pontualmente.


publicado por Carlos Santos
Viriato
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