As marionetas de Putin
Vagueando na Notícia :: Salas das mesas de grandes debates de noticias :: Noticias observadas DAS GALAXIAS SOBRE O PLANETA TERRA
Página 1 de 1
As marionetas de Putin
As marionetas de Putin
15 August 08 09:00 AM
Que terá levado o Presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, a
ceder às provocações separatistas na Ossétia do Sul e a intervir
militarmente num território que ele sabia estar sob protecção russa?
Porque é que se expôs tão levianamente à reacção implacável de Moscovo
e a um confronto do qual – considerando a desproporção de forças – só
poderia resultar a humilhação, a invasão e a derrota do seu país? A
explicação mais razoável – ou menos estapafúrdia – para isso é que o
temperamental e imprudente Saakashvili se deixou apanhar numa armadilha
e se converteu numa marioneta de Putin.
Os
russos ter-lhe-iam enviado sinais de já não apoiarem o incontrolável
chefe separatista osseta e que fechariam os olhos a uma afirmação da
soberania de Tbilissi sobre a república rebelde. Mas a explicação –
sendo embora, aparentemente, a mais racional – parece tão ilógica como
todas as outras. De facto, não faz sentido que Saakashvili, depois da
estratégia de confronto que sempre manteve com Putin, pisando e
repisando o risco vermelho da esfera de influência do poderoso vizinho,
tenha acreditado que este lhe deixaria as mãos livres para submeter a
Ossétia do Sul – e demonstrar assim que a pequena Geórgia podia
afrontar impunemente a grande Rússia.
Desde o reconhecimento pelo
Ocidente da independência do Kosovo e a insistência americana em
acolher a Geórgia e a Ucrânia sob o manto protector da NATO, a Rússia
vinha multiplicando os avisos sobre o seu inconformismo e a sua vontade
de lavar as afrontas.
Ora, era público e notório que a Geórgia se
oferecia ostensivamente para representar o papel simbólico de Cavalo de
Tróia americano – mais do que propriamente ocidental – no interior do
‘espaço vital’ russo.
Sendo assim, não parecia simplesmente
imaginável que o brutal e gélido Putin, reforçado crescentemente no seu
esta- tuto de novo czar – embora já no papel de primeiro-ministro –,
deixasse sem resposta dissuasora um desafio tão flagrante à afirmação
da hegemonia russa numa região geo-estrategicamente tão sensível.
Tudo
isto era definitivamente certo e sabido e Saakashvili não poderia
ignorá-lo. Se escolheu a fuga para a frente e se deixou manipular tão
ingenuamente pela vontade russa de fazer dele um exemplo a não seguir,
é porque fora longe de mais no seu próprio jogo, jovem aprendiz de
feiticeiro apanhado nas malhas do seu feitiço, ‘idiota útil’
transformado em marioneta de Vladimir Putin.
Para sublinhar a sua
aliança estratégica com os Estados Unidos, a Geórgia exibia o estatuto
bizarro de ser o país com o maior contingente de tropas, por habitante,
enviadas para o Iraque. E essa aliança privilegiada terá alimentado em
Saakashvili a auto-ilusão irracional da sua imunidade, à espera de um
apoio providencial do amigo americano que, como se viu, só poderia
reduzir-se a uma retórica belicosa. No fundo, o aventureirismo militar
e político que conduzira os Estados Unidos ao desastre iraquiano
reflectiu-se no próprio aventureirismo de Saakashvili face a Moscovo,
com os resultados que estão à vista, as destruições bárbaras e a
tragédia humanitária cujas imagens todos vimos.
A tentação
cultivada por Bush e o seu protegido de Tbilissi de desafiar a
hegemonia russa no Cáucaso acabou por favorecer o campo adverso. Ou
seja: também Bush se tornou um ‘aliado objectivo’ da estratégia russa,
uma marioneta de Putin. Com a Europa dividida e em grande parte
dependente do gás e petróleo russos, o jogo da diplomacia protagonizado
por Sarkozy foi decorrendo num terreno cada vez mais estreito e
demarcado pelo avanço das tropas de Moscovo – e que as derradeiras
fanfarronices de Saakashvili comprometiam cada vez mais. Quem ditava as
regras – fosse qual fosse o seu preço – era Putin.
15 August 08 09:00 AM
Que terá levado o Presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, a
ceder às provocações separatistas na Ossétia do Sul e a intervir
militarmente num território que ele sabia estar sob protecção russa?
Porque é que se expôs tão levianamente à reacção implacável de Moscovo
e a um confronto do qual – considerando a desproporção de forças – só
poderia resultar a humilhação, a invasão e a derrota do seu país? A
explicação mais razoável – ou menos estapafúrdia – para isso é que o
temperamental e imprudente Saakashvili se deixou apanhar numa armadilha
e se converteu numa marioneta de Putin.
Os
russos ter-lhe-iam enviado sinais de já não apoiarem o incontrolável
chefe separatista osseta e que fechariam os olhos a uma afirmação da
soberania de Tbilissi sobre a república rebelde. Mas a explicação –
sendo embora, aparentemente, a mais racional – parece tão ilógica como
todas as outras. De facto, não faz sentido que Saakashvili, depois da
estratégia de confronto que sempre manteve com Putin, pisando e
repisando o risco vermelho da esfera de influência do poderoso vizinho,
tenha acreditado que este lhe deixaria as mãos livres para submeter a
Ossétia do Sul – e demonstrar assim que a pequena Geórgia podia
afrontar impunemente a grande Rússia.
Desde o reconhecimento pelo
Ocidente da independência do Kosovo e a insistência americana em
acolher a Geórgia e a Ucrânia sob o manto protector da NATO, a Rússia
vinha multiplicando os avisos sobre o seu inconformismo e a sua vontade
de lavar as afrontas.
Ora, era público e notório que a Geórgia se
oferecia ostensivamente para representar o papel simbólico de Cavalo de
Tróia americano – mais do que propriamente ocidental – no interior do
‘espaço vital’ russo.
Sendo assim, não parecia simplesmente
imaginável que o brutal e gélido Putin, reforçado crescentemente no seu
esta- tuto de novo czar – embora já no papel de primeiro-ministro –,
deixasse sem resposta dissuasora um desafio tão flagrante à afirmação
da hegemonia russa numa região geo-estrategicamente tão sensível.
Tudo
isto era definitivamente certo e sabido e Saakashvili não poderia
ignorá-lo. Se escolheu a fuga para a frente e se deixou manipular tão
ingenuamente pela vontade russa de fazer dele um exemplo a não seguir,
é porque fora longe de mais no seu próprio jogo, jovem aprendiz de
feiticeiro apanhado nas malhas do seu feitiço, ‘idiota útil’
transformado em marioneta de Vladimir Putin.
Para sublinhar a sua
aliança estratégica com os Estados Unidos, a Geórgia exibia o estatuto
bizarro de ser o país com o maior contingente de tropas, por habitante,
enviadas para o Iraque. E essa aliança privilegiada terá alimentado em
Saakashvili a auto-ilusão irracional da sua imunidade, à espera de um
apoio providencial do amigo americano que, como se viu, só poderia
reduzir-se a uma retórica belicosa. No fundo, o aventureirismo militar
e político que conduzira os Estados Unidos ao desastre iraquiano
reflectiu-se no próprio aventureirismo de Saakashvili face a Moscovo,
com os resultados que estão à vista, as destruições bárbaras e a
tragédia humanitária cujas imagens todos vimos.
A tentação
cultivada por Bush e o seu protegido de Tbilissi de desafiar a
hegemonia russa no Cáucaso acabou por favorecer o campo adverso. Ou
seja: também Bush se tornou um ‘aliado objectivo’ da estratégia russa,
uma marioneta de Putin. Com a Europa dividida e em grande parte
dependente do gás e petróleo russos, o jogo da diplomacia protagonizado
por Sarkozy foi decorrendo num terreno cada vez mais estreito e
demarcado pelo avanço das tropas de Moscovo – e que as derradeiras
fanfarronices de Saakashvili comprometiam cada vez mais. Quem ditava as
regras – fosse qual fosse o seu preço – era Putin.
Vitor mango- Pontos : 117475
Vagueando na Notícia :: Salas das mesas de grandes debates de noticias :: Noticias observadas DAS GALAXIAS SOBRE O PLANETA TERRA
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos