Lisboa renascida
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Lisboa renascida
20 Junho 2010
Lisboa
renascida
Não vivo em Lisboa há três anos, pelo que
perdi a habituação que cansa os olhos e torna espessa a vista. Aterrei
há dias, de passagem para visitar a família e realizar a última etapa de
uma investigação, longa de anos, que me levou ao Oriente e acabou por
me fixar em Banguecoque.
Lendo os blogues e os jornais em linha
disponíveis, acompanhando o estendal de escândalos, latrocínio e
impunidade que parecem ter-se fixado como condenação ao viver português,
confesso ter adiado vezes sem conta a hora do regresso, nauseado com a
putrefacção que sentia a milhares de quilómetros. Os ecos distantes
deste tempo sem tempo levam à desesperança e à renúncia, em tudo fazendo
recordar o terrível título de uma das mais dolorosas obras de António
Manuel Couto Viana, meu amigo de sempre que me pregou a partida de subir
aos céus dias antes da minha chegada: Ponto de não Regresso.
Nesse livrinho, Couto Viana comparava Portugal a uma vala, nove palmos
por três.
Porém, uma agradável surpresa aguardava-me.
Não encontrei uma Lisboa moribunda ou cadavérica, desfigurada,
maltrapilha e imunda como aquela que conheci. A nossa capital, aprumada,
enxuta, lavada, pintada, arborizada e digna parece contradizer o
pessimismo que vai na cabeça dos portugueses. Ontem passei longamente
pela cidade e fiquei maravilhado com a transfiguração de uma cidade que
foi de Abecassis, Soares-filho, Sampaio e Santana antes de cair nas
mãos de Costa. Como sou absolutamente avesso a partidarismos, como
desconfio de camarilhas e curibecas, posso lavrar testemunho imparcial
do que me foi dado ver.
António Costa fez obra. Contrariando a
maledicência crónica, a má-fé, a verrina e o sarcasmo, coisas inventadas
entre nós pela "maldita geração de 70", encontro uma Lisboa capital
europeia. A cidade está irreconhecível, belíssima e ataviada com os
encantos que só os poetas nela viam nos terríveis anos - que foram
décadas - de vandalização metódica às mãos de edis que a odiaram,
prostituíram, queimaram e "monstrificaram". Eu não voto, nunca votei,
mas se um dia regressar, espero encontrar a presidência da CML o homem
que me reconciliou com a minha capital, que restituiu vida e me devolveu
a esperança no futuro do meu país. Sei que as pessoas não gostam de
ouvir de mim tais elogios, mas seria injusto se o não fizesse.
Publicada por
Combustões
em
20.6.10
4
comentários
Etiquetas:
António Costa
Lisboa
renascida
Não vivo em Lisboa há três anos, pelo que
perdi a habituação que cansa os olhos e torna espessa a vista. Aterrei
há dias, de passagem para visitar a família e realizar a última etapa de
uma investigação, longa de anos, que me levou ao Oriente e acabou por
me fixar em Banguecoque.
Lendo os blogues e os jornais em linha
disponíveis, acompanhando o estendal de escândalos, latrocínio e
impunidade que parecem ter-se fixado como condenação ao viver português,
confesso ter adiado vezes sem conta a hora do regresso, nauseado com a
putrefacção que sentia a milhares de quilómetros. Os ecos distantes
deste tempo sem tempo levam à desesperança e à renúncia, em tudo fazendo
recordar o terrível título de uma das mais dolorosas obras de António
Manuel Couto Viana, meu amigo de sempre que me pregou a partida de subir
aos céus dias antes da minha chegada: Ponto de não Regresso.
Nesse livrinho, Couto Viana comparava Portugal a uma vala, nove palmos
por três.
Porém, uma agradável surpresa aguardava-me.
Não encontrei uma Lisboa moribunda ou cadavérica, desfigurada,
maltrapilha e imunda como aquela que conheci. A nossa capital, aprumada,
enxuta, lavada, pintada, arborizada e digna parece contradizer o
pessimismo que vai na cabeça dos portugueses. Ontem passei longamente
pela cidade e fiquei maravilhado com a transfiguração de uma cidade que
foi de Abecassis, Soares-filho, Sampaio e Santana antes de cair nas
mãos de Costa. Como sou absolutamente avesso a partidarismos, como
desconfio de camarilhas e curibecas, posso lavrar testemunho imparcial
do que me foi dado ver.
António Costa fez obra. Contrariando a
maledicência crónica, a má-fé, a verrina e o sarcasmo, coisas inventadas
entre nós pela "maldita geração de 70", encontro uma Lisboa capital
europeia. A cidade está irreconhecível, belíssima e ataviada com os
encantos que só os poetas nela viam nos terríveis anos - que foram
décadas - de vandalização metódica às mãos de edis que a odiaram,
prostituíram, queimaram e "monstrificaram". Eu não voto, nunca votei,
mas se um dia regressar, espero encontrar a presidência da CML o homem
que me reconciliou com a minha capital, que restituiu vida e me devolveu
a esperança no futuro do meu país. Sei que as pessoas não gostam de
ouvir de mim tais elogios, mas seria injusto se o não fizesse.
Publicada por
Combustões
em
20.6.10
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Etiquetas:
António Costa
Vitor mango- Pontos : 117523
Re: Lisboa renascida
António Costa
fez obra. Contrariando a
maledicência crónica, a má-fé, a verrina e o
sarcasmo, coisas inventadas
entre nós pela "maldita geração de 70",
encontro uma Lisboa capital
europeia. A cidade está irreconhecível,
belíssima e ataviada com os
encantos que só os poetas nela viam nos
terríveis anos - que foram
décadas - de vandalização metódica às
mãos de edis que a odiaram,
prostituíram, queimaram e
"monstrificaram". Eu não voto, nunca votei,
mas se um dia regressar,
espero encontrar a presidência da CML o homem
que me reconciliou
com a minha capital, que restituiu vida e me devolveu
a esperança no
futuro do meu país. Sei que as pessoas não gostam de
ouvir de mim
tais elogios, mas seria injusto se o não fizesse.
Vitor mango- Pontos : 117523
Re: Lisboa renascida
nunca votei no Costa nem no Costinha mas gosto de um emigra gritar
Vitor mango- Pontos : 117523
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