Uma aldeia de pescadores em cólera
Vagueando na Notícia :: Salas das mesas de grandes debates de noticias :: Professor Dr e mister Mokas faz a analise do Mundo
Página 1 de 1
Uma aldeia de pescadores em cólera
Uma aldeia de pescadores em cólera
por KYOKO HASEGAWA, Jornalista da AFP
Hoje
O documentário que conquistou este ano o Óscar desta categoria está a despertar indignação entre a população de uma das localidades onde esta actividade é a principal forma de subsistência. Louie Psihoyos, o autor do documentário, assume que o seu objectivo é "acabar com a caça ao golfinho".
O s habitantes da ilha de Taiji, no Japão, não escondiam a sua cólera no início da semana ao ser conhecido o filme que recebeu o Óscar de Melhor Documentário, The Cove - A Baía da Vergonha, de Louie Psihoyos, que denuncia a caça aos golfinhos.
"Estou consternado pelo que os pescadores devem estar a passar. A caça aos golfinhos é o seu ganha-pão", afirma Takehisa Kobata, proprietário de uma gasolineira nesta localidade de cerca de três mil pessoas, localizada na costa do Pacífico (ver infografia). "O documentário é apenas cinema, não descreve a vida local com a seriedade necessária", diz ainda Kobata. Como ele, muitos outros habitantes criticam o estilo espectacular do realizador, que filmou com câmaras escondidas e montou o seu filme como um thriller em que abundam cenas brutais da morte dos cetáceos.
Hisato Ryono, membro do Conselho Municipal da cidade, que aceitou aparecer no documentário, considera-se traído. "Pensei que se tratava de um filme científico sobre o envenenamento devido ao mercúrio", um risco de saúde em que incorrem as pessoas que consomem a carne dos golfinhos, e para o qual o próprio Ryono alertara a comunidade local. Mas este considera "desonesto" o filme de Psihoyos.
Alguns habitantes de Taiji criticam o cineasta americano por ter ignorado a tradição cultural da caça aos cetáceos, que é praticada na região desde o século XVII.
O cineasta é também acusado de apresentar este tipo de pesca como uma actividade secreta, ao passo que, de facto, não podia ser mais oficial, sendo supervisionada pela Agência das Pescas nipónica, que lhe atribui quotas anuais. Para a campanha iniciada em Setembro, com a duração de um ano, os pescadores de Taiji podem capturar até 2800 cetáceos, como os golfinhos, as toninhas e os rorquais ou baleias-de-bossa.
O presidente da câmara, Kazutaka Sangen, lamenta a "difusão de informações falsas no filme", explicando que a caça aos cetáceos não "tem nada de ilegal". Sangen apela ao "respeito mútuo da cultura culinária de cada país", num comunicado divulgado no dia a seguir à divulgação dos Óscares.
Hans Peter Roth, autor de um livro consagrado ao filme de Psihoyos, que esteve em Taiji para o apresentar na segunda-feira, disse à AFP que a generalidade dos habitantes da ilha recusa-se a dirigir-lhe a palavra. Ele sugere que os pescadores de Taiji terminem com este tipo de pesca e organizem, em seu lugar, excursões de observação dos golfinhos em liberdade - uma atracção que poderia trazer até à ilha inúmeros turistas ocidentais. Em Hollywood, Louie Psihoyos afirma não ter como objectivo realizar um filme "antijaponês". "Os japoneses têm direito a ser informados. O nosso filme (…) permite às pessoas formarem a sua própria opinião. O nosso objectivo não é dizermos aos japoneses o que eles devem fazer", diz.
In DN
por KYOKO HASEGAWA, Jornalista da AFP
Hoje
O documentário que conquistou este ano o Óscar desta categoria está a despertar indignação entre a população de uma das localidades onde esta actividade é a principal forma de subsistência. Louie Psihoyos, o autor do documentário, assume que o seu objectivo é "acabar com a caça ao golfinho".
O s habitantes da ilha de Taiji, no Japão, não escondiam a sua cólera no início da semana ao ser conhecido o filme que recebeu o Óscar de Melhor Documentário, The Cove - A Baía da Vergonha, de Louie Psihoyos, que denuncia a caça aos golfinhos.
"Estou consternado pelo que os pescadores devem estar a passar. A caça aos golfinhos é o seu ganha-pão", afirma Takehisa Kobata, proprietário de uma gasolineira nesta localidade de cerca de três mil pessoas, localizada na costa do Pacífico (ver infografia). "O documentário é apenas cinema, não descreve a vida local com a seriedade necessária", diz ainda Kobata. Como ele, muitos outros habitantes criticam o estilo espectacular do realizador, que filmou com câmaras escondidas e montou o seu filme como um thriller em que abundam cenas brutais da morte dos cetáceos.
Hisato Ryono, membro do Conselho Municipal da cidade, que aceitou aparecer no documentário, considera-se traído. "Pensei que se tratava de um filme científico sobre o envenenamento devido ao mercúrio", um risco de saúde em que incorrem as pessoas que consomem a carne dos golfinhos, e para o qual o próprio Ryono alertara a comunidade local. Mas este considera "desonesto" o filme de Psihoyos.
Alguns habitantes de Taiji criticam o cineasta americano por ter ignorado a tradição cultural da caça aos cetáceos, que é praticada na região desde o século XVII.
O cineasta é também acusado de apresentar este tipo de pesca como uma actividade secreta, ao passo que, de facto, não podia ser mais oficial, sendo supervisionada pela Agência das Pescas nipónica, que lhe atribui quotas anuais. Para a campanha iniciada em Setembro, com a duração de um ano, os pescadores de Taiji podem capturar até 2800 cetáceos, como os golfinhos, as toninhas e os rorquais ou baleias-de-bossa.
O presidente da câmara, Kazutaka Sangen, lamenta a "difusão de informações falsas no filme", explicando que a caça aos cetáceos não "tem nada de ilegal". Sangen apela ao "respeito mútuo da cultura culinária de cada país", num comunicado divulgado no dia a seguir à divulgação dos Óscares.
Hans Peter Roth, autor de um livro consagrado ao filme de Psihoyos, que esteve em Taiji para o apresentar na segunda-feira, disse à AFP que a generalidade dos habitantes da ilha recusa-se a dirigir-lhe a palavra. Ele sugere que os pescadores de Taiji terminem com este tipo de pesca e organizem, em seu lugar, excursões de observação dos golfinhos em liberdade - uma atracção que poderia trazer até à ilha inúmeros turistas ocidentais. Em Hollywood, Louie Psihoyos afirma não ter como objectivo realizar um filme "antijaponês". "Os japoneses têm direito a ser informados. O nosso filme (…) permite às pessoas formarem a sua própria opinião. O nosso objectivo não é dizermos aos japoneses o que eles devem fazer", diz.
In DN
_________________
Amigos?Longe! Inimigos? O mais perto possível!
Joao Ruiz- Pontos : 32035
Vagueando na Notícia :: Salas das mesas de grandes debates de noticias :: Professor Dr e mister Mokas faz a analise do Mundo
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos