Jardim volta à carga contra Lisboa

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Jardim volta à carga contra Lisboa
Por Graça Rosendo e Helena Pereira
Clima de paz com Sócrates ameaçado devido aos atrasos nos apoios prometidos

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Jardim volta à carga contra Lisboa

A paz entre Alberto João Jardim e José Sócrates parece ter chegado ao fim. O presidente do Governo Regional da Madeira voltou esta semana à carga com críticas ao Governo da República por causa de atrasos nos apoios prometidos à reconstrução da Madeira, na sequência do forte temporal que assolou a ilha em Fevereiro.

«Se é impossível entendermo-nos sob a mesma bandeira, então deixem cada um seguir o seu caminho e já ninguém se chateia com ninguém, é uma solução tão fácil e democrática de se encontrar», atirou esta semana, no Porto Santo, voltando à carga com a bandeira independentista. Mas acrescentou: «Vejo as entidades políticas de Lisboa, as entidades financeiras e outras instituições, tudo a apertar. E vejo aqui uma má vontade».

Na sequência do temporal na Madeira, Sócrates acordou com Jardim a aprovação de uma Lei de Meios, que previa a atribuição de verbas destinadas a ajudar a reconstrução das zonas afectadas.

Na altura, os dois governantes protagonizaram momentos inéditos, ao fazerem as pazes. Sócrates foi à Madeira reunir com o presidente do Governo Regional em clima de grande concórdia e elogios mútuos. O primeiro-ministro até passou por cima do seu ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, nessa determinação de ajudar a ilha.

Contudo, quatro meses depois, o dinheiro que ficou previsto entregar à região, através dessa Lei de Meios, continua sem chegar à Madeira. O fundo de solidariedade proveniente da União Europeia ainda não foi transferido, as verbas do Orçamento de Estado estão atrasadas e as do fundo de coesão só serão canalizadas a partir de Setembro. O único dinheiro disponível, e que está a ser aplicado nas obras de recuperação já em curso, é o dos donativos recolhidos em todo o país na altura da catástrofe para ajudar a Madeira.

Jardim não ataca directamente Sócrates. O alvo seu tem sido, sobretudo, Teixeira dos Santos. É que há outro problema que está a preocupar a Madeira e que diz respeito à Zona Franca da Madeira.

Esta semana, o secretário regional do Plano e Finanças acusou o ministro das Finanças de exercer um «veto de gaveta» à Zona Franca da Madeira. Tudo porque Teixeira dos Santos não enviou para Bruxelas o pedido de aumento de benefícios para as empresas inscritas neste Centro Internacional de Negócios.
«Por muita decadência que nós tenhamos na vida pública portuguesa, não acredito que vá ao ponto de ser o ministro das Finanças que impõe políticas ao primeiro-ministro», criticou também Jardim.



graca.rosendo@sol.pt

helena.pereira@sol.pt

bem o gajo ja começou a enloucar