in Jornal de Angola.... As ambiguidades da política nuclear norte-americana
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in Jornal de Angola.... As ambiguidades da política nuclear norte-americana
Faustino Henrique|
As ambiguidades da política nuclear norte-americana
10 de Julho, 2010
As revelações recentes sobre uma parceria nuclear secreta envolvendo os Estados Unidos e Israel, através da qual o primeiro passará a adoptar uma política de ambiguidade relativamente ao arsenal nuclear israelita, entre outras coisas, minam consideravelmente os esforços da administração Obama a favor da não proliferação. Se por um lado, procuram contribuir para que os programas nucleares para fins civis de determinados países como o Irão, sob a sombrinha da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), sejam os mais transparentes possíveis, por outro, dificilmente os Estados Unidos poderão continuar a pressionar países que se suspeita possuírem programas com fins militares enquanto se deixam outros a prosseguir livremente na senda do nuclear.
Mas este procedimento não tem nada de novo, na medida em que a administração de George W. Bush tinha embarcado numa cooperação assente na transferência de tecnologias e no abastecimento de material nuclear com a Índia, contrariando disposições constantes do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), numa altura em que igualmente exercia pressões para que a Coreia do Norte e o Irão desistissem dos seus programas nucleares. Estes dois países receberam, claramente, uma mensagem errada com a assinatura do referido acordo entre a Índia e os Estados Unidos, já sancionado pelas duas câmaras do Congresso e que deverá perdurar ao longo dos próximos 40 anos. Esperava-se, e ainda se espera, que as potências nucleares convençam todos aqueles países que possuem reconhecidamente programas nucleares, sobretudo os que não sejam signatárias do TNP, nomeadamente Índia, Israel e Paquistão, que adiram à assinatura daquele importante instrumento jurídico internacional.
Pode-se considerar como contraproducente a existência do mencionado documento secreto, enviado pelos Estados Unidos ao Governo israelita, que faz alegadamente referências à cooperação nuclear entre os dois países, apesar de Israel não ser signatário do TNP, numa altura em que os países da região procuram promover uma conferência em 2012 que sirva de antecâmara para fazer do Médio Oriente uma região livre de armas nucleares.
Em Maio passado, a conferência sobre o Tratado de Não-Proliferação Nuclear tinha chegado a conclusões relevantes, nomeadamente desarmamento, o controlo dos programas nucleares nacionais para garantir que são pacíficos e utilização pacífica da energia atómica, além de um Médio Oriente sem armas atómicas.
O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, tinha declarado, na altura, que as Nações Unidas “aprovam particularmente o acordo sobre um processo que leve à implementação completa da resolução de 1995, que estabelece uma zona livre de armas de destruição em massa no Oriente Médio”.
A administração Obama, ao deixar claro que os Estados Unidos vão vender a Israel materiais usados para produzir electricidade, tecnologia nuclear e outros suprimentos necessários, pode servir de precedente para que se amontoem as pressões no sentido de Israel aderir ao TNP e para que outros países como a Jordânia, Egipto, Síria e Líbano enveredem pelo nuclear.
Claro está que os países árabes, a Turquia e o Irão (que já tem denunciado amplamente este controverso papel dos Estados Unidos) vão explorar até a exaustão o assunto da adesão de Israel ao TNP, porquanto alegam que a paz no Médio Oriente depende deste passo por parte do Governo israelita.
Se por um lado, o Presidente norte-americano deu garantias de que os EUA estão comprometidos com Israel, para garantir que tratados e políticas internacionais sobre a não proliferação nuclear não coloquem a segurança de Israel em risco, parece mais do que óbvio que a segurança de Israel poderá fortalecer-se quanto mais este país comprometer-se ao lado dos seus vizinhos nos esforços de pacificação de toda a região em que se insere, por outro.
A ausência de uma delegação de Israel, excluindo-se unilateralmente, na Conferência de Revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear, na sede das Nações Unidas, prejudicou mais o Estado judaico na medida em que serviu para que o seu ambíguo programa nuclear fosse singularizado. A administração Obama, que curiosamente apoiou as resoluções da conferência de Maio e apoia as iniciativas de desnuclearização do Médio Oriente, parece pretender paradoxalmente embarcar na perigosa política israelita de não confirmar, nem rejeitar a posse de armas nucleares.
Como será possível tornar bem sucedida a vindoura conferência de não proliferação nuclear de 2012, com o expresso fim de transformar o Médio Oriente numa zona livre de armas nucleares, se determinados Estados que se presume serem detentores de armas nucleares não aderirem.
As ambiguidades da política nuclear norte-americana
10 de Julho, 2010
As revelações recentes sobre uma parceria nuclear secreta envolvendo os Estados Unidos e Israel, através da qual o primeiro passará a adoptar uma política de ambiguidade relativamente ao arsenal nuclear israelita, entre outras coisas, minam consideravelmente os esforços da administração Obama a favor da não proliferação. Se por um lado, procuram contribuir para que os programas nucleares para fins civis de determinados países como o Irão, sob a sombrinha da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), sejam os mais transparentes possíveis, por outro, dificilmente os Estados Unidos poderão continuar a pressionar países que se suspeita possuírem programas com fins militares enquanto se deixam outros a prosseguir livremente na senda do nuclear.
Mas este procedimento não tem nada de novo, na medida em que a administração de George W. Bush tinha embarcado numa cooperação assente na transferência de tecnologias e no abastecimento de material nuclear com a Índia, contrariando disposições constantes do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), numa altura em que igualmente exercia pressões para que a Coreia do Norte e o Irão desistissem dos seus programas nucleares. Estes dois países receberam, claramente, uma mensagem errada com a assinatura do referido acordo entre a Índia e os Estados Unidos, já sancionado pelas duas câmaras do Congresso e que deverá perdurar ao longo dos próximos 40 anos. Esperava-se, e ainda se espera, que as potências nucleares convençam todos aqueles países que possuem reconhecidamente programas nucleares, sobretudo os que não sejam signatárias do TNP, nomeadamente Índia, Israel e Paquistão, que adiram à assinatura daquele importante instrumento jurídico internacional.
Pode-se considerar como contraproducente a existência do mencionado documento secreto, enviado pelos Estados Unidos ao Governo israelita, que faz alegadamente referências à cooperação nuclear entre os dois países, apesar de Israel não ser signatário do TNP, numa altura em que os países da região procuram promover uma conferência em 2012 que sirva de antecâmara para fazer do Médio Oriente uma região livre de armas nucleares.
Em Maio passado, a conferência sobre o Tratado de Não-Proliferação Nuclear tinha chegado a conclusões relevantes, nomeadamente desarmamento, o controlo dos programas nucleares nacionais para garantir que são pacíficos e utilização pacífica da energia atómica, além de um Médio Oriente sem armas atómicas.
O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, tinha declarado, na altura, que as Nações Unidas “aprovam particularmente o acordo sobre um processo que leve à implementação completa da resolução de 1995, que estabelece uma zona livre de armas de destruição em massa no Oriente Médio”.
A administração Obama, ao deixar claro que os Estados Unidos vão vender a Israel materiais usados para produzir electricidade, tecnologia nuclear e outros suprimentos necessários, pode servir de precedente para que se amontoem as pressões no sentido de Israel aderir ao TNP e para que outros países como a Jordânia, Egipto, Síria e Líbano enveredem pelo nuclear.
Claro está que os países árabes, a Turquia e o Irão (que já tem denunciado amplamente este controverso papel dos Estados Unidos) vão explorar até a exaustão o assunto da adesão de Israel ao TNP, porquanto alegam que a paz no Médio Oriente depende deste passo por parte do Governo israelita.
Se por um lado, o Presidente norte-americano deu garantias de que os EUA estão comprometidos com Israel, para garantir que tratados e políticas internacionais sobre a não proliferação nuclear não coloquem a segurança de Israel em risco, parece mais do que óbvio que a segurança de Israel poderá fortalecer-se quanto mais este país comprometer-se ao lado dos seus vizinhos nos esforços de pacificação de toda a região em que se insere, por outro.
A ausência de uma delegação de Israel, excluindo-se unilateralmente, na Conferência de Revisão do Tratado de Não Proliferação Nuclear, na sede das Nações Unidas, prejudicou mais o Estado judaico na medida em que serviu para que o seu ambíguo programa nuclear fosse singularizado. A administração Obama, que curiosamente apoiou as resoluções da conferência de Maio e apoia as iniciativas de desnuclearização do Médio Oriente, parece pretender paradoxalmente embarcar na perigosa política israelita de não confirmar, nem rejeitar a posse de armas nucleares.
Como será possível tornar bem sucedida a vindoura conferência de não proliferação nuclear de 2012, com o expresso fim de transformar o Médio Oriente numa zona livre de armas nucleares, se determinados Estados que se presume serem detentores de armas nucleares não aderirem.
Vitor mango- Pontos : 117576
Re: in Jornal de Angola.... As ambiguidades da política nuclear norte-americana
Claro está que os países árabes, a Turquia e o Irão (que já tem denunciado amplamente este controverso papel dos Estados Unidos) vão explorar até a exaustão o assunto da adesão de Israel ao TNP, porquanto alegam que a paz no Médio Oriente depende deste passo por parte do Governo israelita.
Vitor mango- Pontos : 117576
Re: in Jornal de Angola.... As ambiguidades da política nuclear norte-americana
Vitor mango escreveu:Claro está que os países árabes, a Turquia e o Irão (que já tem denunciado amplamente este controverso papel dos Estados Unidos) vão explorar até a exaustão o assunto da adesão de Israel ao TNP, porquanto alegam que a paz no Médio Oriente depende deste passo por parte do Governo israelita.
É mais uma tentativa de levarem a água ao seu moinho, pois sabem muito bem, que nem querem paz, nem enganam ninguém com tal argumento.
Os Estados Unidos, cientes disso, vão prosseguindo no seu papel de cose aqui, remenda ali, sem compromissos de maior, porque não é fácil lidar de igual para igual com aquelas mentalidades.
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Joao Ruiz- Pontos : 32035
Re: in Jornal de Angola.... As ambiguidades da política nuclear norte-americana
amen
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Só discuto o que nao sei ...O ke sei ensino ...POIZ
Vitor mango- Pontos : 117576
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