A SAIDA DO EURO
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A SAIDA DO EURO
A saída do euro
A vertigem 12/02/10
A questão salarial 05/02/10
Alerta amarelo 29/01/10
Chover no molhado 22/01/10
A crise económica recente, associada a políticas erradas do passado, está a deixar vários países à beira de um ataque de nervos. Portugal é um deles.
Não é fácil gerir uma economia onde a produtividade é uma lástima, o endividamento sufoca e o desemprego é de uma tal gravidade que pode redundar em tragédia. Nesta busca desesperada por soluções o tema é incontornável: abandonar o euro poderá ser uma saída? Que consequências poderiam daí advir?
Ponto prévio: quando Portugal aderiu ao euro, fê-lo porque em consciência estava interessado nisso e porque respeitou os critérios de convergência exigidos em termos de finanças públicas e de estabilidade de preços. Não vislumbro a mínima razão para que seja expulso. Aliás, nem sequer imagino que entidade poderia fazê-lo: a Comissão Europeia? O Banco Central Europeu? É impossível. Mas nada impede que o faça por vontade própria.
Admitamos um cenário de saída, com um euro a valer 200$00 mas objecto de uma desvalorização de 30% logo a seguir. Assumamos ainda para o PIB um valor de €165 mil milhões e uma dívida externa de valor equivalente. Neste caso, o PIB passava a medir-se por 33 mil milhões de contos. Mas, como os 200$00 valiam apenas 0,7 euros, a dívida externa pulava para 47 mil milhões, 43% mais. A primeira consequência era negativa.
Mas é no plano social que as comparações devem ser feitas. Do lado das empresas, e uma vez que o preço das exportações baixava, passaríamos a vender mais e a criar mais postos de trabalho: seria óptimo. Mas em termos de poder de compra, e uma vez que o preço das importações subia, os mesmos escudos compravam agora menos coisas e o nível de vida regredia: seria péssimo. Estaremos disponíveis para trocar menos salários por mais emprego?
A questão de fundo está aqui. É óbvio que o endividamento tem de ser travado. Mas não consigo imaginar como é que, sem uma ruptura social, vamos alterar os hábitos consumistas a que os portugueses há muito se habituaram. Pois bem, a desvalorização teria esse mérito: através do fenómeno da ilusão monetária, os hábitos seriam mesmo alterados sem que no essencial as pessoas se apercebessem disso. Para um Governo em apuros isto é uma tentação...
Será que o euro está a mais?
d.amaral@netcabo.pt
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Daniel Amaral, Economista
A vertigem 12/02/10
A questão salarial 05/02/10
Alerta amarelo 29/01/10
Chover no molhado 22/01/10
A crise económica recente, associada a políticas erradas do passado, está a deixar vários países à beira de um ataque de nervos. Portugal é um deles.
Não é fácil gerir uma economia onde a produtividade é uma lástima, o endividamento sufoca e o desemprego é de uma tal gravidade que pode redundar em tragédia. Nesta busca desesperada por soluções o tema é incontornável: abandonar o euro poderá ser uma saída? Que consequências poderiam daí advir?
Ponto prévio: quando Portugal aderiu ao euro, fê-lo porque em consciência estava interessado nisso e porque respeitou os critérios de convergência exigidos em termos de finanças públicas e de estabilidade de preços. Não vislumbro a mínima razão para que seja expulso. Aliás, nem sequer imagino que entidade poderia fazê-lo: a Comissão Europeia? O Banco Central Europeu? É impossível. Mas nada impede que o faça por vontade própria.
Admitamos um cenário de saída, com um euro a valer 200$00 mas objecto de uma desvalorização de 30% logo a seguir. Assumamos ainda para o PIB um valor de €165 mil milhões e uma dívida externa de valor equivalente. Neste caso, o PIB passava a medir-se por 33 mil milhões de contos. Mas, como os 200$00 valiam apenas 0,7 euros, a dívida externa pulava para 47 mil milhões, 43% mais. A primeira consequência era negativa.
Mas é no plano social que as comparações devem ser feitas. Do lado das empresas, e uma vez que o preço das exportações baixava, passaríamos a vender mais e a criar mais postos de trabalho: seria óptimo. Mas em termos de poder de compra, e uma vez que o preço das importações subia, os mesmos escudos compravam agora menos coisas e o nível de vida regredia: seria péssimo. Estaremos disponíveis para trocar menos salários por mais emprego?
A questão de fundo está aqui. É óbvio que o endividamento tem de ser travado. Mas não consigo imaginar como é que, sem uma ruptura social, vamos alterar os hábitos consumistas a que os portugueses há muito se habituaram. Pois bem, a desvalorização teria esse mérito: através do fenómeno da ilusão monetária, os hábitos seriam mesmo alterados sem que no essencial as pessoas se apercebessem disso. Para um Governo em apuros isto é uma tentação...
Será que o euro está a mais?
d.amaral@netcabo.pt
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Daniel Amaral, Economista
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
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