Grande, grande, grande, grande

Grande, grande, grande, grande

por FERREIRA FERNANDES

Grande semana para Portugal. Eu sei, estive há dias no Cabo da Boa Esperança. No mais poderoso farol de África, onde se alumia o mar que, dobrado, nos tornou mundo, há um pilar com nove setas que apontam: Singapura (9667 km), Berlim (9575 km), Nova Iorque (12541 km)... Na quarta-feira, vai ser lançado o livro L'Entreprise des Indes, de Erik Orsenna. Académico francês, Orsenna dá-nos livros para beber. Em L'Entreprise..., ele põe Bartolomeu Colombo a contar o seu tempo. Todos esperam que ele fale do irmão, o grande almirante que antes de o ser foi encontrá-lo em Lisboa, para aprender. Lisboa era o Silicon Valley de então, com matemáticos que sabiam olhar o céu e fazedores de instrumentos náuticos. Bartolomeu era cartógrafo. O mundo redondo tomava formas como agora as crateras de Marte, e os cartógrafos marcavam nomes com as notícias chegadas ao porto. Os bons eram fidedignos e os melhores faziam falsos mapas para enganar a concorrência. Lisboa era um mundo que inventava o mundo. O Bartolomeu, de Orsenna, previne: "Vamos ao mar! Mas, antes, fiquemos em Lisboa onde tudo começou." E o essencial do livro é sobre Lisboa. Há nove setas no farol do Cabo. Nenhuma aponta Lisboa, onde tudo começou, até o Cabo. Por isso, pelo livro, grande semana para Portugal.