A welfare queen de Paulo Portas
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A welfare queen de Paulo Portas
A welfare queen de Paulo Portas
Ronald Reagan lançou em 1976, na sua primeira corrida à presidência dos EUA, o mito da “rainha da assistência” (welfare queen), uma mãe solteira “com 80 nomes, 30 moradas, 12 cartões da Segurança Social, que recebia subsídios relativos a 4 ex-maridos inexistentes”. A “rainha da assistência” passou, desde então, a fazer parte do imaginário da América republicana e conservadora, e ajudou Reagan a ser eleito em 1980.
A retórica de Paulo Portas contra o “rendimento mínimo” — a designação anacrónica da medida faz parte da jogada saloia — assenta na mesma exploração da inveja social. Para isso, divide o país e o mercado de trabalho em dois. Num caso, temos o país do meio milhão de desempregados, gente abnegada, trabalhadora e responsável, que só não tem um emprego porque enfrenta um mercado de trabalho deprimido, onde o emprego não existe ou desapareceu por causa das “políticas erradas do Governo”; para esses, Portas está disposto a tudo, inclusive a ultrapassar o Governo pela esquerda, revelando-se curiosamente generoso, ao defender a majoração do subsídio de desemprego quando os dois membros do casal estão sem emprego (medida aprovada na sexta-feira passada com os votos da bancada do PS e do BE).
Depois, há o país dos 300 mil malandros do “rendimento mínimo”, onde, ao contrário do primeiro grupo, pululam empregos a cada esquina, pelo que a malta só não trabalha porque não quer. Neste segundo país, o mercado de trabalho oferece imensas oportunidades, e só não aproveita quem é preguiçoso. Não interessa que estejamos a falar de pessoas com baixíssimas qualificações e elevado grau de exclusão de qualquer enquadramento institucional e que, por isso, enfrentem ainda mais dificuldades em conseguir inserções profissionais (sobretudo duráveis) do que os habitantes do país honesto e trabalhador de Portas. Nada disto é muito difícil de entender por alguém com uma mediana compreensão de como funciona o mercado de trabalho, sobretudo num ano de forte crise — que explica o aumento de todas as prestações sociais, rendimento social de inserção incluído.
Quando se procura estimular a inveja social e ódio aos miseráveis, qualquer análise séria é um verdadeiro empecilho. Se a fizesse, Portas concluiria que os desempregados 'bons' e os desempregados 'maus' vivem no mesmo país.
posted by Miguel Abrantes
Ronald Reagan lançou em 1976, na sua primeira corrida à presidência dos EUA, o mito da “rainha da assistência” (welfare queen), uma mãe solteira “com 80 nomes, 30 moradas, 12 cartões da Segurança Social, que recebia subsídios relativos a 4 ex-maridos inexistentes”. A “rainha da assistência” passou, desde então, a fazer parte do imaginário da América republicana e conservadora, e ajudou Reagan a ser eleito em 1980.
A retórica de Paulo Portas contra o “rendimento mínimo” — a designação anacrónica da medida faz parte da jogada saloia — assenta na mesma exploração da inveja social. Para isso, divide o país e o mercado de trabalho em dois. Num caso, temos o país do meio milhão de desempregados, gente abnegada, trabalhadora e responsável, que só não tem um emprego porque enfrenta um mercado de trabalho deprimido, onde o emprego não existe ou desapareceu por causa das “políticas erradas do Governo”; para esses, Portas está disposto a tudo, inclusive a ultrapassar o Governo pela esquerda, revelando-se curiosamente generoso, ao defender a majoração do subsídio de desemprego quando os dois membros do casal estão sem emprego (medida aprovada na sexta-feira passada com os votos da bancada do PS e do BE).
Depois, há o país dos 300 mil malandros do “rendimento mínimo”, onde, ao contrário do primeiro grupo, pululam empregos a cada esquina, pelo que a malta só não trabalha porque não quer. Neste segundo país, o mercado de trabalho oferece imensas oportunidades, e só não aproveita quem é preguiçoso. Não interessa que estejamos a falar de pessoas com baixíssimas qualificações e elevado grau de exclusão de qualquer enquadramento institucional e que, por isso, enfrentem ainda mais dificuldades em conseguir inserções profissionais (sobretudo duráveis) do que os habitantes do país honesto e trabalhador de Portas. Nada disto é muito difícil de entender por alguém com uma mediana compreensão de como funciona o mercado de trabalho, sobretudo num ano de forte crise — que explica o aumento de todas as prestações sociais, rendimento social de inserção incluído.
Quando se procura estimular a inveja social e ódio aos miseráveis, qualquer análise séria é um verdadeiro empecilho. Se a fizesse, Portas concluiria que os desempregados 'bons' e os desempregados 'maus' vivem no mesmo país.
posted by Miguel Abrantes
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