Gonçalo Amaral é uma vergonha" no Expresso
+2
RONALDO ALMEIDA
Joaninhavoa
6 participantes
Vagueando na Notícia :: Salas das mesas de grandes debates de noticias :: Noticias observadas DAS GALAXIAS SOBRE O PLANETA TERRA
Página 1 de 1
Gonçalo Amaral é uma vergonha" no Expresso
Gonçalo Amaral é uma vergonha"
Na primeira entrevista desde que deixaram de ser suspeitos no desaparecimento da filha, Kate e Gerry McCann falam do relançamento da investigação, do medo que sentiram em Portugal e da certeza inabalável de que Madeleine foi raptada.
Raquel Moleiro e Rui Gustavo (entrevista) Rui Ochoa (fotos), enviados a Rothley
15:18 | Domingo, 7 de Set de 2008
Aumentar Texto Diminuir Texto Enviar por email Link para esta página Imprimir
Link permanente: x
"Gonçalo Amaral é uma vergonha" Sobre o livro de Gonçalo Amaral, os McCann dizem tratar-se de puro "enriquecimento ilícito"
Sobre o livro de Gonçalo Amaral, os McCann dizem tratar-se de puro "enriquecimento ilícito"
O que estão a fazer actualmente para encontrar Madeleine?
Gerry - Há vários meses que temos investigadores privados a trabalhar connosco. Agora que o caso foi arquivado é mais fácil, porque acedemos ao processo. Fizemos novas entrevistas a quem já tinha testemunhado. E entrevistámos outras que vieram ter connosco e que nunca tinham falado antes.
Kate - Como não sabíamos o que tinha sido feito pela PJ, repetimos tudo o que nos parecia importante.
As novas testemunhas dão pistas sobre o desaparecimento?
Gerry - Algumas relatam avistamentos, mas não é provável que conduzam à nossa filha. Estamos mais interessados nas pessoas que dão informações credíveis que podem ser verificadas através de fotografias ou de outra forma; pessoas que sabem quem possa estar envolvido.
Que impressão têm do processo? Ficaram chocados com o conteúdo?
Gerry - Fomos investigados ao mais ínfimo detalhe. Há volumes inteiros sobre nós. Esses podemos passar à frente. Deve ser informação inquietante, que não nos vai ajudar a encontrar a Madeleine.
Não acham que foi feito tudo o que era possível? A investigação chegou à Polónia, Holanda, Espanha, Marrocos...
Gerry - Marrocos é um bom exemplo do que correu mal. Foi reportado um avistamento e disse-se que havia câmaras na bomba de gasolina. Quando os inspectores foram lá concluíram que não havia. A verdade é que não havia na zona de abastecimento, mas na loja. E quando a PJ voltou a cassete tinha sido regravada.
Kate - É difícil descrever como é levarem-nos a nossa filha... Ansiamos por ver acção em todo o lado. Queríamos holofotes, queríamos helicópteros, queríamos toda a gente na rua à procura.
Se Madeleine tivesse desaparecido em Inglaterra tinha sido diferente?
Gerry - Se tivesse sido numa cidade britânica, não tenho dúvida. Mas não sei se teria sido diferente se estivéssemos numa pequena localidade da Escócia. Claramente, a polícia inglesa tem mais experiência em raptos, está mais alerta.
"Gonçalo Amaral é uma vergonha" “Nada no processo diz que Madeleine morreu", dizem os McCann
“Nada no processo diz que Madeleine morreu", dizem os McCann
Se tiverem uma pista importante sobre o paradeiro de Madeleine transmitem-na à polícia portuguesa?
Gerry - Se for preciso fazer algo em Portugal, tem de ser. Não podemos andar a arrombar portas ou a prender pessoas. Mas só quando sentirmos que sozinhos não podemos avançar mais.
Confiam nas autoridades portuguesas, depois de serem considerados suspeitos?
Gerry - Não nos importávamos se tivéssemos sido investigados logo no início, se achassem que isso ajudava. Mas meses depois, quando as provas tinham sido perdidas? É que uma vez instalada a suspeição, nunca mais conseguimos provar a inocência.
Não acharam estranho que os cães tenham encontrado vestígios de sangue no vosso quarto e no carro de aluguer...
Gerry - Não foi encontrado sangue! Os indícios não têm valor sem serem corroborados por informação forense. E não foram.
Foram investigados 40 apartamentos e os cães só sinalizaram o vosso. Dez carros e só reagiram ao vosso.
Gerry - A fragilidade destes cães foi provada num estudo realizado nos EUA, a propósito de um homem acusado de homicídio. Tinham dez quartos, e em cada um colocaram quatro caixas com vegetais, ossos, lixo. Algumas tinham restos humanos. Ficaram lá dez horas. Oito horas depois de terem tirado as caixas vieram os cães. E os cães erraram em dois terços das tentativas. Imaginem a fiabilidade quando estes cães testam um apartamento três meses depois do desaparecimento de uma criança.
Ficaram surpreendidos quando foram constituídos arguidos?
Kate - Não foi surpreendente depois de semanas com os "media" a dizerem que éramos suspeitos. E aí temos de perguntar porque é que a informação chegou deturpada aos "media". Por que dizem os jornais que foi encontrado sangue no apartamento quando o relatório da polícia não o confirma? Por que razão foi dito que o ADN encontrado no carro tinha uma exactidão de 100% com o de Madeleine?
Gerry - De certa forma gostaríamos de ter sido acusados para nos podermos defender abertamente. Agora, lendo o processo, não há qualquer prova que justifique a suspeita, a não ser a acção dos cães. Nunca houve uma explicação sustentada. E o interrogatório: 'O que é que aconteceu à Madeleine? Como se livraram dela? Quem vos ajudou? Onde a puseram?' Só fantasia! Se tivessem encontrado ADN - e depois? E se a Madeleine se tivesse magoado no apartamento - por que razão tinha de ser nossa culpa?
Investigam informações que apontem para a morte de Madeleine?
Kate - Queremos encontrá-la viva, mas se estiver morta queremos saber.
"Gonçalo Amaral é uma vergonha" O casal continua a usar as pulseiras amarelas, símbolo da sua busca por Maddie
O casal continua a usar as pulseiras amarelas, símbolo da sua busca por Maddie
Ainda acreditam que está viva?
Kate - Há grandes hipóteses de estar viva, não é? Não há nada no processo que indicie que algo de mau lhe aconteceu...
Mas também não há indícios de que tenha sido raptada.
Gerry - Acreditamos firmemente que ela foi raptada por um homem, minutos depois de eu a ter ido ver ao quarto. Há duas testemunhas independentes que viram uma criança com cerca de quatro anos a ser transportada naquela noite. A nossa amiga Jane Tanner viu e a família Smith também.
A PJ desacredita o testemunho de Jane Tanner. Diz que quando ela viu o dito homem com a criança, o Gerry estava a conversar nas imediações e era impossível que não tivesse visto também...
Gerry - Eu não a vi foi porque estava de costas para o local por onde ela passou. Estava a falar com um amigo. E há também o casal com as crianças que viu um homem a levar uma criança com um pijama semelhante ao de Madeleine, cabelo louro, da mesma idade.
Mais tarde essa família afirmou que o homem que tinham visto era o Gerry...
Gerry - A essa hora eu estava no restaurante. O facto de nos termos tornado suspeitos terá influenciado o testemunho dos Smith.
Foi uma coincidência terem sido constituídos arguidos num dia e terem regressado a casa no seguinte?
Gerry - Interrogaram-nos nesse dia porque a PJ sabia do nosso regresso.
Tiveram medo de ser presos?
Kate - Obviamente. A certa altura não sabíamos bem o que podia acontecer.
Gerry - Pela informação nos jornais, é claro que tivemos medo. Foi assustador.
Estando em Inglaterra já não seriam extraditados.
Gerry - Nós perguntámos ao inspector encarregue do caso se tinha alguma objecção: a resposta foi não. É claro que receámos que as pessoas pudessem pensar que estávamos a fugir, mas era melhor não estar em Portugal naquela altura.
Porquê?
Kate - Por causa do ambiente hostil. Nem podíamos sair de casa.
Porque é que, durante o interrogatório, a Kate recusou responder a perguntas que no dia seguinte Gerry aceitou esclarecer?
Kate - Fui aconselhada pelo meu advogado português a não responder.
Gerry - Eu recebi o mesmo conselho mas decidi desobedecer. O meu plano era ficar calado, mas a primeira pergunta foi: está envolvido no desaparecimento da sua filha? Era um disparate e decidi responder. A partir daí respondi a todas.
Por que razão não autorizaram que a polícia visse as mensagens que mandou e recebeu no telemóvel na véspera do desaparecimento de Maddie.
Gerry - Ninguém pediu para ver as minhas mensagens. Na véspera e no dia do desaparecimento não recebi nem mandei 16 mensagens. Mal sabia escrever sms. Recebi umas três ou quatro chamadas e duas foram do trabalho. Depois do desaparecimento recebi centenas. E quando a polícia me pediu o registo disse-lhes para pedirem à operadora. O meu telefone só regista as últimas dez.
O inspector-chefe do caso, Tavares de Almeida, escreve um relatório onde diz que os vossos amigos mentiram para vos salvar, que a Maddie morreu na sala, e que vocês esconderam o corpo.
Gerry - O que é que podemos dizer? Terá de perguntar aos responsáveis da polícia porque é que escreveram isso, porque é que nos viram como suspeitos.
A maioria dos crimes onde as vítimas são crianças são cometidos pelos pais.
Gerry - Não no caso de crianças raptadas. E este é o caso de uma criança raptada. É um caso excepcional.
Ao arquivar, o procurador diz que a investigação pode ser reaberta caso apareça uma nova pista. Acham possível?
Kate - Claro! Pode acontecer a qualquer momento. Basta que uma pessoa faça o telefonema que tanto esperamos. Sabemos que ela foi raptada em Portugal e acreditamos veementemente que alguém saiba ou suspeite de alguma coisa.
'O comportamento do sr. Amaral é uma vergonha'
O ex-inspector Gonçalo Amaral continua convicto do vosso envolvimento no desaparecimento de Madeleine. Leram 'A Verdade da Mentira', o livro que ele escreveu?
Kate e Gerry - Não.
Kate - Porque leria?
Gerry - Não vou aprender nada ao lê-lo.
Em Portugal, foi um sucesso.
Gerry - Foi? Vendeu quantas cópias?
Cerca de 200 mil. Na próxima semana é editado em Espanha.
Gerry - É o que se pode chamar enriquecimento ilícito.
Os vossos advogados ingleses já têm uma cópia traduzida e estão a analisá-la. Tencionam processar judicialmente Gonçalo Amaral?
Gerry - Neste momento estamos focados naquilo que podemos fazer para encontrar Madeleine e não em processar seja quem for.
Kate - Tudo o que vou dizer sobre isto - porque não vou perder tempo com o sr. Amaral - é que como profissional e como pessoa o seu comportamento tem sido uma vergonha.
Não têm curiosidade em saber o que diz o livro?
Kate - Para quê? Deve ser só um monte de disparates. É tão secundário... Não vai, certamente, ajudar a encontrar a nossa filha. Serve-me de consolo que na capa chama-lhe Maddie, o nome que a comunicação social inventou. Nós nunca lhe chamámos tal coisa.
Mas conhecem a teoria que Gonçalo Amaral defende: Maddie morreu, acidentalmente, no apartamento do The Ocean Club e vocês ocultaram o corpo.
Gerry - É mesmo uma perda de tempo. E nós precisamos de todo o tempo possível para analisar os documentos da investigação, que têm imensa informação que desconhecíamos.
Kate - Basta cruzar, por alto, a teoria dele com o processo para perceber que os factos que relata estão incorrectos.
Há uma tese que defende que o coordenador foi afastado da investigação por pressões políticas britânicas.
Gerry - Quem é que o demitiu?
O director nacional da PJ.
Gerry - Então, tem de lhe perguntar se foi pressionado. Ou se o Gordon Brown discutiu o caso com ele. De certeza que não.
Também se demitiu. E muito por acção deste processo.
Gerry - Não foi o que me constou. Aparentemente tinha uma visão diferente do ministro da Justiça sobre a própria polícia.
Em última análise ambos saíram da PJ porque a investigação falhou.
Gerry - Não é culpa nossa. Eu não critico as autoridades por não terem tentado encontrar a Madeleine. Já não interessa. Agora só nos importa fazermos tudo para a tentar encontrar, pelos nossos meios.
Chegaram a conhecer Gonçalo Amaral?
Kate - A pergunta é ao contrário: ele chegou a conhecer-nos?
Há fotos dela por toda a casa
Gerry voltou a trabalhar como cardiologista, Kate não mais exerceu medicina. Os gémeos Sean e Amelie enchem os seus dias de mãe.
Como mudou a vossa vida com o desaparecimento da Madeleine?
Gerry - Independentemente do que venha a acontecer, nunca mais será a mesma. Se falarem com outros pais de crianças raptadas, eles também referem esta vida paralela em que entrámos. O Sean e a Amelie, por serem tão pequenos, obrigam-nos a incutir uma certa normalidade na nossa vida, a fazê-la normal por eles. E são eles que, por instantes, a tornam normal para nós. Mas para nós nunca será normal. Eles têm três anos e meio e são muito, muito felizes.
Explicaram aos gémeos o que aconteceu à irmã?
Kate - Eles apercebem-se perfeitamente da ausência de Madeleine. Não tenho qualquer dúvida. Mas não sabem pormenores. Sabem que desapareceu e que estamos à procura dela.
Gerry - Fomos aconselhados sobre o que devíamos dizer-lhes, como e quando. Maiores explicações estão guardadas para mais tarde. Percebemos que sentem a falta da irmã mais velha. Sabem que não é uma coisa boa ela não estar connosco, e têm esperança de que volte.
Como é que mantêm a Madeleine presente nas vossas vidas?
Kate - Há fotografias dela por toda a casa. E todos os dias falamos com os gémeos sobre ela - é uma parte importante da vida deles. O Sean e a Amelie falam dela e ainda a incluem nas suas brincadeiras... Se recebem doces, dizem "Vamos guardar um para a Madeleine". Ou "Quando ela chegar a casa vou dar-lhe isto ou aquilo". É ternurento e torna os nossos dias menos difíceis.
Temeram ficar sem a custódia do Sean e da Amelie por terem tido um comportamento apontado como negligente?
Gerry - Não fomos negligentes, fizemos o que qualquer pai razoável faria. Mas lamentamos profundamente o que aconteceu, porque alguém viu na nossa actuação uma oportunidade para levar Madeleine. Eu sou uma pessoa optimista. Nunca pensaria que uma coisa destas pudesse acontecer.
Mudaram a maneira de lidar com o Sean e a Amelie?
Gerry - Somos mais protectores e menos confiantes. Não voltámos a deixar os nossos filhos sozinhos e muitas famílias não mais o farão por causa de nós. Kate - Agora pensamos em tudo o que pode acontecer, em predadores, raptores. No "shopping" nem os largamos.
conseguimos provar a inocência".
que está morta. Os volumes sobre eles, da altura em que foram arguidos, já os colocaram de lado. "Não tencionamos lê-los". Lembram-lhes os dias em que tiveram medo de ficar presos em Portugal, acusados da morte de Madeleine.
Fundo FindMadeleine: €1.200.000
McCann dizem que o Fundo já gastou €1,2 milhões com a investigação privada. Mas mantém-se a recompensa de €3 milhões
Quanto gastaram, até agora, na investigação privada?
Gerry - Cerca de um milhão de libras, nos últimos dez meses, pagos com dinheiro do fundo FindMadeleine. Na nossa defesa também foi gasta uma soma substancial, mas dois benfeitores asseguraram a despesa, o que significa que o fundo só foi usado na procura da nossa filha.
Mantêm a oferta de 2,5 milhões de libras a quem encontrar Madeleine?
Gerry - Não controlamos essa recompensa, mas tudo me leva a crer que se mantém. E que haverá também dinheiro disponível para quem forneça informações credíveis
Kate - É muito dinheiro, mas não podemos estabelecer limites, uma criança não tem preço. Pagamos o que tiver que ser.
Ainda há dinheiro no fundo?
Gerry - Ainda resta algum dinheiro. Recentemente, os jornais britânicos ('Express newspapers') pagaram-nos uma indemnização de 550 mil libras, que alimentou o fundo. Isso teve um impacto importante. E continua a haver doações, pessoas que enviam dinheiro directamente.
Mas menos do que no início, antes de serem constituídos arguidos.
Gerry - Claro! Quem ficou com dúvidas deixou de contribuir. Muitos escrevem-nos a pedir desculpa por terem acreditado na nossa culpa. Sabemos que temos que nos esforçar para que as pessoas saibam que não há provas de que Madeleine está morta e que nós não estivemos envolvidos no desaparecimento.
Artigo publicado na edição impressa do Expresso de 6 de Setembro de 2008, 1º Caderno, páginas 24, 25 e 26.
Na primeira entrevista desde que deixaram de ser suspeitos no desaparecimento da filha, Kate e Gerry McCann falam do relançamento da investigação, do medo que sentiram em Portugal e da certeza inabalável de que Madeleine foi raptada.
Raquel Moleiro e Rui Gustavo (entrevista) Rui Ochoa (fotos), enviados a Rothley
15:18 | Domingo, 7 de Set de 2008
Aumentar Texto Diminuir Texto Enviar por email Link para esta página Imprimir
Link permanente: x
"Gonçalo Amaral é uma vergonha" Sobre o livro de Gonçalo Amaral, os McCann dizem tratar-se de puro "enriquecimento ilícito"
Sobre o livro de Gonçalo Amaral, os McCann dizem tratar-se de puro "enriquecimento ilícito"
O que estão a fazer actualmente para encontrar Madeleine?
Gerry - Há vários meses que temos investigadores privados a trabalhar connosco. Agora que o caso foi arquivado é mais fácil, porque acedemos ao processo. Fizemos novas entrevistas a quem já tinha testemunhado. E entrevistámos outras que vieram ter connosco e que nunca tinham falado antes.
Kate - Como não sabíamos o que tinha sido feito pela PJ, repetimos tudo o que nos parecia importante.
As novas testemunhas dão pistas sobre o desaparecimento?
Gerry - Algumas relatam avistamentos, mas não é provável que conduzam à nossa filha. Estamos mais interessados nas pessoas que dão informações credíveis que podem ser verificadas através de fotografias ou de outra forma; pessoas que sabem quem possa estar envolvido.
Que impressão têm do processo? Ficaram chocados com o conteúdo?
Gerry - Fomos investigados ao mais ínfimo detalhe. Há volumes inteiros sobre nós. Esses podemos passar à frente. Deve ser informação inquietante, que não nos vai ajudar a encontrar a Madeleine.
Não acham que foi feito tudo o que era possível? A investigação chegou à Polónia, Holanda, Espanha, Marrocos...
Gerry - Marrocos é um bom exemplo do que correu mal. Foi reportado um avistamento e disse-se que havia câmaras na bomba de gasolina. Quando os inspectores foram lá concluíram que não havia. A verdade é que não havia na zona de abastecimento, mas na loja. E quando a PJ voltou a cassete tinha sido regravada.
Kate - É difícil descrever como é levarem-nos a nossa filha... Ansiamos por ver acção em todo o lado. Queríamos holofotes, queríamos helicópteros, queríamos toda a gente na rua à procura.
Se Madeleine tivesse desaparecido em Inglaterra tinha sido diferente?
Gerry - Se tivesse sido numa cidade britânica, não tenho dúvida. Mas não sei se teria sido diferente se estivéssemos numa pequena localidade da Escócia. Claramente, a polícia inglesa tem mais experiência em raptos, está mais alerta.
"Gonçalo Amaral é uma vergonha" “Nada no processo diz que Madeleine morreu", dizem os McCann
“Nada no processo diz que Madeleine morreu", dizem os McCann
Se tiverem uma pista importante sobre o paradeiro de Madeleine transmitem-na à polícia portuguesa?
Gerry - Se for preciso fazer algo em Portugal, tem de ser. Não podemos andar a arrombar portas ou a prender pessoas. Mas só quando sentirmos que sozinhos não podemos avançar mais.
Confiam nas autoridades portuguesas, depois de serem considerados suspeitos?
Gerry - Não nos importávamos se tivéssemos sido investigados logo no início, se achassem que isso ajudava. Mas meses depois, quando as provas tinham sido perdidas? É que uma vez instalada a suspeição, nunca mais conseguimos provar a inocência.
Não acharam estranho que os cães tenham encontrado vestígios de sangue no vosso quarto e no carro de aluguer...
Gerry - Não foi encontrado sangue! Os indícios não têm valor sem serem corroborados por informação forense. E não foram.
Foram investigados 40 apartamentos e os cães só sinalizaram o vosso. Dez carros e só reagiram ao vosso.
Gerry - A fragilidade destes cães foi provada num estudo realizado nos EUA, a propósito de um homem acusado de homicídio. Tinham dez quartos, e em cada um colocaram quatro caixas com vegetais, ossos, lixo. Algumas tinham restos humanos. Ficaram lá dez horas. Oito horas depois de terem tirado as caixas vieram os cães. E os cães erraram em dois terços das tentativas. Imaginem a fiabilidade quando estes cães testam um apartamento três meses depois do desaparecimento de uma criança.
Ficaram surpreendidos quando foram constituídos arguidos?
Kate - Não foi surpreendente depois de semanas com os "media" a dizerem que éramos suspeitos. E aí temos de perguntar porque é que a informação chegou deturpada aos "media". Por que dizem os jornais que foi encontrado sangue no apartamento quando o relatório da polícia não o confirma? Por que razão foi dito que o ADN encontrado no carro tinha uma exactidão de 100% com o de Madeleine?
Gerry - De certa forma gostaríamos de ter sido acusados para nos podermos defender abertamente. Agora, lendo o processo, não há qualquer prova que justifique a suspeita, a não ser a acção dos cães. Nunca houve uma explicação sustentada. E o interrogatório: 'O que é que aconteceu à Madeleine? Como se livraram dela? Quem vos ajudou? Onde a puseram?' Só fantasia! Se tivessem encontrado ADN - e depois? E se a Madeleine se tivesse magoado no apartamento - por que razão tinha de ser nossa culpa?
Investigam informações que apontem para a morte de Madeleine?
Kate - Queremos encontrá-la viva, mas se estiver morta queremos saber.
"Gonçalo Amaral é uma vergonha" O casal continua a usar as pulseiras amarelas, símbolo da sua busca por Maddie
O casal continua a usar as pulseiras amarelas, símbolo da sua busca por Maddie
Ainda acreditam que está viva?
Kate - Há grandes hipóteses de estar viva, não é? Não há nada no processo que indicie que algo de mau lhe aconteceu...
Mas também não há indícios de que tenha sido raptada.
Gerry - Acreditamos firmemente que ela foi raptada por um homem, minutos depois de eu a ter ido ver ao quarto. Há duas testemunhas independentes que viram uma criança com cerca de quatro anos a ser transportada naquela noite. A nossa amiga Jane Tanner viu e a família Smith também.
A PJ desacredita o testemunho de Jane Tanner. Diz que quando ela viu o dito homem com a criança, o Gerry estava a conversar nas imediações e era impossível que não tivesse visto também...
Gerry - Eu não a vi foi porque estava de costas para o local por onde ela passou. Estava a falar com um amigo. E há também o casal com as crianças que viu um homem a levar uma criança com um pijama semelhante ao de Madeleine, cabelo louro, da mesma idade.
Mais tarde essa família afirmou que o homem que tinham visto era o Gerry...
Gerry - A essa hora eu estava no restaurante. O facto de nos termos tornado suspeitos terá influenciado o testemunho dos Smith.
Foi uma coincidência terem sido constituídos arguidos num dia e terem regressado a casa no seguinte?
Gerry - Interrogaram-nos nesse dia porque a PJ sabia do nosso regresso.
Tiveram medo de ser presos?
Kate - Obviamente. A certa altura não sabíamos bem o que podia acontecer.
Gerry - Pela informação nos jornais, é claro que tivemos medo. Foi assustador.
Estando em Inglaterra já não seriam extraditados.
Gerry - Nós perguntámos ao inspector encarregue do caso se tinha alguma objecção: a resposta foi não. É claro que receámos que as pessoas pudessem pensar que estávamos a fugir, mas era melhor não estar em Portugal naquela altura.
Porquê?
Kate - Por causa do ambiente hostil. Nem podíamos sair de casa.
Porque é que, durante o interrogatório, a Kate recusou responder a perguntas que no dia seguinte Gerry aceitou esclarecer?
Kate - Fui aconselhada pelo meu advogado português a não responder.
Gerry - Eu recebi o mesmo conselho mas decidi desobedecer. O meu plano era ficar calado, mas a primeira pergunta foi: está envolvido no desaparecimento da sua filha? Era um disparate e decidi responder. A partir daí respondi a todas.
Por que razão não autorizaram que a polícia visse as mensagens que mandou e recebeu no telemóvel na véspera do desaparecimento de Maddie.
Gerry - Ninguém pediu para ver as minhas mensagens. Na véspera e no dia do desaparecimento não recebi nem mandei 16 mensagens. Mal sabia escrever sms. Recebi umas três ou quatro chamadas e duas foram do trabalho. Depois do desaparecimento recebi centenas. E quando a polícia me pediu o registo disse-lhes para pedirem à operadora. O meu telefone só regista as últimas dez.
O inspector-chefe do caso, Tavares de Almeida, escreve um relatório onde diz que os vossos amigos mentiram para vos salvar, que a Maddie morreu na sala, e que vocês esconderam o corpo.
Gerry - O que é que podemos dizer? Terá de perguntar aos responsáveis da polícia porque é que escreveram isso, porque é que nos viram como suspeitos.
A maioria dos crimes onde as vítimas são crianças são cometidos pelos pais.
Gerry - Não no caso de crianças raptadas. E este é o caso de uma criança raptada. É um caso excepcional.
Ao arquivar, o procurador diz que a investigação pode ser reaberta caso apareça uma nova pista. Acham possível?
Kate - Claro! Pode acontecer a qualquer momento. Basta que uma pessoa faça o telefonema que tanto esperamos. Sabemos que ela foi raptada em Portugal e acreditamos veementemente que alguém saiba ou suspeite de alguma coisa.
'O comportamento do sr. Amaral é uma vergonha'
O ex-inspector Gonçalo Amaral continua convicto do vosso envolvimento no desaparecimento de Madeleine. Leram 'A Verdade da Mentira', o livro que ele escreveu?
Kate e Gerry - Não.
Kate - Porque leria?
Gerry - Não vou aprender nada ao lê-lo.
Em Portugal, foi um sucesso.
Gerry - Foi? Vendeu quantas cópias?
Cerca de 200 mil. Na próxima semana é editado em Espanha.
Gerry - É o que se pode chamar enriquecimento ilícito.
Os vossos advogados ingleses já têm uma cópia traduzida e estão a analisá-la. Tencionam processar judicialmente Gonçalo Amaral?
Gerry - Neste momento estamos focados naquilo que podemos fazer para encontrar Madeleine e não em processar seja quem for.
Kate - Tudo o que vou dizer sobre isto - porque não vou perder tempo com o sr. Amaral - é que como profissional e como pessoa o seu comportamento tem sido uma vergonha.
Não têm curiosidade em saber o que diz o livro?
Kate - Para quê? Deve ser só um monte de disparates. É tão secundário... Não vai, certamente, ajudar a encontrar a nossa filha. Serve-me de consolo que na capa chama-lhe Maddie, o nome que a comunicação social inventou. Nós nunca lhe chamámos tal coisa.
Mas conhecem a teoria que Gonçalo Amaral defende: Maddie morreu, acidentalmente, no apartamento do The Ocean Club e vocês ocultaram o corpo.
Gerry - É mesmo uma perda de tempo. E nós precisamos de todo o tempo possível para analisar os documentos da investigação, que têm imensa informação que desconhecíamos.
Kate - Basta cruzar, por alto, a teoria dele com o processo para perceber que os factos que relata estão incorrectos.
Há uma tese que defende que o coordenador foi afastado da investigação por pressões políticas britânicas.
Gerry - Quem é que o demitiu?
O director nacional da PJ.
Gerry - Então, tem de lhe perguntar se foi pressionado. Ou se o Gordon Brown discutiu o caso com ele. De certeza que não.
Também se demitiu. E muito por acção deste processo.
Gerry - Não foi o que me constou. Aparentemente tinha uma visão diferente do ministro da Justiça sobre a própria polícia.
Em última análise ambos saíram da PJ porque a investigação falhou.
Gerry - Não é culpa nossa. Eu não critico as autoridades por não terem tentado encontrar a Madeleine. Já não interessa. Agora só nos importa fazermos tudo para a tentar encontrar, pelos nossos meios.
Chegaram a conhecer Gonçalo Amaral?
Kate - A pergunta é ao contrário: ele chegou a conhecer-nos?
Há fotos dela por toda a casa
Gerry voltou a trabalhar como cardiologista, Kate não mais exerceu medicina. Os gémeos Sean e Amelie enchem os seus dias de mãe.
Como mudou a vossa vida com o desaparecimento da Madeleine?
Gerry - Independentemente do que venha a acontecer, nunca mais será a mesma. Se falarem com outros pais de crianças raptadas, eles também referem esta vida paralela em que entrámos. O Sean e a Amelie, por serem tão pequenos, obrigam-nos a incutir uma certa normalidade na nossa vida, a fazê-la normal por eles. E são eles que, por instantes, a tornam normal para nós. Mas para nós nunca será normal. Eles têm três anos e meio e são muito, muito felizes.
Explicaram aos gémeos o que aconteceu à irmã?
Kate - Eles apercebem-se perfeitamente da ausência de Madeleine. Não tenho qualquer dúvida. Mas não sabem pormenores. Sabem que desapareceu e que estamos à procura dela.
Gerry - Fomos aconselhados sobre o que devíamos dizer-lhes, como e quando. Maiores explicações estão guardadas para mais tarde. Percebemos que sentem a falta da irmã mais velha. Sabem que não é uma coisa boa ela não estar connosco, e têm esperança de que volte.
Como é que mantêm a Madeleine presente nas vossas vidas?
Kate - Há fotografias dela por toda a casa. E todos os dias falamos com os gémeos sobre ela - é uma parte importante da vida deles. O Sean e a Amelie falam dela e ainda a incluem nas suas brincadeiras... Se recebem doces, dizem "Vamos guardar um para a Madeleine". Ou "Quando ela chegar a casa vou dar-lhe isto ou aquilo". É ternurento e torna os nossos dias menos difíceis.
Temeram ficar sem a custódia do Sean e da Amelie por terem tido um comportamento apontado como negligente?
Gerry - Não fomos negligentes, fizemos o que qualquer pai razoável faria. Mas lamentamos profundamente o que aconteceu, porque alguém viu na nossa actuação uma oportunidade para levar Madeleine. Eu sou uma pessoa optimista. Nunca pensaria que uma coisa destas pudesse acontecer.
Mudaram a maneira de lidar com o Sean e a Amelie?
Gerry - Somos mais protectores e menos confiantes. Não voltámos a deixar os nossos filhos sozinhos e muitas famílias não mais o farão por causa de nós. Kate - Agora pensamos em tudo o que pode acontecer, em predadores, raptores. No "shopping" nem os largamos.
conseguimos provar a inocência".
que está morta. Os volumes sobre eles, da altura em que foram arguidos, já os colocaram de lado. "Não tencionamos lê-los". Lembram-lhes os dias em que tiveram medo de ficar presos em Portugal, acusados da morte de Madeleine.
Fundo FindMadeleine: €1.200.000
McCann dizem que o Fundo já gastou €1,2 milhões com a investigação privada. Mas mantém-se a recompensa de €3 milhões
Quanto gastaram, até agora, na investigação privada?
Gerry - Cerca de um milhão de libras, nos últimos dez meses, pagos com dinheiro do fundo FindMadeleine. Na nossa defesa também foi gasta uma soma substancial, mas dois benfeitores asseguraram a despesa, o que significa que o fundo só foi usado na procura da nossa filha.
Mantêm a oferta de 2,5 milhões de libras a quem encontrar Madeleine?
Gerry - Não controlamos essa recompensa, mas tudo me leva a crer que se mantém. E que haverá também dinheiro disponível para quem forneça informações credíveis
Kate - É muito dinheiro, mas não podemos estabelecer limites, uma criança não tem preço. Pagamos o que tiver que ser.
Ainda há dinheiro no fundo?
Gerry - Ainda resta algum dinheiro. Recentemente, os jornais britânicos ('Express newspapers') pagaram-nos uma indemnização de 550 mil libras, que alimentou o fundo. Isso teve um impacto importante. E continua a haver doações, pessoas que enviam dinheiro directamente.
Mas menos do que no início, antes de serem constituídos arguidos.
Gerry - Claro! Quem ficou com dúvidas deixou de contribuir. Muitos escrevem-nos a pedir desculpa por terem acreditado na nossa culpa. Sabemos que temos que nos esforçar para que as pessoas saibam que não há provas de que Madeleine está morta e que nós não estivemos envolvidos no desaparecimento.
Artigo publicado na edição impressa do Expresso de 6 de Setembro de 2008, 1º Caderno, páginas 24, 25 e 26.
Joaninhavoa- Pontos : 122
Re: Gonçalo Amaral é uma vergonha" no Expresso
Este é um bom tema para uma analise nesta forum
Joaninhavoa- Pontos : 122
Re: Gonçalo Amaral é uma vergonha" no Expresso
Sobre o livro de Gonçalo Amaral, os McCann dizem tratar-se de puro "enriquecimento ilícito"
Quando se fazem afirmações destas, é preciso ter cuidado.
O Dr. Gonçalo Amaral foi afastado do caso por questões políticas. Sentiu o seu bom nome ofendido, e decidiu escrever um livro para repor esse mesmo bom nome. Claro que, com a mediatização do caso, ninguém estava à espera que o livro não fosse outra coisa que não um sucesso de vendas.
É comum oferecer-se uma verba avultada por informações, ou pela criança, viva ou morta, desde que se disponha de fortuna suficiente para isso. Mas o casal McCann, aparentemente, não dispunha, e decidiu criar um fundo internacional de apoio para a procura da sua filha desaparecida. Mas, para tal, tiveram de mediatizar ainda mais o caso, o que pode ter complicado, ou mesmo comprometido, as investigações. Foram ainda buscar um assessor de imprensa de topo, para tratar dos assuntos e imagem junto dos média.
Este tipo de iniciativas também não é comum, e a certa altura, os próprios McCann foram "acusados" de querer enriquecer à custa do desaparecimento da filha.
Não acham que foi feito tudo o que era possível? A investigação chegou à Polónia, Holanda, Espanha, Marrocos...
Gerry - Marrocos é um bom exemplo do que correu mal. Foi reportado um avistamento e disse-se que havia câmaras na bomba de gasolina. Quando os inspectores foram lá concluíram que não havia. A verdade é que não havia na zona de abastecimento, mas na loja. E quando a PJ voltou a cassete tinha sido regravada.
Kate - É difícil descrever como é levarem-nos a nossa filha... Ansiamos por ver acção em todo o lado. Queríamos holofotes, queríamos helicópteros, queríamos toda a gente na rua à procura.
E que culpa tem a PJ que as bombas de gasolina em Marrocos só tenham câmaras nas lojas e não no exterior? E que culpa tem a PJ que a cassete tenha sido regravada?
Quantas crianças portuguesas já desapareceram, e infelizmente não tiveram direito a nem 1/10 das atenções que a Madeleine teve? Não estou a dizer que as atenções que a Madeleine teve foram despropositadas. Se calhar não foram. O que terá então sido despropositado foram as atenções que as restantes vítimas de "rapto" tiveram. Só porque são ingleses não têm mais direito que as outras crianças.
Se Madeleine tivesse desaparecido em Inglaterra tinha sido diferente?
Gerry - Se tivesse sido numa cidade britânica, não tenho dúvida. Mas não sei se teria sido diferente se estivéssemos numa pequena localidade da Escócia. Claramente, a polícia inglesa tem mais experiência em raptos, está mais alerta.
"Gonçalo Amaral é uma vergonha" “Nada no processo diz que Madeleine morreu", dizem os McCann
Mais uma vez, o denegrir da imagem da PJ. Teria sido mesmo diferente? E se fosse num aldeamento turístico em Inglaterra? Também a polícia britânica teria actuado logo e de forma célere e eficaz?
Ou teria sido diferente se os pais não tivessem deixado os filhos sozinhos em casa a dormir para irem jantar fora? Ou se os tivessem deixado num 3º ou 4º andar? E se tinham capacidade económica, porque não contrataram os serviços de uma baby sitter?
Quanto a nada no processo dizer que Madeleine morreu, tanto quanto li, também nada diz que está viva. O livro do Dr. Gonçalo Amaral relata factos, e exprime a sua convicção perante as provas existentes. Ou seja, ele não afirma que morreu, antes diz que, é sua convicção que Madeleine morreu naquela noite, no interior do quarto, com base nos dados que a PJ possui da investigação efectuada.
A PJ desacredita o testemunho de Jane Tanner. Diz que quando ela viu o dito homem com a criança, o Gerry estava a conversar nas imediações e era impossível que não tivesse visto também...
Gerry - Eu não a vi foi porque estava de costas para o local por onde ela passou. Estava a falar com um amigo. E há também o casal com as crianças que viu um homem a levar uma criança com um pijama semelhante ao de Madeleine, cabelo louro, da mesma idade.
E a Jane Tanner não grita, e o pai não se vira?
E se estava de costas a falar com um amigo, para onde estava o amigo virado?
Quando falamos com alguém, normalmente não estamos de lado um para o outro a olhar em frente.
Foram investigados 40 apartamentos e os cães só sinalizaram o vosso. Dez carros e só reagiram ao vosso.
Gerry - A fragilidade destes cães foi provada num estudo realizado nos EUA, a propósito de um homem acusado de homicídio. Tinham dez quartos, e em cada um colocaram quatro caixas com vegetais, ossos, lixo. Algumas tinham restos humanos. Ficaram lá dez horas. Oito horas depois de terem tirado as caixas vieram os cães. E os cães erraram em dois terços das tentativas. Imaginem a fiabilidade quando estes cães testam um apartamento três meses depois do desaparecimento de uma criança.
Talvez a fragilidade do caso tenha sido mesmo essa. Demorar demasiado tempo para seguir uma outra linha de investigação, que incluía a morte da criança no dia do seu desaparecimento. De resto, essa culpa foi já assumida pelo Dr. Gonçalo Amaral, que confessou que o casal McCann foi levado em "paninhos" durante toda a investigação.
De qualquer modo, não consta que o carro dos McCann, nem a casa, tivessem caixas com vegetais, ossos e lixo. Por isso, o trabalho dos cães deve ter sido muito mais fácil.
A menos que a criança apareça viva num canto do mundo, ou os seus restos mortais sejam descobertos algures, nunca se vai saber o que aconteceu, nem quem foram os culpados.
Na minha opinião, se foi rapto, a criança está tão longe e tão diferente do que era, que só daqui a uns anos ligará a sua pessoa aos acontecimentos ocorridos na Praia da Luz. Se foi homicídio, acidental ou não, e cometido seja por quem for, o cadáver há-de ter sido tão bem escondido, que a esta hora é pouco provável que venha a ser encontrado.
Mas, pergunto eu: se o casal McCann fosse português, de poucas posses, vivesse nos quintos dos infernos, e não tivesse um assessor de imprensa como o que tem, será que a esta hora não estaria indiciado de crime de abandono por negligência?
Red Devil- Pontos : 0
Re: Gonçalo Amaral é uma vergonha" no Expresso
Red Devil escreveu:Sobre o livro de Gonçalo Amaral, os McCann dizem tratar-se de puro "enriquecimento ilícito"
Quando se fazem afirmações destas, é preciso ter cuidado.
O Dr. Gonçalo Amaral foi afastado do caso por questões políticas. Sentiu o seu bom nome ofendido, e decidiu escrever um livro para repor esse mesmo bom nome. Claro que, com a mediatização do caso, ninguém estava à espera que o livro não fosse outra coisa que não um sucesso de vendas.
É comum oferecer-se uma verba avultada por informações, ou pela criança, viva ou morta, desde que se disponha de fortuna suficiente para isso. Mas o casal McCann, aparentemente, não dispunha, e decidiu criar um fundo internacional de apoio para a procura da sua filha desaparecida. Mas, para tal, tiveram de mediatizar ainda mais o caso, o que pode ter complicado, ou mesmo comprometido, as investigações. Foram ainda buscar um assessor de imprensa de topo, para tratar dos assuntos e imagem junto dos média.
Este tipo de iniciativas também não é comum, e a certa altura, os próprios McCann foram "acusados" de querer enriquecer à custa do desaparecimento da filha.Não acham que foi feito tudo o que era possível? A investigação chegou à Polónia, Holanda, Espanha, Marrocos...
Gerry - Marrocos é um bom exemplo do que correu mal. Foi reportado um avistamento e disse-se que havia câmaras na bomba de gasolina. Quando os inspectores foram lá concluíram que não havia. A verdade é que não havia na zona de abastecimento, mas na loja. E quando a PJ voltou a cassete tinha sido regravada.
Kate - É difícil descrever como é levarem-nos a nossa filha... Ansiamos por ver acção em todo o lado. Queríamos holofotes, queríamos helicópteros, queríamos toda a gente na rua à procura.
E que culpa tem a PJ que as bombas de gasolina em Marrocos só tenham câmaras nas lojas e não no exterior? E que culpa tem a PJ que a cassete tenha sido regravada?
Quantas crianças portuguesas já desapareceram, e infelizmente não tiveram direito a nem 1/10 das atenções que a Madeleine teve? Não estou a dizer que as atenções que a Madeleine teve foram despropositadas. Se calhar não foram. O que terá então sido despropositado foram as atenções que as restantes vítimas de "rapto" tiveram. Só porque são ingleses não têm mais direito que as outras crianças.Se Madeleine tivesse desaparecido em Inglaterra tinha sido diferente?
Gerry - Se tivesse sido numa cidade britânica, não tenho dúvida. Mas não sei se teria sido diferente se estivéssemos numa pequena localidade da Escócia. Claramente, a polícia inglesa tem mais experiência em raptos, está mais alerta.
"Gonçalo Amaral é uma vergonha" “Nada no processo diz que Madeleine morreu", dizem os McCann
Mais uma vez, o denegrir da imagem da PJ. Teria sido mesmo diferente? E se fosse num aldeamento turístico em Inglaterra? Também a polícia britânica teria actuado logo e de forma célere e eficaz?
Ou teria sido diferente se os pais não tivessem deixado os filhos sozinhos em casa a dormir para irem jantar fora? Ou se os tivessem deixado num 3º ou 4º andar? E se tinham capacidade económica, porque não contrataram os serviços de uma baby sitter?
Quanto a nada no processo dizer que Madeleine morreu, tanto quanto li, também nada diz que está viva. O livro do Dr. Gonçalo Amaral relata factos, e exprime a sua convicção perante as provas existentes. Ou seja, ele não afirma que morreu, antes diz que, é sua convicção que Madeleine morreu naquela noite, no interior do quarto, com base nos dados que a PJ possui da investigação efectuada.A PJ desacredita o testemunho de Jane Tanner. Diz que quando ela viu o dito homem com a criança, o Gerry estava a conversar nas imediações e era impossível que não tivesse visto também...
Gerry - Eu não a vi foi porque estava de costas para o local por onde ela passou. Estava a falar com um amigo. E há também o casal com as crianças que viu um homem a levar uma criança com um pijama semelhante ao de Madeleine, cabelo louro, da mesma idade.
E a Jane Tanner não grita, e o pai não se vira?
E se estava de costas a falar com um amigo, para onde estava o amigo virado?
Quando falamos com alguém, normalmente não estamos de lado um para o outro a olhar em frente.Foram investigados 40 apartamentos e os cães só sinalizaram o vosso. Dez carros e só reagiram ao vosso.
Gerry - A fragilidade destes cães foi provada num estudo realizado nos EUA, a propósito de um homem acusado de homicídio. Tinham dez quartos, e em cada um colocaram quatro caixas com vegetais, ossos, lixo. Algumas tinham restos humanos. Ficaram lá dez horas. Oito horas depois de terem tirado as caixas vieram os cães. E os cães erraram em dois terços das tentativas. Imaginem a fiabilidade quando estes cães testam um apartamento três meses depois do desaparecimento de uma criança.
Talvez a fragilidade do caso tenha sido mesmo essa. Demorar demasiado tempo para seguir uma outra linha de investigação, que incluía a morte da criança no dia do seu desaparecimento. De resto, essa culpa foi já assumida pelo Dr. Gonçalo Amaral, que confessou que o casal McCann foi levado em "paninhos" durante toda a investigação.
De qualquer modo, não consta que o carro dos McCann, nem a casa, tivessem caixas com vegetais, ossos e lixo. Por isso, o trabalho dos cães deve ter sido muito mais fácil.
A menos que a criança apareça viva num canto do mundo, ou os seus restos mortais sejam descobertos algures, nunca se vai saber o que aconteceu, nem quem foram os culpados.
Na minha opinião, se foi rapto, a criança está tão longe e tão diferente do que era, que só daqui a uns anos ligará a sua pessoa aos acontecimentos ocorridos na Praia da Luz. Se foi homicídio, acidental ou não, e cometido seja por quem for, o cadáver há-de ter sido tão bem escondido, que a esta hora é pouco provável que venha a ser encontrado.
Mas, pergunto eu: se o casal McCann fosse português, de poucas posses, vivesse nos quintos dos infernos, e não tivesse um assessor de imprensa como o que tem, será que a esta hora não estaria indiciado de crime de abandono por negligência?
"será que a esta hora não estaria indiciado de crime de abandono por negligência?"
Absolutamente
Nos Estados Unidos, o casal McCann ia dentro logo no dia do abandono das crianças. Ponto Final.
Kllüx- Pontos : 11230
Re: Gonçalo Amaral é uma vergonha" no Expresso
A JUSTICA em PORTUGAL e PATETICA!!!!!!!!!!!!!
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
Re: Gonçalo Amaral é uma vergonha" no Expresso
"será que a esta hora não estaria indiciado de crime de abandono por negligência?"
Absolutamente
Nos Estados Unidos, o casal McCann ia dentro logo no dia do abandono das crianças. Ponto Final.
Se ha coisas que a america tem boas é a sua capacidade de justiça
para mim o que mais me impressiona nos advogados de defesa americanos é que eles se fizerem uma defesa ffrouxa dos seus clientes podem ficar sem a carta autorizava de advogados
Aqui em Portugal só o marinho defende que os pés descalços terao que ter um advogado a serio e nunca um puto saido da universidade
Admin- Admin
- Pontos : 5709
Re: Gonçalo Amaral é uma vergonha" no Expresso
RONALDO ALMEIDA escreveu:A JUSTICA em PORTUGAL e PATETICA!!!!!!!!!!!!!
São os teus amigos que a fazem (a Justiça). As grandes famílias n precisam mais do que esta...
E depois o resto explica-se por "habituem-se"
Socialista Trotskista- Pontos : 41
Re: Gonçalo Amaral é uma vergonha" no Expresso
MEUS AMIGOS? QUEM? Quem fez a CONSTITUICAO DE MENTIRINHA? O P.S. QUE ESTA NO poder 2/3 DO TEMPO desde o 25 de ABRIL? O PSD? A quem nunca pertenci? POR FAVOR..............
RONALDO ALMEIDA- Pontos : 10367
Tópicos semelhantes
» Gonçalo Amaral admite que investigadores protegeram os McCann
» O livro do Inspector Gonçalo Amaral
» Gonçalo Amaral faz denúncia ao DIAP
» Sampaio critica livro de Gonçalo Amaral
» Gonçalo Amaral condenado por prestar falso depoimento
» O livro do Inspector Gonçalo Amaral
» Gonçalo Amaral faz denúncia ao DIAP
» Sampaio critica livro de Gonçalo Amaral
» Gonçalo Amaral condenado por prestar falso depoimento
Vagueando na Notícia :: Salas das mesas de grandes debates de noticias :: Noticias observadas DAS GALAXIAS SOBRE O PLANETA TERRA
Página 1 de 1
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos