Intervalo lúcido
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Intervalo lúcido
Intervalo lúcido
António Correia de Campos
Em 29 de Janeiro, na sua coluna regular do Times de Nova Iorque, Paul Krugman distinguia os verdadeiros falcões da luta contra o défice, dos ridículos pavões que pensam acalmá-lo, atirando ao lado ou disparando para o ar. Nada mais verdadeiro, mesmo em Portugal.
Claro que já conhecíamos uma ‘vulgata' de argumentos do tipo: a solução para o défice e a dívida é mais despesa social e melhores salários; a economia de baixa produtividade e salários e ordenados impossíveis de sustentar cura-se com menos tempo de trabalho semanal e reformas antecipadas sem penalização; a mesa do orçamento é infinita e os lugares de topo devem formar um cilindro ou até uma pirâmide invertida. Sim já conhecemos este tipo de argumentos. Conduzem a inexoráveis desastres, mesmo que o "tarefismo" terapêutico ganhe batalhas nas ruas e na contagem dos manifestantes.
À medida que se agudizam as contradições do nosso pequeno mundo, quando chegamos ao fim de um modelo económico, sem termos ainda os projectos do novo, tendem a surgir novos desconchavos: os líderes esquerdistas, perdidos na demagogia, que acusam o Governo de despesismo e votam a favor de mais dinheiro para a Madeira; os que passaram a vida a criticar o Governo pela alta velocidade, aeroporto e auto-estradas e, salvo raras excepções, não têm uma palavra sobre o desbragamento despesista do dirigente madeirense; os que acham que Jardim é gastador compulsivo, mas entendem que se deve fechar os olhos a mais cinquenta milhões a crescerem anualmente, sobre uma dívida acumulada de 1200 milhões; os que enredados e paralisados pela pequena aranha partidária pretendem virar suprapartidários ou talvez mesmo independentes; os que se especializaram no tiro ao alvo ao governo e reduzidas as audiências por cansaço, inventam perseguições procurando os juros da vitimização; e até não faltam os gurus televisivos que nada sabendo, dão opinião magistral sobre tudo.
A doença não escolhe partidos nem ideologias. Também grassa entre os meus amigos: os que, dada a ordem para negociar, acham que tudo é negociável, sem limites de coerência nem decência; ou os que descobrem prazer em temas laterais obtusos, como o ‘strip-tease' fiscal.
Perante crescentes sinais de insanidade, sabe bem encontrar quem se não encante com cânticos de sereia e resista à incoerência e ao disparate. Mesmo quando vindos dos que devendo defender o Estado, arrasam a sua reputação, protegendo despesismos recorrentes com o falso argumento de que se trata de migalhas. Não será possível prolongar o intervalo lúcido que nos trouxe, ao menos, a esperança de um orçamento?
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António Correia de Campos, Deputado do PS ao Parlamento Europeu
António Correia de Campos
Em 29 de Janeiro, na sua coluna regular do Times de Nova Iorque, Paul Krugman distinguia os verdadeiros falcões da luta contra o défice, dos ridículos pavões que pensam acalmá-lo, atirando ao lado ou disparando para o ar. Nada mais verdadeiro, mesmo em Portugal.
Claro que já conhecíamos uma ‘vulgata' de argumentos do tipo: a solução para o défice e a dívida é mais despesa social e melhores salários; a economia de baixa produtividade e salários e ordenados impossíveis de sustentar cura-se com menos tempo de trabalho semanal e reformas antecipadas sem penalização; a mesa do orçamento é infinita e os lugares de topo devem formar um cilindro ou até uma pirâmide invertida. Sim já conhecemos este tipo de argumentos. Conduzem a inexoráveis desastres, mesmo que o "tarefismo" terapêutico ganhe batalhas nas ruas e na contagem dos manifestantes.
À medida que se agudizam as contradições do nosso pequeno mundo, quando chegamos ao fim de um modelo económico, sem termos ainda os projectos do novo, tendem a surgir novos desconchavos: os líderes esquerdistas, perdidos na demagogia, que acusam o Governo de despesismo e votam a favor de mais dinheiro para a Madeira; os que passaram a vida a criticar o Governo pela alta velocidade, aeroporto e auto-estradas e, salvo raras excepções, não têm uma palavra sobre o desbragamento despesista do dirigente madeirense; os que acham que Jardim é gastador compulsivo, mas entendem que se deve fechar os olhos a mais cinquenta milhões a crescerem anualmente, sobre uma dívida acumulada de 1200 milhões; os que enredados e paralisados pela pequena aranha partidária pretendem virar suprapartidários ou talvez mesmo independentes; os que se especializaram no tiro ao alvo ao governo e reduzidas as audiências por cansaço, inventam perseguições procurando os juros da vitimização; e até não faltam os gurus televisivos que nada sabendo, dão opinião magistral sobre tudo.
A doença não escolhe partidos nem ideologias. Também grassa entre os meus amigos: os que, dada a ordem para negociar, acham que tudo é negociável, sem limites de coerência nem decência; ou os que descobrem prazer em temas laterais obtusos, como o ‘strip-tease' fiscal.
Perante crescentes sinais de insanidade, sabe bem encontrar quem se não encante com cânticos de sereia e resista à incoerência e ao disparate. Mesmo quando vindos dos que devendo defender o Estado, arrasam a sua reputação, protegendo despesismos recorrentes com o falso argumento de que se trata de migalhas. Não será possível prolongar o intervalo lúcido que nos trouxe, ao menos, a esperança de um orçamento?
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António Correia de Campos, Deputado do PS ao Parlamento Europeu
Viriato- Pontos : 16657
Re: Intervalo lúcido
Quanto mais olho para o arremedo de Oposição que temos, mais me convenço de que estamos entregues a uns quantos "olheiros" do próprio umbigo, que não sofrem na pele os resultados das suas péssimas resoluções.
Sejamos claros: o Governo quer governar mesmo, mas suas exas., em nome ainda não percebi bem de quê, tratam de esbanjar o pouco que há, a troco da satisfação partidária e clientelar. E com a benção do mal maior, PR.
Assim não vamos lá, nem com um gordo milagre da Senhora de Fátima!!!
Sejamos claros: o Governo quer governar mesmo, mas suas exas., em nome ainda não percebi bem de quê, tratam de esbanjar o pouco que há, a troco da satisfação partidária e clientelar. E com a benção do mal maior, PR.
Assim não vamos lá, nem com um gordo milagre da Senhora de Fátima!!!
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Joao Ruiz- Pontos : 32035
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