Vagueando na Notícia


Participe do fórum, é rápido e fácil

Vagueando na Notícia
Vagueando na Notícia
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Praia não devia significar Tragédia

Ir para baixo

Praia não devia significar Tragédia Empty Praia não devia significar Tragédia

Mensagem por Joao Ruiz Dom maio 23, 2010 7:28 am

Três mortos nas praias da Caparica

por SÓNIA SIMÕES
Hoje

Praia não devia significar Tragédia Ng1296848

A Polícia Marítima não informou a Protecção Civil, que dispõe de meios de socorro e apoio psicológico.

Os amigos saíram da água, mas André Gonçalves, 17 anos, deixou-se ficar. Era só mais um mergulho. O último, antes ser engolido pelo mar revolto da Costa de Caparica, em Almada. Ao início da noite de ontem, a Polícia Marítima ainda não tinha encontrado o seu corpo. Horas antes, a força do mar fizera duas outras vítimas: um menino de 11 anos e um homem de 34. A Protecção Civil - que além de meios de socorro dispõe de psicólogos para apoiar os familiares - não foi informada formalmente de nenhum dos casos.

"Eram 13.30. Eu e um amigo saímos da água e o André disse que ia ficar mais um bocado", recordou ao DN um amigo da vítima, ainda incrédulo com o desaparecimento de André. "Passado algum tempo ainda o procurei pela praia, pensei que tivesse ido a algum lado até ver a polícia chegar", diz.

Antes de ser engolido pelo mar, André - que sabia nadar - ainda esbracejou à procura de auxílio. Foi visto por um casal que já nada conseguiu fazer. Foram eles que alertaram as autoridades via 112.

Segundo a porta-voz da Marinha, eram 15.45 quando chegaram ao local um "salva-vidas de Paço de Arcos, um helicóptero da Força Aérea e um semi-rígido dos bombeiros de Cacilhas", referiu a tenente Maria Martins.

Uma informação negada por fonte da Protecção Civil: "a Protecção Civil ou os bombeiros de Cacilhas não foram informados das ocorrências e por isso não dispuseram de qualquer meio", disse a mesma fonte, revoltada.

Na sede dos bombeiros de Cacilhas permaneceram durante todo o dia um barco, uma mota de água e uma carrinha de intervenção da praia que não foram activados. "Chegaríamos mais rápido do que o salva-vidas de Paço de Arcos", refere a mesma fonte.

Recorde-se que a orla costeira é da competência da Polícia Marítima, mas que a Protecção Civil dispõe de meios que podem auxiliar as operações e de psicólogos para apoiar as pessoas em terra.

O DN encontrou a família de André desfeita. Pelas 19.00 o helicóptero da Força Aérea abandonou o local de operações. Em terra, o padrasto de André tentava controlar-se. "Não é humano deixar estas pessoas a sofrer assim", dizia uma testemunha, enquanto apontava para os fundões traiçoeiros do mar. Ivan Oliveira, irmão da vítima, contou ao DN que só começou a privar com o irmão há cinco anos. "Nunca mais nos largámos", recordou. André deixou os estudos mas frequentava um curso de operador comercial. Nas horas vagas cantava rap com o irmão na banda VS Family, o nome que Ivan tatuou no braço.

Ao início da noite, a Protecção Civil providenciou apoio psicológico, sem este ter sido solicitado pela Marinha. "Vimos os familiares e tomámos a iniciativa", disse a fonte da Protecção Civil

Quem já não teve apoio psicológico foram os familiares das duas outras vítimas de afogamento registadas ao longo do dia de na Costa de Caparica: um homem de 34 anos na praia da Sereia e um menino de 11 anos na praia do Pescador, na Fonte da Telha. Os dois corpos foram recuperados, disse fonte do Instituto Nacional de So- corros a Náufragos. Ainda não começou a época balnear e já morreram cinco pessoas na Costa.

In DN

Praia não devia significar Tragédia 000203E1 Embarassed Rolling Eyes

_________________
Amigos?Longe! Inimigos? O mais perto possível!
Joao Ruiz
Joao Ruiz

Pontos : 32035

Ir para o topo Ir para baixo

Praia não devia significar Tragédia Empty Banhistas reclamam reforço da vigilância na Caparica

Mensagem por Joao Ruiz Dom maio 23, 2010 4:32 pm

Banhistas reclamam reforço da vigilância na Caparica

por Lusa
Hoje

Praia não devia significar Tragédia Ng1297036

Os banhistas que frequentam as praias da Costa de Caparica, onde sábado morreram duas pessoas e um jovem está desaparecido, reclamam o reforço de vigilância e lamentam a falta de informação, mas criticam a falta de cuidado dos veraneantes.

No sábado, uma criança e um adulto afogaram-se na Fonte da Telha e na Praia da Sereia, respectivamente, e um jovem de 18 anos desapareceu no mar junto à Praia do Tarquínio, prosseguindo hoje as operações de busca levadas a cabo pelos bombeiros, polícia marítima e Instituto de Socorros a Náufragos.

"Como antigo nadador-salvador, do Alentejo, acho que as pessoas devem avaliar as condições de segurança mal chegam à praia e devem respeitar o mar, porque está mais do que provado que o mar é perigoso aqui", disse hoje à Lusa Diogo Ramos, de 21 anos, na praia da Costa de Caparica.

Sérgio Alves, de 65 anos, é da mesma opinião e defende, por isso, que a culpa de estas coisas acontecerem "é de quem anda no mar".

"Porque as marés agora ainda não estão, entre aspas, sossegadas, ainda está um bocado terreno bravio aqui junto às praias. A maré é um vaivém e, é claro, as pessoas pensam 'deixa-te estar que estás bem' e às vezes é o pior: apanha-se uma corrente mais forte e... Ninguém domina o mar, nós é que temos de nos precaver".

Também Francisco Baía, de 53 anos, um frequentador habitual das praias da Costa de Caparica, considera que "as pessoas não têm conhecimento do que se passa com o mar a seguir ao inverno".

"A insegurança, à partida, vem delas, não é? Acho que 90 por cento disto se deve a comportamentos de risco. Nós sabemos que o inverno foi rigoroso, que há fundões, que há remoinhos e essas coisas todas - toda a gente sabe isso. As pessoas não têm consciência do que andam a fazer", sustenta.

Já Helena, de 38 anos, defende que "as pessoas têm de ser sensibilizadas para a situação", para os perigos do mar, e acha que "há falta de informação".

Inquirida pela Lusa sobre o facto de o início da época balnear ter sido antecipado para 15 de maio em algumas praias - segundo as autoridades, na Costa de Caparica, dos 53 concessionários, há já dez com vigilância - Helena respondeu que não tinha conhecimento.

"Na verdade, eu ainda não ouvi nada acerca de a época balnear já ter começado, até achava que não tinha começado. Mas isso não impede as pessoas de virem para a praia. O povo português é um bocado aventureiro, um bocado despreocupado, é essa a realidade", comentou.

Para Ilda Alves Aires, de 65 anos, natural da Costa de Caparica, as notícias deste fim de semana foram notícias tristes, que a transtornaram e deixaram "preocupada com as condições de segurança".

"Como esteve este calor todo, as pessoas vêm em massa e metem-se na água, não sabem o perigo que é o nosso mar, mesmo que não estejam aquelas ondas assim muito, muito grandes. Mas as pessoas também têm culpa: muitas vezes, os banheiros estão aqui a apitar e as pessoas avançam e isto há agueiros, há fundões, e depois morrer afogado é um instante, morre-se num instante", disse.

Por sua vez, o body-boarder Nuno Dores, de 29 anos, é de opinião de que "quando está sol devia começar a haver maior vigilância nas praias".

"É preciso mais reforços, talvez, e também mais cuidado das pessoas, que às vezes são um bocado inconscientes e se põem a tomar banho em sítios onde não devem", apontou.

Pode ser falta de conhecimento mas se for poderia ser colmatada com mais informação sobre as zonas perigosas e não-perigosas, na opinião do body-boarder, que tinha acabado de sair da água, devidamente equipado com fato e prancha debaixo do braço, numa praia que só terá vigilância a partir de 01 de Junho.

In DN

Embarassed Rolling Eyes

_________________
Amigos?Longe! Inimigos? O mais perto possível!
Joao Ruiz
Joao Ruiz

Pontos : 32035

Ir para o topo Ir para baixo

Praia não devia significar Tragédia Empty Pescadores dispostos a vigiar praias

Mensagem por Joao Ruiz Seg maio 24, 2010 4:26 pm

Pescadores dispostos a vigiar praias

por ROBERTO DORES
Hoje

Praia não devia significar Tragédia Ng1297223

As três mortes por afogamento que sábado ensombraram a Costa de Caparica levaram os pescadores da terra a disponibilizarem-se para começar a patrulhar as praias gratuitamente, pelo menos, nos dias de maior afluxo de banhistas fora da época balnear, quando ainda escasseiam os nadadores-salvadores.

A ideia foi ontem revelada ao DN, quando dos 53 concessionários da Costa apenas dez tinham vigilantes, mas já há algum tempo que os pescadores estão a tentar oficializar este "projecto" com a Capitania do Porto de Lisboa, não tendo ainda conseguido reunir com a autoridade marítima, que não se pronuncia sobre o projecto.

"Nas praias onde há pescadores não há mortes por afogamento. Não queremos que nos paguem nada para ajudar, só que nos autorizem a estar nas praias para podermos estar vigilantes", pede o pescador Paulo Martins - também dirigente da Associação de Pescadores da Costa, Fonte da Telha e Trafaria - alertando que existem na zona 200 profissionais "para ajudar". O problema é que mesmo fora da época balnear os pescadores estão impedidos de frequentarem as praias da frente urbana, onde têm ocorrido a maioria dos afogamentos.

Paulo Martins revela que já este ano foram os pescadores que utilizaram os seus barcos para retirar duas pessoas em dificuldades, sendo que outras duas foram puxadas para terra através das cordas usadas na pesca da arte xávega. "Isto já começa a ser uma mancha muito grande para a Costa", lamenta, justificando os acidentes fora da época balnear com o facto de o mar ainda estar "muito mexido, por ser de Inverno, acabando por trair a pessoas que não conhecem a zona."

O advogado dos pescadores e dos concessionários da Costa, Paulo Cunha, admite que as tragédias de sábado possam acelerar a implementação do patrulhamento das praias por parte dos pescadores, ideia que pretende apresentar à Capitania do Porto de Lisboa. "Mas já marcámos várias reuniões sem sucesso. Não conseguimos ser ouvidos e os problemas agudizam-se, quando esta solução era a ideal para pôr travão à sucessão de desgraças", diz o causídico, revelando que vai apresentar o projecto na Assembleia da República.

Para já, a autoridade marítima remete-se ao silêncio sobre a colaboração oferecida pelos pescadores, mas reconhece que o insuficiente número de nadadores-salvadores não consegue dar "conta do recado", pelo que ontem de manhã a praia do Tarquínio - onde sábado André Gonçalves, de 17 anos, perdeu a vida - continuava sem vigilância, enquanto os alguns banhistas mergulhavam e nadavam por entre a forte ondulação como se nada tivesse acontecido 24 horas antes. Aliás, um breve passeio pelo areal bastou para encontrar vários exemplos da pouca (ou nenhuma) atenção que os banhistas dão aos conselhos do Instituto de Socorros a Náufragos.

O apelo feito ontem pela Federação Portuguesa de Concessionários de Praia (FPCP) e a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) ajusta-se às necessidades da Costa, que só a partir de 1 de Junho vai ter nadadores-salvadores. Ambos os organismos reclamaram a implementação de estruturas do socorro na vigilância de praias fora da época balnear na sequência dos três afogamentos de sábado que vitimaram um homem de 34 anos, um menino de 11 e um jovem de 17, cujo corpo ainda não tinha sido encontrado.

In DN

Embarassed Rolling Eyes

_________________
Amigos?Longe! Inimigos? O mais perto possível!
Joao Ruiz
Joao Ruiz

Pontos : 32035

Ir para o topo Ir para baixo

Praia não devia significar Tragédia Empty Salvar vidas na praia deve ser profissão o ano inteiro

Mensagem por Joao Ruiz Sáb Jun 05, 2010 1:47 pm

Salvar vidas na praia deve ser profissão o ano inteiro

por CÉU NEVES
Hoje

Praia não devia significar Tragédia Ng1301927

Os nadadores-salvadores apenas vigiam na época balnear, que tanto pode começar a 1 de Maio como a 1 de Julho, depende da zona do País. E há muitas sem vigilância o ano todo. Quem exerce a actividade e quem explora o areal defende que deve haver profissionais todo o ano. E a partilha das responsabilidades, tutelada pelo Estado.

"Têm três minutos para vestir os fatos, calçar as barbatanas e nadar até ao bote!" "Levem o bote." "São 17 e só há três a bombordo. E o trabalho de equipa?" "Não estão a transmitir confiança. A vítima está em pânico." "Coloquem-se dois a dois, um é a vítima que tem de ser levada para terra, depois trocam." E o pneumático da Estação de Salva--Vidas de Sines arranca a toda a velocidade para provocar ondulação. 22.00, o cansaço já é muito, mas a aula do curso de nadador--salvador vai a meio. Aulas em mar.

Um dia de aulas do curso da Associação de Nadadores de Salvamento do Litoral Alentejano Resgate, que termina sexta-feira, dia 11. Em horário pós-laboral, como todos os cursos do País. Os formandos são estudantes, alguns fizeram natação de competição.

É um emprego temporário e muitas praias abriram a época balnear sem nadador-salvador, apesar da colocação de anúncios. Por isso, as associações de nadadores--salvadores e os concessionários defendem a profissionalização da função, um emprego estável e em que se complemente o trabalho nas praias com actividades no meio ambiente (recuperação, limpeza) e em acções de sensibilização para a prevenção de acidentes. Este ano morreram seis pessoas antes do início da época balnear, quatro na Costa de Caparica. A sétima vítima mortal foi um homem que caiu quinta-feira da falésia na praia de Miramar, Vila Nova de Gaia.

As praias da Costa de Caparica são consideradas as mais complicadas de vigiar. O mar é traiçoeiro, por vezes com ondas fortes e agueiros, e são frequentadas por grupos de jovens que se "armam em heróis e não respeitam as indicações", dizem os nadadores-salvadores. E fica muito perto da capital, banhistas que vão para a praia logo que o calor aperta, sem se preocuparem com a falta de vigilância.

"As pessoas são muito descuidadas, até com as crianças", lamentam Lurdes Salgueiro, 69 anos, e Belmira Matos, 59, casa na Costa e a banhos na praia do Paraíso, onde se registaram duas mortes.

O grupo deste ano da Associação Resgate tem 16 rapazes e uma rapariga. A maioria inicia a actividade e um ou outro faz a formação obrigatória, todos os três anos. A associação tem 40 nadadores-salvadores, muitos deles rotativos.

A não fixação daqueles profissionais é um dos problemas, diz António Mestre, 38 anos, o professor, nadador-salvador há 15 anos e presidente da Associação Resgate. Dá, também, aulas de Técnicas de Segurança e de Salvamento e faz acções de prevenção nas escolas do concelho. "Todos os anos é a mesma coisa com as mortes, mas não se pode fechar as praias fora da época balnear. E quem faz o perigo são as pessoas. Tem de haver uma cultura de prevenção que deve ser transmitida desde crianças", diz Mestre.

O mais velho do grupo é Sousa, 50 anos, bombeiro e segurança na Administração do Porto de Sines. Este ano será nadador-salvador nas folgas e fins-de-semana. A única rapariga é Susana, 21 anos, na profissão há três. "É muito forte. O ano passado resgatou uma pessoa numa situação complicada", orgulha-se o professor. Acabou por recorrer à psicóloga da Associação, um acompanhamento que não é vulgar no meio. Tiago, 24 anos, é um serralheiro que todos os anos se despede do emprego para voltar ao mar.

"Os que se mantêm são mais raros. Em regra, são estudantes, alguns chumbaram e resolvem tirar o curso. Pensam no dia inteiro na praia, nas miúdas... e aqui têm de perceber qual é o seu verdadeiro trabalho", explica Pedro da Silva, ex-nadador-salvador, civil da Marinha, e que dá formação. O retrato responde ao estereótipo do nadador mais atento às meninas do que aos banhistas. "Temos essa fama, mas quando for puxada por uma corrente e tiver de ser resgatada vai perceber o que fazemos", responde à provocação João Pardal, 22 anos, de Vila Franca de Xira. O segundo nadador-salvador, Diogo Inês, de Santarém, 26 anos, subscreve. "As pessoas é que, muitas vezes, não respeitam as advertências. No domingo seguinte à morte das cinco pessoas na praia Maria Luísa, avisei um casal de espanhóis que estava no mesmo local e não queriam sair."

Estes são dois elementos da equipa de seis nadadores-salvadores que vigia a praia Maria Luísa, em Albufeira, onde a época balnear começa a 1 de Maio e acaba a 31 de Outubro. Seis meses de trabalho e que os leva a viver só da actividade. Quarenta horas semanais, com alimentação, e cerca de 700 euros mensais. "Estou à espera dos 23 anos para tirar um curso superior", diz João. "Tentei entrar em desporto", mas não consegui", lamenta Diogo. Um dos companheiros é Celestino, com 62 anos, o nadador-salvador mais velho do País. "E olhe que nas provas de natação deixa muito menino para trás", asseguram. Celestino não fala "com a imprensa", devido ao que se passou na sequência do acidente em Agosto.

Pedro da Silva tripula o bote da Estação de Salva--Vidas de Sines para resgatar as vítimas. Um trabalho fixo que trocou com o de nadador-salvador e pelo qual ganha muito menos, não chega a 600 euros. E tem de actuar em situações perigosas. A primeira regra é não colocar a própria vida em perigo. "Uma segunda vítima não salva ninguém." E a máxima da Associação Resgate é: "O salvamento começa em terra."

Pedro faz uma demonstração no curso da Associação Resgate de equipamento (PLT) da Marinha para as situações de maior perigo e que substitui a antiga espingarda lança-cabos, num valor de oito mil euros. A mais potente lança uma corda a 230 metros. "Basicamente, é uma arma de paintball que lança cordas em vez de bolas", diz um dos alunos. Estas estações têm os botes pneumáticos, motos 4X4, e motos d'água, entre outros meios de socorro. Apoiam os nadadores-salvadores que circulam nas praias não vigiadas ou onde não abriu a época, como nas pontes deste fim-de-semana. Mas a maioria das estações não tem os activos exigidos.

António Mestre orgulha-se de as aulas serem no mar e não em piscinas, como diz acontecer nos outros cursos; do registo diário e da responsabilização da equipa. E são os alunos que compram o fato de neopreno, entre 130 e 180 euros, para as situações em que a água está gelada. A maioria dos nadadores-salvadores das outras praias apenas tem uns calções e uma T-shirt. "Há dez anos que não há um afogamento nas nossas praias. E temos muitos resgatados. Um nadador-salvador não pode estar à beira-mar sem o cinto e as barbatanas de pato na mão", exemplifica. Acrescenta que há outros bons exemplos de preparação, mas estão em minoria. E critica os governos.

"O Estado não pode desresponsabilizar--se. Tem o dever de garantir a segurança dos cidadãos, como diz a Constituição." E defende: "Devia ser criada uma estrutura que permitisse a existência de vigilância a tempo inteiro e quando é necessária. Nadadores-salvadores que estejam nas praias quando as condições climatéricas são excelentes e as do mar péssimas. É quando há mortes."

O modelo tem o acordo dos concessionários, que dizem estar fartos de serem os únicos responsáveis pela vigilância. Sobretudo os que estão em praias menos frequentadas, como as da Figueira da Foz, o que levou os empresários a desistirem do negócio em Quiaios e Murtinheira, a norte.

"O ónus do nadador- -salvador é de exclusiva responsabilidade dos concessionários. Temos de garantir os apoios de praia, as casas de banho, tudo. E não se pode comparar a viabilidade económica numa praia da Figueira da Foz com a da Costa de Caparica ou do Algarve. Já viu a distância que vai do mar à estrada e os estabelecimentos, da primeira linha, da segunda..., etc., estão cheios com os banhistas e não pagam nada", protesta Bruno Ribeiro, o dono do o bar da praia do Relógio.

É o último sábado de Maio, o calor aperta e são poucas as pessoas que se encontram no areal. Incomparavelmente menos que nas praias do Algarve durante a semana.

A típica família do interior, como a de Antónia, 75 anos, e António Rodrigues, 78, ex-emigrantes em França. "Vivemos meio lá e meio cá [Braga]. Fomos a Fátima com o meu filho e a nora, também emigrantes, almoçámos e estamos aqui um bocadinho. Não vamos ao mar", tranquiliza Antónia. E um grupo de quatro estudantes junto ao pontão, zona não concessionada, logo, sem nadador-salvador. "O mar está a puxar, mas é só início. Fiz natação, sei reconhecer o estado do mar", diz André Sousa, 19 anos. "Tenho casa em Quiaios desde os cinco anos, o mar é pior", acrescenta Pedro Mesquita, 16 anos. O grupo completa-se com Patrícia Mendonça, 17 anos, grávida, que é namorada de André, e Ivan Marcelo, 17.

A sul, a praia do Vau, Portimão, está cheia na primeira quarta-feira de Junho: estrangeiros, idosos e crianças.

Manuel Silva, 58 anos, é do tempo em que não se podia ser nadador-salvador depois dos 50. Não renovou o cartão. Toma conta dos toldos e das cadeiras, mas é o primeiro a chegar ao mar quando há perigo. Histórias para contar. Tem a seu lado uma das mulheres com mais anos na profissão, Sandra Serra, de 46 anos.

"Tenho montes de vidas salvas. Uma vez pensei que tinha de resgatar um homem e estavam lá três. Um deles usava uma dentadura com dentes de oiro. Entreguei a um rapaz para a segurar enquanto lhe fazia a reanimação, e ele fugiu", lembra a rir. Salvamentos em que nunca aceitou dinheiro. Apenas T-shirts. E outra história infeliz. Como o afogamento de Alfredo das Peles, já lá vão mais de 20 anos. "Estava a insistir na reanimação e um indivíduo diz para outro que já estava cadáver. Chorei. Desorientei-me e abalei."

O que é preciso para ser nadador-salvador

+ de 18 anos e ensino obrigatório

Curso de formação de 135 horas certificado pelo Instituto de Socorros a Náufragos.

Curso custa 127 euros.

Conhecimento de matérias relacionadas com adaptação ao meio aquático, tecnologias de salvamento e suporte básico de vida.

Provas de natação: 100 m em 1,5 minutos; nadar 25 m de costas só com batimento de pernas; recolher dois objectos do fundo do mar.

Obrigatório curso de reciclagem de três em três anos.

O dever de "informar, prevenir, resgatar e prestar suporte básico de vida". E apoiar as autoridades.

Ganha entre 600 e 1500 euros, depende das condições (alojamento, alimentação) e da zona do País.

In DN

Praia não devia significar Tragédia 000203E6

_________________
Amigos?Longe! Inimigos? O mais perto possível!
Joao Ruiz
Joao Ruiz

Pontos : 32035

Ir para o topo Ir para baixo

Praia não devia significar Tragédia Empty Re: Praia não devia significar Tragédia

Mensagem por Conteúdo patrocinado


Conteúdo patrocinado


Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo


 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos