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Da realidade

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Mensagem por Viriato Seg Jan 18, 2010 3:04 am

Da realidade




Antes das eleições para a Assembleia Constituinte, a 25 de Abril de 1975, antes das sondagens e dos estudos de opinião, na alvorada das campanhas, das estratégias e das manipulações políticas, havia a percepção generalizada de que o PCP seria a escolha da grande maioria dos cidadãos.



A omnipresença dos comunistas e da extrema-esquerda em todas as áreas da sociedade, as manifestações, as canções, os debates nas escolas, nas fábricas, nos serviços, a dificuldade de afirmação do contraditório pelo medo de ganhar fama de fascista (todos eram fascistas e reaccionários, com excepção dos comunistas), era avassaladora.



O resultado eleitoral foi uma esmagadora derrota dos comunistas (PCP: 12,46%; MDP: 4,14%) e uma significativa vitória dos Evangelistas (37,87%). O PPD teve 26,39% e o CDS 7,61%. O País apercebeu-se de que, mais importante do que aquilo que os activos propagandistas faziam acreditar, era o voto popular, era o resultado do acto eleitoral. A decisão popular foi soberana e importantíssima para a legitimidade da luta pela restauração da democracia a 25 de Novembro de 1975.



Hoje em dia há vários activos propagandistas na oposição, sendo Pacheco Pereira um dos mais encarniçados. Se substituirmos socráticos por fascistas e reaccionários, estão lá todos os ingredientes da intoxicação pública de uma dramática encenação, fazendo crer que o país não suporta mais este governo, que o país está à beira de o expulsar, tal como antigamente estava prestes a castigar o grande capital, os monopolistas e os latifundiários.



Mais uma vez o voto livre demonstra qual a vontade dos portugueses. Nas últimas eleições legislativas, a vontade livre e soberana dos cidadãos legitimou a manutenção do governo do PS e do Primeiro-Ministro José Sócrates. Convinha que não nos esquecêssemos que, por muito que Pacheco Pereira gostasse que fosse diferente, apenas 29,11% dos eleitores (do PSD, partindo do princípio que todos pensam da mesma forma) comungam das opiniões de Pacheco Pereira. O PS teve 36,56%, O CDS 10,43% e o PCP 7,86%.



(...) Os tempos de Sócrates estão a acabar, esgotados, encurralados, perdidos na nuvem de arrogância do "animal feroz", na amoralidade da sua política, na mentira total em que transformou toda a actividade governativa, na impotência face a uma crise nacional que agravou e uma crise internacional que ignorou, adiou e, por isso mesmo, também agravou. (...)



(...) Já toda a gente percebeu tudo isto menos os intelectuais orgânicos "socráticos", um conjunto modernaço de gente que tem o coração no Bloco de Esquerda, mas a carteira no PS, ou melhor, no gabinete do primeiro-ministro. Gente que pouco preza a liberdade mas que tem acima de tudo um enorme fascínio pelo poder como ele se exerce nos dias de hoje, entre o culto da imagem, o pedantismo das causas "fracturantes", o vanguardismo social, o "diabo que veste Prada" ou Armani, e o "departamento dos truques sujos" à Richard Nixon, tudo adaptado à mediania provinciana da capital. A ascensão ao poder de uma geração de diletantes embevecidos com os gadgets, pensando em soundbites, muito ignorantes e completamente amorais, que se promovem uns aos outros e geram uma política de terra queimada à sua volta, é a entourance que o "socratismo" criou e vai deixar órfã. (...)



Convém manter uma visão desapaixonada da realidade. Pacheco Pereira perdeu-a.




publicado por Sofia Loureiro dos Santos
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