Pressões de Soares travam apoio de Sócrates a Alegre
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Pressões de Soares travam apoio de Sócrates a Alegre
Pressões de Soares travam apoio de Sócrates a Alegre
por JOÃO
CÉU E SILVAHoje
Movimentações.
Com a opção socialista em aberto, Alegre atrasa oficialização de
candidatura e pondera. Até hoje, só é pré-candidato"Há mais vida
para além da política." A afirmação foi feita por Manuel Alegre
quarta-feira, à entrada do lançamento do seu último livro, e está a
preocupar o círculo mais próximo dos apoiantes da sua candidatura à
Presidência da República.Há quem considere que poderá ser mais do
que um desabafo de poeta e seja um prenúncio de um inesperado
volte-face na corrida a Belém, pois entre o anúncio da "disponibilidade"
dado em Portimão a 12 de Janeiro e a formalização oficial da
candidatura está a decorrer demasiado tempo. Um volte-face que, admitem,
tanto poderá ser a radicalização da candidatura - se o PS não o apoiar
- como até uma desistência. Quem conhece bem Manuel Alegre tem
reparado no silêncio e na crispação bem visível no rosto que as
perguntas sobre a corrida a Belém lhe provocam. Mas, também sabe que o
poeta aprecia desafios políticos que parecem inatingíveis como o
verificado aquando da última eleição presidencial, onde derrotou Mário
Soares. O silêncio e a crispação de Manuel Alegre poderão também
ter como explicação o facto de estar em fase de ponderação pessoal sobre
a decisão que vai tomar sobre Belém e que, caso seja a formalização da
candidatura, lhe alterará por completo a vida. A este silêncio e
crispação, no entanto, não estará alheia a dura luta política que
decorre nos bastidores do PS, que está a condicionar a decisão final de
Manuel Alegre sobre a candidatura e ainda a hipotecar o arranque da
máquina de pré-campanha enquanto Fernando Nobre já está no terreno.No
lançamento do seu último livro, Alegre evitou clarificar a posição face
à ausência do anúncio do apoio socialista à sua candidatura e apenas
declarou: "Esse é um problema da direcção do PS e não meu." Sobre esta
questão, o ministro da Justiça, Alberto Martins, referiu na sessão que o
"PS saberá escolher o tempo oportuno" para tomar uma decisão sobre a
candidatura de Alegre. Já o deputado socialista Vera Jardim foi mais
peremptório ao considerar que "o tempo passa e começa a ser tempo.
Manuel Alegre manifestou a sua disponibilidade para se candidatar nas
eleições presidenciais há alguns meses e agora começa a ser tempo de o
partido dizer alguma coisa sobre isso". Também o vice-presidente
do grupo parlamentar socialista mostrou divergência da recente posição
do ministro Silva Pereira, que considera que o partido ainda está longe
do tempo certo para decidir que candidato apoia. Segundo Strecht
Ribeiro, "em política o tempo é uma unidade fundamental porque não se
deve tomar posição nem antes nem depois do tempo". E criticou a
possibilidade de o PS se confrontar com o facto de "não ter um candidato
que apoie nas próximas eleições presidenciais".Esta estratégia
poderá ser, no entanto, uma hipótese que se coloca a Sócrates no que
respeita ao cenário presidencial. A verificar-se, seria uma posição
inédita nos socialistas, mas a forma de não repetir situações como a que
aconteceu na anterior eleição, em que Mário Soares e Manuel Alegre
dividiram o eleitorado PS e criaram as condições para a vitória de
Cavaco Silva, e para que Alegre voltasse a disputar o lugar ao actual
presidente.O atraso no anúncio da posição do PS pode ser
comparado ao triângulo das Bermudas: nas três pontas estão Soares,
Alegre e Sócrates, no centro um vazio decisório. E, mesmo tendo já José
Sócrates intimamente declarado a sua intenção de apoiar Alegre, a
oposição determinada de Mário Soares à escolha está impossibilitar a sua
concretização.As pressões do ex-presidente Mário Soares têm sido
poderosíssimas junto do secretário-geral do PS, segundo o DN confirmou,
e José Sócrates confronta-se com uma guerra entre egos históricos que
lhe poderá custar caro no momento em que precisa de ter o partido
consigo. As críticas feitas por Alegre ao PEC, em Bragança, foram, entre
outros, argumentos arremessados por sectores contestatários ao apoio do
PS ao candidato.
por JOÃO
CÉU E SILVAHoje
Movimentações.
Com a opção socialista em aberto, Alegre atrasa oficialização de
candidatura e pondera. Até hoje, só é pré-candidato"Há mais vida
para além da política." A afirmação foi feita por Manuel Alegre
quarta-feira, à entrada do lançamento do seu último livro, e está a
preocupar o círculo mais próximo dos apoiantes da sua candidatura à
Presidência da República.Há quem considere que poderá ser mais do
que um desabafo de poeta e seja um prenúncio de um inesperado
volte-face na corrida a Belém, pois entre o anúncio da "disponibilidade"
dado em Portimão a 12 de Janeiro e a formalização oficial da
candidatura está a decorrer demasiado tempo. Um volte-face que, admitem,
tanto poderá ser a radicalização da candidatura - se o PS não o apoiar
- como até uma desistência. Quem conhece bem Manuel Alegre tem
reparado no silêncio e na crispação bem visível no rosto que as
perguntas sobre a corrida a Belém lhe provocam. Mas, também sabe que o
poeta aprecia desafios políticos que parecem inatingíveis como o
verificado aquando da última eleição presidencial, onde derrotou Mário
Soares. O silêncio e a crispação de Manuel Alegre poderão também
ter como explicação o facto de estar em fase de ponderação pessoal sobre
a decisão que vai tomar sobre Belém e que, caso seja a formalização da
candidatura, lhe alterará por completo a vida. A este silêncio e
crispação, no entanto, não estará alheia a dura luta política que
decorre nos bastidores do PS, que está a condicionar a decisão final de
Manuel Alegre sobre a candidatura e ainda a hipotecar o arranque da
máquina de pré-campanha enquanto Fernando Nobre já está no terreno.No
lançamento do seu último livro, Alegre evitou clarificar a posição face
à ausência do anúncio do apoio socialista à sua candidatura e apenas
declarou: "Esse é um problema da direcção do PS e não meu." Sobre esta
questão, o ministro da Justiça, Alberto Martins, referiu na sessão que o
"PS saberá escolher o tempo oportuno" para tomar uma decisão sobre a
candidatura de Alegre. Já o deputado socialista Vera Jardim foi mais
peremptório ao considerar que "o tempo passa e começa a ser tempo.
Manuel Alegre manifestou a sua disponibilidade para se candidatar nas
eleições presidenciais há alguns meses e agora começa a ser tempo de o
partido dizer alguma coisa sobre isso". Também o vice-presidente
do grupo parlamentar socialista mostrou divergência da recente posição
do ministro Silva Pereira, que considera que o partido ainda está longe
do tempo certo para decidir que candidato apoia. Segundo Strecht
Ribeiro, "em política o tempo é uma unidade fundamental porque não se
deve tomar posição nem antes nem depois do tempo". E criticou a
possibilidade de o PS se confrontar com o facto de "não ter um candidato
que apoie nas próximas eleições presidenciais".Esta estratégia
poderá ser, no entanto, uma hipótese que se coloca a Sócrates no que
respeita ao cenário presidencial. A verificar-se, seria uma posição
inédita nos socialistas, mas a forma de não repetir situações como a que
aconteceu na anterior eleição, em que Mário Soares e Manuel Alegre
dividiram o eleitorado PS e criaram as condições para a vitória de
Cavaco Silva, e para que Alegre voltasse a disputar o lugar ao actual
presidente.O atraso no anúncio da posição do PS pode ser
comparado ao triângulo das Bermudas: nas três pontas estão Soares,
Alegre e Sócrates, no centro um vazio decisório. E, mesmo tendo já José
Sócrates intimamente declarado a sua intenção de apoiar Alegre, a
oposição determinada de Mário Soares à escolha está impossibilitar a sua
concretização.As pressões do ex-presidente Mário Soares têm sido
poderosíssimas junto do secretário-geral do PS, segundo o DN confirmou,
e José Sócrates confronta-se com uma guerra entre egos históricos que
lhe poderá custar caro no momento em que precisa de ter o partido
consigo. As críticas feitas por Alegre ao PEC, em Bragança, foram, entre
outros, argumentos arremessados por sectores contestatários ao apoio do
PS ao candidato.
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