Obama diz que comandante no Afeganistão cometeu 'erro de julgamento'
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Obama diz que comandante no Afeganistão cometeu 'erro de julgamento'
Obama diz que comandante no Afeganistão cometeu 'erro de julgamento'
Alessandra Corrêa
Da BBC Brasil em Washington
Soldados americanos no Afeganistão
Presidente Karzai apoia o general americano e Talebã vê no incidente sinal de derrota política
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta terça-feira que as críticas a membros do governo feitas pelo principal comandante militar americano no Afeganistão, general Stanley McChrystal, revelam um "erro de julgamento" e que pretende conversar pessoalmente com ele antes de decidir sobre seu futuro.
"É claro que o artigo revela um erro de julgamento. Mas eu também quero conversar com ele diretamente antes de tomar uma decisão", disse o presidente, ao ser questionado sobre se pretendia demitir o general.
McChrystal foi convocado para um encontro com Obama nesta quarta-feira, para explicar seus comentários, publicados em um perfil na revista Rolling Stone que chega às bancas americanas na sexta-feira.
No artigo, o general faz críticas ao vice-presidente, Joe Biden, ao embaixador americano no Afeganistão, Karl Eikenberry, ao assessor de Segurança Nacional, James Jones, e ao enviado especial americano ao Afeganistão e ao Paquistão, Richard Holbrooke.
Obama disse que é preciso manter em mente neste episódio que o foco principal é a luta contra a rede extremista Al-Qaeda no Afeganistão.
"Quero que todos tenham em mente qual o nosso principal foco, que é o sucesso em assegurar que a Al-Qaeda e seus afiliados não consigam atacar os Estados Unidos", disse Obama.
"E como garantir que nossa estratégia justifique a coragem e o enorme sacrifício que nossos jovens estão fazendo lá", afirmou o presidente.
Erro
Antes mesmo das declarações de Obama, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, já havia afirmado que o presidente estava irritado com os comentários de McChrystal.
"Você saberia se o visse", afirmou Gibbs. "Sem dúvida, o general McChrystal cometeu um grande erro. Um erro sobre o qual terá a chance de conversar amanhã, tanto com oficiais no Pentágono como com o comandante-em-chefe."
Gibbs também evitou comentar sobre o futuro do general em seu cargo e disse que "todas as opções estão na mesa".
"Nossos esforços no Afeganistão são maiores que uma pessoa", afirmou o porta-voz.
Desculpas
McChrystal, que é o comandante das forças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no Afeganistão, foi convocado de volta a Washington nesta terça-feira após a divulgação de seus comentários.
O general pediu desculpas pelo artigo, intitulado The Runaway General e escrito por Michael Hastings.
"Foi um erro que reflete mau julgamento e nunca deveria ter ocorrido", disse McChrystal. "Durante minha carreira, vivi sob os princípios da honra pessoal e da integridade profissional. O que está refletido neste artigo está longe desse padrão."
O general McChrystal junto com o presidente Obama (arquivo)
McChrystal pediu desculpas a Obama e foi convocado a Washington
"Tenho enorme respeito e admiração pelo presidente Obama e por sua equipe de segurança nacional e pelos líderes civis e tropas lutando essa guerra, e permaneço comprometido com uma resolução bem-sucedida", disse.
Reações
Apesar do pedido de desculpas, o artigo provocou reações fortes em Washington.
O secretário de Defesa, Robert Gates, que também se reunirá com McChrystal nesta quarta-feira, disse em um comunicado que leu o perfil "com preocupação".
"Eu acredito que o general McChrystal cometeu um grande erro e fez um mau julgamento nesse caso", disse Gates.
"O general McChrystal pediu desculpas a mim e também está entrando em contato com outras pessoas citadas no artigo para pedir desculpas a elas", afirmou o secretário. "Convoquei o general McChrystal a Washington para discutir isso pessoalmente."
Críticas
O autor do artigo teve acesso ao general e a seus assessores próximos durante várias semanas.
Após a divulgação do texto, o assessor que coordenou o acesso do jornalista ao general, Duncan Boothby, pediu demissão.
Entre os alvos das críticas de McChrystal está o embaixador americano em Cabul.
O general diz que se sentiu "traído" por Eikenberry durante o longo debate em 2009 sobre o pedido por mais tropas no Afeganistão e sugere que o embaixador estaria usando um memorando interno questionando o pedido para se proteger de críticas futuras.
"Aqui está um que cobre sua guarda para os livros de História. Se fracassarmos, eles podem dizer 'eu avisei'", disse o general.
Um assessor se refere a uma reunião de McChrystal com o presidente no Salão Oval da Casa Branca, um ano atrás, ao afirmar: "Obama claramente não sabia nada sobre ele (..) O chefe ficou bastante decepcionado".
Outro assessor do general se referiu ao assessor de Segurança Nacional, James Jones, como "um palhaço que parou no tempo em 1985".
McChrystal também teria sido irônico sobre o vice-presidente. "Você está me perguntando sobre o vice-presidente Biden? Quem é esse?", diz em um trecho do artigo.
Afeganistão
McChrystal assumiu o cargo em maio de 2009 e discutiu com Obama durante meses o envio de 30 mil homens adicionais no Afeganistão até ter seu pedido atendido.
Nesta terça-feira, um porta-voz da Presidência do Afeganistão, Waheed Omer, manifestou apoio ao general.
"O presidente (Hamid Karzai) apoia fortemente o general McChrystal e sua estratégia no Afeganistão e acredita que ele é o melhor comandante que os Estados Unidos enviaram ao Afeganistão nos últimos nove anos", disse.
No entanto, um porta-voz do grupo extremista Talebã disse que a convocação de McChrystal a Washington era mais um sinal do começo da "derrota política" dos Estados Unidos no Afeganistão.
Alessandra Corrêa
Da BBC Brasil em Washington
Soldados americanos no Afeganistão
Presidente Karzai apoia o general americano e Talebã vê no incidente sinal de derrota política
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta terça-feira que as críticas a membros do governo feitas pelo principal comandante militar americano no Afeganistão, general Stanley McChrystal, revelam um "erro de julgamento" e que pretende conversar pessoalmente com ele antes de decidir sobre seu futuro.
"É claro que o artigo revela um erro de julgamento. Mas eu também quero conversar com ele diretamente antes de tomar uma decisão", disse o presidente, ao ser questionado sobre se pretendia demitir o general.
McChrystal foi convocado para um encontro com Obama nesta quarta-feira, para explicar seus comentários, publicados em um perfil na revista Rolling Stone que chega às bancas americanas na sexta-feira.
No artigo, o general faz críticas ao vice-presidente, Joe Biden, ao embaixador americano no Afeganistão, Karl Eikenberry, ao assessor de Segurança Nacional, James Jones, e ao enviado especial americano ao Afeganistão e ao Paquistão, Richard Holbrooke.
Obama disse que é preciso manter em mente neste episódio que o foco principal é a luta contra a rede extremista Al-Qaeda no Afeganistão.
"Quero que todos tenham em mente qual o nosso principal foco, que é o sucesso em assegurar que a Al-Qaeda e seus afiliados não consigam atacar os Estados Unidos", disse Obama.
"E como garantir que nossa estratégia justifique a coragem e o enorme sacrifício que nossos jovens estão fazendo lá", afirmou o presidente.
Erro
Antes mesmo das declarações de Obama, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, já havia afirmado que o presidente estava irritado com os comentários de McChrystal.
"Você saberia se o visse", afirmou Gibbs. "Sem dúvida, o general McChrystal cometeu um grande erro. Um erro sobre o qual terá a chance de conversar amanhã, tanto com oficiais no Pentágono como com o comandante-em-chefe."
Gibbs também evitou comentar sobre o futuro do general em seu cargo e disse que "todas as opções estão na mesa".
"Nossos esforços no Afeganistão são maiores que uma pessoa", afirmou o porta-voz.
Desculpas
McChrystal, que é o comandante das forças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no Afeganistão, foi convocado de volta a Washington nesta terça-feira após a divulgação de seus comentários.
O general pediu desculpas pelo artigo, intitulado The Runaway General e escrito por Michael Hastings.
"Foi um erro que reflete mau julgamento e nunca deveria ter ocorrido", disse McChrystal. "Durante minha carreira, vivi sob os princípios da honra pessoal e da integridade profissional. O que está refletido neste artigo está longe desse padrão."
O general McChrystal junto com o presidente Obama (arquivo)
McChrystal pediu desculpas a Obama e foi convocado a Washington
"Tenho enorme respeito e admiração pelo presidente Obama e por sua equipe de segurança nacional e pelos líderes civis e tropas lutando essa guerra, e permaneço comprometido com uma resolução bem-sucedida", disse.
Reações
Apesar do pedido de desculpas, o artigo provocou reações fortes em Washington.
O secretário de Defesa, Robert Gates, que também se reunirá com McChrystal nesta quarta-feira, disse em um comunicado que leu o perfil "com preocupação".
"Eu acredito que o general McChrystal cometeu um grande erro e fez um mau julgamento nesse caso", disse Gates.
"O general McChrystal pediu desculpas a mim e também está entrando em contato com outras pessoas citadas no artigo para pedir desculpas a elas", afirmou o secretário. "Convoquei o general McChrystal a Washington para discutir isso pessoalmente."
Críticas
O autor do artigo teve acesso ao general e a seus assessores próximos durante várias semanas.
Após a divulgação do texto, o assessor que coordenou o acesso do jornalista ao general, Duncan Boothby, pediu demissão.
Entre os alvos das críticas de McChrystal está o embaixador americano em Cabul.
O general diz que se sentiu "traído" por Eikenberry durante o longo debate em 2009 sobre o pedido por mais tropas no Afeganistão e sugere que o embaixador estaria usando um memorando interno questionando o pedido para se proteger de críticas futuras.
"Aqui está um que cobre sua guarda para os livros de História. Se fracassarmos, eles podem dizer 'eu avisei'", disse o general.
Um assessor se refere a uma reunião de McChrystal com o presidente no Salão Oval da Casa Branca, um ano atrás, ao afirmar: "Obama claramente não sabia nada sobre ele (..) O chefe ficou bastante decepcionado".
Outro assessor do general se referiu ao assessor de Segurança Nacional, James Jones, como "um palhaço que parou no tempo em 1985".
McChrystal também teria sido irônico sobre o vice-presidente. "Você está me perguntando sobre o vice-presidente Biden? Quem é esse?", diz em um trecho do artigo.
Afeganistão
McChrystal assumiu o cargo em maio de 2009 e discutiu com Obama durante meses o envio de 30 mil homens adicionais no Afeganistão até ter seu pedido atendido.
Nesta terça-feira, um porta-voz da Presidência do Afeganistão, Waheed Omer, manifestou apoio ao general.
"O presidente (Hamid Karzai) apoia fortemente o general McChrystal e sua estratégia no Afeganistão e acredita que ele é o melhor comandante que os Estados Unidos enviaram ao Afeganistão nos últimos nove anos", disse.
No entanto, um porta-voz do grupo extremista Talebã disse que a convocação de McChrystal a Washington era mais um sinal do começo da "derrota política" dos Estados Unidos no Afeganistão.
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