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Palmela - Camião faz marcha-atrás e esmaga trabalhador na A2

por ROBERTO DORES,
Hoje


Colegas tentaram alertar José da Silva Barrosa, que foi colhido pelo pesado, cujo motorista não se apercebeu da sua presença

Um descuido fatal custou ontem de manhã a vida a José da Silva Barrosa, de 55 anos, durante as obras na auto-estrada do Sul (A2). O motorista, residente em Vila Nova de Famalicão, colocou-se atrás de um camião em manobras e acabou por ficar debaixo do rodado do pesado, lançando o estado de choque entre os colegas que assistiram à tragédia. A construtora Gabriel Couto interrompeu a empreitada, que só deverá ser retomada segunda-feira.

Nem os colegas conseguem entender o que levou José Barrosa a colocar-se atrás de um camião, em plena estrada em obras, quando o veículo se preparava para iniciar uma descarga de tuvenan - uma matéria destinada a asfaltar estradas - nas obras da A2, sentido sul/norte, junto ao nó de Palmela. A vítima, que conduzia um dos cilindros destinados a alisar a futura via, não terá reparado que o camionista tinha iniciado a marcha-atrás na sua direcção sem se aperceber de que estava alguém no caminho.

E nem os gritos desesperados dos trabalhadores que se encontravam no local serviram de alerta. "Quem estava cá em baixo não assistiu, mas os que estavam em cima do viaduto viram tudo e tentaram avisar", garantem os colegas, lamentando que entre máquinas a trabalhar e o ruído dos automóveis a passar nenhum dos dois tivesse dado conta que o "perigo espreitava".

Fonte da empresa, que está a realizar o alargamento do sublanço entre Coina e Palmela, garante ter sido "um acidente infeliz", sustentando que não belisca em nada "o rigor no cumprimento de normas de segurança". Já ontem à tarde, os responsáveis da Gabriel Couto reuniram-se com a Brisa, a dona da obra, para explicarem os contornos da tragédia, não sendo para já revelado se vai ser aberto algum inquérito, tendo a Brigada de Trânsito de Coina tomado conta da ocorrência.

Os três colegas, todos eles operadores de máquinas - que se mantinham junto ao estaleiro durante a hora de almoço, apesar de a empresa construtora ter interrompido as obras logo após a tragédia, que ocorreu pelas 10.45 -, mostravam-se ainda perturbados com o episódio. "Nem comemos e só queremos regressar a casa para descansar. Temos pouca vontade de regressar aqui", diziam, admitindo que "era impossível" o motorista do camião aperceber-se da presença de José Barrosa.

"Só daria para ver se ele estivesse no raio de visão do retrovisor, mas ele colocou-se mesmo ao meio da traseira do camião e aí não há hipótese", lamenta outro colega, tendo sido esta versão confirmada ao DN pelos Bombeiros Voluntários de Palmela, que estiveram no local, assim como a GNR que tomou conta da ocorrência. O corpo de José Barrosa foi transportando para o Hospital de São Bernardo, em Setúbal, onde será autopsiado.

In DN