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A comunidade judaica em Portugal

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A comunidade judaica em Portugal Empty A comunidade judaica em Portugal

Mensagem por Vitor mango Qui Jun 10, 2010 12:26 am

A comunidade judaica em Portugal



Artigos de Maria Calado, Vice-presidente do CNC, publicado no
DN,
em Agosto de 2006



O CNC editou a obra Judeus e Árabes na Península
Ibérica (Inglês / Francês /
Português)
.Vários autores, 1993. (Esgotado)
A comunidade judaica em Portugal Manuscrito-judaico
No século xv, Portugal tornou-se o mais importante centro
da cultura sefardita. Acolheu, temporariamente, os grandes
sábios
judeus da época, entre os quais Isaac Aboab, o líder
espiritual da comunidade judaica da Península Ibérica,
Salomão Ibn Verga, autor de Schébet Yehudah (A Vara
de Judá, crónica em que narra a vida dos judeus na
península), e Abraão Saba, exegeta, pregador e cabalista.
Guedelha Palaçano, que foi rabi-mor no tempo do rei
D. Afonso V, ocupou uma posição privilegiada no panorama
político e cultural português do século XV,
familiarizando-se com os textos clássicos e os valores do humanismo
quatrocentista. Escreveu em Lisboa um tratado sobre a Providência
Divina
, mas a maior parte do seu trabalho foi desenvolvida após a
saída do país, em 1483, acusado de participar na conjura para
depor o rei D. João II.
Viveu alguns anos na Corte de Castela e em 1492 instalou-se em
Itália, onde permaneceu até à morte, em 1508. Os filhos de
Isaac Abravanel, todos nascidos em Lisboa, foram homens cultos e
respeitados
pelo seu saber.
O mais famoso deles, Judá Abravanel, conhecido como
Leão Hebreu, deixou uma importante obra literária e
filosófica. Ainda no domínio da cultura literária,
destacaram-se Eliezar Toledano, Samuel Gacon,
Samuel d'Ortas e
Abraão d'Ortas, nomes ligados
aos primórdios da Imprensa em Portugal.
A Samuel
Gacon
se deve a
edição do primeiro incunábulo português, uma
impressão do Pentateuco, feita na sua oficina em Faro, em 1487.

A oficina de Eliezer
Toledano
funcionou em Lisboa, produzindo, entre 1489 e 1492,
pelo menos
oito obras conhecidas em hebraico.
Do mesmo modo, em Leiria, a oficina familiar de Samuel
d'Ortas
e seus filhos também executava trabalhos de
impressão. Foi daquele prelo que saiu a primeira edição do
Almanach Perpetuum de Zacuto, em 1496.








A comunidade judaica em Portugal AlmanachPerpetuum


Abraão Zacuto
foi o autor de um novo e melhorado Astrolábio, que ensinou os
navegantes
portugueses a utilizar, e também de melhoradas tábuas
astronómicas que ajudaram a orientação das caravelas
portuguesas no alto-mar, através de cálculos a partir de
observações com o Astrolábio. As suas
contribuições permitiriam as descobertas do Brasil e da
Índia.

Ainda em Espanha, escreveu e publicou um
tratado notável de astronomia em hebreu, com o título Ha-jibbur
Ha-gadol. Publicou na tipografia de Leiria de Abraão de Ortas em
1496 a
obra Almanach Perpetuum, que viria a ser traduzida em Latim
e
Castelhano. Neste livro viriam as tábuas astronómicas para os
anos de 1497 a 1500, que foram utilizadas, juntamente com o seu
astrolábio melhorado de metal, por Vasco da Gama e Pedro Álvares
Cabral nas suas viagens.

No campo artístico ficou a dever-se aos judeus o
aperfeiçoamento da iluminura. Algumas escolas de copistas instaladas
em
Lisboa e nas principais cidades formaram grandes artistas que
ilustraram
algumas das obras de temática judaica e outros manuscritos
importantes
da época.
Entre os copistas mais importantes encontramos Samuel de Medina,
Eleazar Gagosh e Samuel Musa Filho.







A comunidade judaica em Portugal Perush-ha


Perush Ha-Berakoth Ve-Ha-Tefillot, um
incunábulo hebraico impresso em Portugal. Oficina de David
Abudrahan em
Lisboa, 1489. Note-se a excelente qualidade dos tipos.

O Sul


Compreendendo um vasto território que se estende entre o
Norte e o Sul do rio Tejo, esta região apresenta uma grande
quantidade e
diversidade de tradições judaicas.
O Ribatejo é por vocação um espaço de
confluência e de cruzamento de rotas comerciais. Nas suas vilas e
cidades, com destaque para Santarém, fixaram-se judeus, dando
dimensão urbana a um território marcadamente agrícola.

Escassamente povoado e afastado dos centros do poder
político e religioso, com uma extensa frente raiana, o Alentejo
sempre
abrigou uma grande população judaica do País, ali
instalada desde o período da ocupação muçulmana.

Quase todas as cidades e vilas possuíam as suas
judiarias. A maior localizava-se, naturalmente, em Évora,
grande
centro urbano do Alentejo interior e local de residência
temporária da Corte na Idade Média.
Mas também Castelo de Vide, Crato, Portalegre, Borba, Vila
Viçosa, Arronches, Vidigueira, Estremoz, Monsaraz, Moura, Beja,
Serpa e
Mértola tinham comunas de judeus, instaladas em bairros próprios
e quase sempre ligadas ao comércio entre Portugal e os reinos
peninsulares.
1. Santarém


No coração da lezíria e com uma
localização privilegiada no Centro do País, esta cidade
foi desde sempre um próspero centro agrícola e comercial onde
afluíram judeus.
A comunidade era numerosa e próspera já no
período muçulmano e, em 1147, pela conquista da cidade aos mouros
por D. Afonso Henriques (1139-1185), passa a integrar o reino de
Portugal.

A Judiaria de Santarém constituía uma das sete
comarcas definidas por D. Dinis (1279-1325) e reconfirmadas por D.
João
I (1385-1433). Localizava-se junto da Rua Direita e das portas da
cidade,
dinamizando o comércio local e a feira.
Os judeus de Santarém dedicavam-se às actividades
artesanais e intelectuais. Depois da expulsão, em 1497, muitos
mantiveram-se como cristãos-novos e cripto-judeus. Um percurso pelo
centro histórico evoca-nos hoje os lugares e as vivências da
próspera comunidade judaica de Santarém durante a Idade
Média.
2. Castelo de Vide


Muito próximo da fronteira com Castela, esta vila
alentejana foi um dos locais privilegiados de acolhimento das várias
migrações de judeus. Estes eram provenientes dos reinos vizinhos,
nomeadamente de Castela e entraram pelo porto seco de Marvão durante
os
séculos XIV e XV.
Apesar de referências antigas a um pequeno núcleo de
habitantes judeus, foi no século XIV que a judiaria se consolidou e
teve
uma expressão regional. Depois de 1496, permaneceram em Castelo de
Vide
muitas famílias de judeus convertidos ao cristianismo.
Aqui nasceu Garcia da Orta, filho de cristãos novos
e autor de Colóquio dos Simples e Drogas da Índia, uma das
mais importantes obras da ciência médica e botânica do
século XVI.
A Judiaria de Castelo de Vide ocupava uma zona junto da porta
principal do Castelo, entre o mercado e a Fonte da Vila. Estendia-se
pelas ruas
medievais da Fonte, do Mercado, do Arçario, do Mestre Jorge e da
Judiaria e ainda pelas actuais Rua dos Serralheiros e Rua Nova.

Como conjunto arquitectónico e urbanístico, esta
judiaria é a que se encontra mais bem preservada em todo o País.
O núcleo da sinagoga e os edifícios envolventes são muito
significativos e traduzem a organização espacial da comuna
judaica na Idade Média.
Vários portais e janelas góticas, alguns com
elementos simbólicos da época, testemunham a antiguidade e a
qualidade deste património edificado no centro histórico de
Castelo de Vide.
A antiga Sinagoga localiza-se na esquina da Rua da
Judiaria
com a Rua da Fonte. Como em Tomar, trata-se de uma habitação
adaptada. O edifício, hoje restaurado e valorizado como
património arquitectónico e área museológica,
apresenta no piso térreo o espaço de culto, onde se julga ter
sido o tabernáculo aberto numa das paredes da casa.
Num compartimento separado, como era habitual, ficava o
espaço destinado a acolher as mulheres e noutro anexo ficava a
escola,
com entrada por uma porta ogival similar às duas que dão acesso
à entrada da Sinagoga na Rua da Judiaria.
Outros edifícios, na mesma rua, terão pertencido ao
conjunto onde se instalaram os diversos serviços cívicos e
religiosos dos judeus locais. Após a expulsão, este
edifício sofreu várias alterações e apenas nos anos
70 deste século foi redescoberto o tabernáculo e restaurada a sua
traça primitiva.
Os estudos arqueológicos que se fizeram na altura do
restauro permitiram encontrar no piso interior três silos para
guardar
cereais, escavados em granito, na base do edifício. Castelo de Vide
é hoje um dos centros turísticos mais visitados por judeus de
todo o mundo.
3. Évora


Nesta antiga cidade alentejana que muitas vezes acolheu a Corte,
existiu uma das maiores judiarias do País. No século XIV, as
autoridades judaicas entraram em negociações com a Câmara
Municipal para que o seu espaço urbano fosse ampliado, de modo a
abrigar
convenientemente o grande número de habitantes que a comuna então
possuía.
Embora o tecido urbano de Évora seja ainda medieval, a
localização e extensão da judiaria é hoje
imprecisa. Ficava entre as portas do Alconchel e do Reimondo (entre a
Rua do
Tinhoso e a Rua dos Mercadores, seguindo algumas travessas até à
Rua do Reimondo), abrigando no seu interior duas sinagogas, a midrash,
os banhos, o hospital e uma gafaria.
Na área da antiga judiaria encontram-se vários
portais góticos que pertenceram a casas de habitantes da comunidade,
que
se dedicavam ao comércio e a actividades artísticas e
intelectuais.
Faz parte do acervo do Museu Regional de Évora uma pedra
tumular com inscrições em hebraico, datada de cerca de 1378, por
Samuel Schwartz. Foi encontrada em Beja no final do século XVIII e
em
1868 transferida para este museu.
Na Biblioteca Pública de Évora, na
secção de incunábulos, pode também apreciar-se um
dos raros exemplares da edição de 1496 do Almanaqch
Perpetuum
do sábio Abraão Zacuto.
4. Monsaraz


Em Monsaraz, uma das vilas medievais portuguesas mais bem
preservadas, existiu uma judiaria dentro das muralhas nas
imediações da Rua Direita. Este centro histórico, que no
passado acolheu muitos judeus e \"marranos\" vindos de Espanha,
apresenta hoje um
conjunto muito uniforme de ruas e edifícios da época.
A expulsão (David Landes)


O historiador David Landes viu na expulsão das
comunidades judaicas da Península Ibérica no século XVI um
factor prejudicial para as sociedades e economias ibéricas,
anunciando o
declínio de Portugal e Espanha no concerto da nações,
então no auge da sua influência. Em A riqueza e pobreza das
nações
, relata Landes:




\"Quando os portugueses conquistaram o Atlântico Sul, eles
estavam na linha da frente das técnicas de navegação. A
abertura para a aprendizagem com sábios estrangeiros, muitos deles
judeus, tinha trazido conhecimento que se traduzia directamente na
aplicação prática, e quando em 1492 os espanhóis
decidiram obrigar os seus judeus a adoptar o Cristianismo ou a
sair, muitos
encontraram refúgio em Portugal, então com uma política
mais relaxada face ao Judaísmo.
Mas em 1497, pressão da Igreja e de Espanha levou a coroa
portuguesa a abandonar esta tolerância. Cerca de 70.000 judeus
foram
forçados a um baptismo meramente formal.
Em 1506, Lisboa viu o seu primeiro pogroma, que matou dois mil
judeus \"convertidos\" (a Espanha já vinha fazendo o mesmo desde há
duzentos anos). A partir daí a vida intelectual e científica de
Portugal desceu a um abismo de intolerância, fanatismo e pureza de
sangue. O declínio foi gradual.
A Inquisição portuguesa foi instalada apenas na
década de 1540 e queimou o seu primeiro herético em 1543; mas
só se tornou cruelmente amedrontante a partir de 1580, após a
união das coroas portuguesa e espanhola sob a pessoa de Filipe II
de
Espanha.
Entretanto, os cripto-judeus, incluíndo
Abraão Zacuto
e outros astrónomos,
acharam a vida em Portugal suficientemente perigosa para saírem em
grandes números. ...
Os cientistas, matemáticos e físicos cripto-judeus
do passado tinham saído. Nenhuma outra minoria dissidente apareceu
para
tomar o lugar deles... se os ganhos da troca de mercadorias são
importantes, esses ganhos são ainda pequenos comparados com os
ganhos da
troca de idéias\".

Jorge Martins, autor da obra Portugal e os
Judeus
:

A desestruturação mental que o baptismo
forçado e a acção inquisitorial operaram na sociedade
portuguesa, obliterou o convívio inter-religioso e intercultural
que se
estava a construir ainda antes da fundação da nacionalidade e se
aprofundou durante os séculos XII a XV.


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Mensagem por Vitor mango Qui Jun 10, 2010 12:30 am

este post foi trazido para aqui porque é ciencia e a analise do post tera que ser coçada cientificamente

e a minha duvida que sempre a foi é que os Judeus SEMPREEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE colocaram a sua condiçao de judeus acima da sua portugalidade

Ja viram que sendo eu culturalmente catolico o pessoal em vez de me tratar como portugues me tyratasse como catolico ????????????????
O que respondia
Mandava quem me tratasse assim no minimo para cima de Braga
Vitor mango
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